Tuesday, June 28, 2016

UM LONGO VERÃO BABADO FORTÍSSIMO - PARTE 5 (por Jurema Cartwright)



Depois de uma semana ao lado das implacáveis gêmeas loiras lambisgóias Mariluce e Marilice comendo tudo o que se movia e que passava por nós no convés e nos corredores do Splendour Of The Ass, voltamos para a Baixada Santista.

Eu imaginei -- em vão --que iria conseguir descansar uns dias de tamanha libertinagem, até porque minha buceta estava tão calejada que -- juro! -- vez ou outra eu até sentia cãinbras no meio das pernas, a ponto delas bambearem.

Nunca havia sentido algo assim antes, apesar de ter participado de muitas outras fodelanças como essa ao longo da minha vida.

Acho que é a idade chegando.

Convenhamos: ninguém completa 69 anos de idade impunemente.


Logo após desembarcar e pegar um taxi até meu aparelho no topo da Ilha Porchat, pensei comigo mesma: preciso dormir uns dois dias seguidos, estou exausta.

Mas não: dormi, se muito, quatro horas.

Fui acorada pela tagarelice de Vesúvia e Luzinete, que chegaram da rua e fizeram um carnaval dos diabos quando me viram estirada nua sobre a cama.

As duas já foram tirando as roupas e se aconchegando ao meu lado quando pedi que dessem um tempo e me deixassem dormir mais um pouco, pois eu não estava me sentindo bem.

Luzinete ofereceu então uma massagem assim que eu acordasse, e eu sorri, agradecendo.

Aleguei ter enjoado muito nos últimos dias -- tudo mentira, claro! -- e expliquei às duas, meio adormecida, como as correntes marítimas do Atlântico Sul ficam agitadas da metade do Verão em diante -- isso é verdade, mas no caso do Splendour a viagem foi bem tranquila, sem solavancos.

Como não queria fazer comentários com as duas sobre a putaria espetacular que rolou na semana anterior, a desculpa foi bem oportuna.

E eu dormi profundamente, até o dia seguinte.


Quando acordei, não tinha ninguém em casa.

As duas tinham saído -- provavelmente ido à praia, pois estava um dia lindo e um calor de rachar.

Tomei café, comecei a ler o jornal no meu laptop quando tocou o interfone e o zelador disse:

"Suas Massagistas estão aqui, posso mandar subir?"

Disse que sim.


Dois minutos mais tarde, surgem na porta de serviço Luzinete e Vesúvia, ambas usando perucas loiras e maiôs vermelhos bem cavados, do tipo que Pamela Anderson usava nos tempos do Baywatch.

Me mandaram deitar de costas -- nua, eu já estava --, daí me besuntaram com óleo Johnsons e começaram a me massagear pra valer.

Luzinete é craque nisso, o que eu já sabia, mas, para minha surpresa, Vesúvia era melhor ainda, pegava mais forte, mais ou menos como os massagistas de antigamente.

Perguntei a Vesúvia onde ela aprendeu a fazer massagem daquele jeito, e ela responder:

"Com seu irmão".
Não perguntei mais nada depois disso, e deixei que elas fizessem de mim o que quisessem.

E elas fizeram.

Pelo visto, naquela semana que estive fora eu deixei saudades.


Depois de tomarmos banho juntas, Vesúvia e Luzineta vieram com a grande surpresa: compraram três passagens para o Cruzeiro Emoções, com show de Roberto Carlos.

Eu tremi na base, mas fiz de tudo para não mostrar meu incômodo, pois estava evidente que elas achavam que eu iria vibrar quando soubesse da grande novidade. 

Até então estava com um pouco de pena das duas, tão generosas comigo, por ter mentido deslavadamente sobre toda a putaria da semana que passou e sobre os enjôos.

Mas ter que aturar Roberto Carlos num navio entupido de gente, com toda aquela cafonice triunfante em volta, não iria ser nada fácil.

Mas tudo bem, Vesúvia e Luzinete são fãs e -- pior -- nunca o viram ao vivo, daí decidiram vê-lo pela primeira vez em grande estilo.

Da minha parte, eu não só sobrevivi, como ainda fizemos muita putaria juntas e nos divertimos um bocado.


Quando a Roberto Carlos, francamente, acho um horror.

Como cantor ele é totalmente desprovido de senso do ridículo e de relevância artística há uns 40 anos.

Já como pessoa, ele é pior ainda, absolutamente intragável.

Seria apenas mais um maluco manso como tantos outros se não fosse tão rico, tão influente e tão poderoso.

Semana que vem, comento o último verão com um relato mais detalhado do show do Roberto, além da farra deliciosa que fizemos com Maria Alcina, Eliana Pittman e Terezinha Sodré nas dependências do Cruzeiro Emoções.


(continua na próxima terça...)

Jurema Cartwright é mineira de Muzambinho.
Tem 69 anos de idade, mas não aparenta.
Fã confessa de Oriana Fallaci,
circulou pelo mundo em busca de reportagens bombásticas
e chegou a ter alguma projeção nos anos 70 e 80.
Mas dos Anos 90 para cá
deixou o jornalismo investigativo de lado,
virou executiva de imprensa na Área Portuária
e passou a escrever exclusivamente sobre lesbianismo
e a fotografar profissionalmente.
Vive em São Vicente, SP.




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