por Chico Marques
Quando
vi Jennifer Connelly pela primeira vez, num daqueles filmes juvenis que ela
rodou no final dos Anos, lembro de ter ficado impressionadíssimo com sua beleza
e, principalmente, com sua semelhança com Liz Taylor jovem.
Imaginei
na ocasião que ela viesse a ter uma carreira brilhante no cinema, mas confesso
que me surpreendi com a maneira notável com que ela desenvolveu seu talento como
atriz ao longo desses 30 anos.
Jennifer
Connelly passou boa parte de sua infância em Brooklyn Heights, próximo à famosa
ponte do Brooklyn. Durante quatro anos, ainda criança, morou em Woodstock (NY),
com seus pais. De volta ao Brooklyn, estudou na Saint Ann School.
Seu
pai tinha um amigo que trabalhava com publicidade, e então, aos dez anos de
Connelly, esse amigo sugeriu que a levassem para fazer um teste para ser
modelo. Não muito tempo depois, Jennifer começou a aparecer em jornais e
revistas, e em seguida em comerciais para a televisão.
Um
diretor de elenco a viu, e a apresentou para Sergio Leone, que estava
procurando uma garota dançarina para o filme “Era Uma Vez na América” (1984),
sua estreia no cinema.
Naquele
mesmo ano, ela estreou também numa série da TV inglesa: "Tales of the
Unexpected".
Em
seus primeiros anos como atriz, Jennifer Connelly alternou sua carreira
emergente como atriz com muitos trabalhos como modelo – até porque seus cachês
como atriz ganhava muito inferiores aos que recebia como modelo.
Claro
que assim que começou a ser levada a sério como atriz, e passaram a chamá-la
com frequência para fazer filmes, ela não hesitou em dar um chega pra lá em sua
carreira de modelo.
Para ela foi um alívio, pois sempre achou muito
estranho ser modelo. Era muito tímida e não se sentia à vontade posando para
fotos. Curiosamente, atuar em filmes ela tirava de letra. Sua timidez jamais se
manifestou no set de filmagem.
Jennifer
Connelly estudou Artes Dramáticas em Yale e em Stanford.
Colecionou
sucessos em seus primeiros dez anos de carreira: “Labirinto”, “Some Girls”, “Hot
Spot”, “Rocketeer”, “Construindo uma Carreira”, “O Preço da Paixão”, “Círculo
de Paixões”, “Cidade das Sombras”...
Em
2000, já balzaquiana, abraçou o cinema independente em “Réquiem Para Um Sonho” de
Darren Aronofsky, reinventando sua carreira de forma espetacular.
No
ano seguinte, depois de ganhar prestígio no Sundance Festival, ela foi chamada
por Ron Howard para contracenar com Russell Crowe em “A Beautiful Mind”, que
lhe rendeu um Golden Globe, um Bafta e um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.
Desde
então, vem pautando sua carreira pelo bom senso, alternando filmes
independentes com filmes mainstream, e evitando ao máximo trabalhar no mesmo
set de filmagem com o marido -- o ator inglês Paul Bettany.
Jennifer
Connelly completou 47 anos no última dia 12 de Dezembro, e LEVA UM CASAQUINHO estava em recessso e não comemorou a data conforme ela merecia.
Mas como o mês ainda não virou, ainda dá tempo.
Daí, escolhemos 7 filmes menos vistos de sua longa carreira e recomendamos aqui para os leitores de LEVA UM CASAQUINHO.
Em comum entre eles, o fato de estarem todos disponíveis para locação nas estantes da
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(Nabuco de Araújo, 60 - Boqueirão - Santos SP - telefone: 3235-8135)
Vamos a eles:
ESSAS
GAROTAS
(Some
Girls, 1988, 94 minutos, dir: Michael Hoffman)
No
Natal, Michael (Patrick Dempsey), um universitário, viaja para Quebec, no
Canadá, para visitar Gabriella (Jennifer Connelly), sua namorada, que
carinhosamente chama de Gabby. Ao chegar, ela lhe conta que não está mais
apaixonada por ele. Paralelamente a família dela tem um comportamento estranho. Seu pai, Igor (André Gregory) é um escritor
que passa grande parte do tempo vagando nu pela casa. Sua mãe (Florinda Bolkan,
faz contraponto a ele com uma atitude estranhamente austera. E sua avó (Lila
Kedrova) sofre de Alzheimer e confunde Michael com seu falecido marido. Em meio
a tudo isso, Gabby volta a se interessar por Michael. Mas suas duas irmãs (Ashley Greenfield e Sheila Kelly) também de
cidem seduzí-lo. Um conto de Natal libidinoso e absolutamente original de
Michael Hoffman, com produção executiva de Robert Redford, que leu o roteiro,
adorou e tratou de viabilizá-lo.
UM
LOCAL MUITO QUENTE
(Hot
Spot, 1990, 129 min, dir: Dennis Hopper)
Quando
o andarilho Harry Madox (Don Johnson) chega a uma pequena cidade no Texas, ele
consegue um emprego de vendedor de automóveis com o negociante George Harshaw
(Charles Martin Smith) e se aloja em um quarto de hotel. Durante um incêndio na
cidade, Harry observa que o banco local fica vazio e aberto sem qualquer
segurança, e logo planeja roubar o banco provocando um incêndio em seu quarto
para distrair os empregados. Quando Harry conhece a fogosa mulher de George,
Dolly Harshaw (Virginia Madsen), os dois começam um tórrido romance, e quando
ele é preso como suspeioto pelo roubo do banco ela fornece o álibi necessário
para soltá-lo e o chantageia para permanecer a seu lado. Mas Harry se apaixona
pela jovem, adorável e misteriosa Gloria Harper (Jennifer Connelly), que
trabalha na contabilidade da agência de automóveis. Daí pra frente, só vendo o
filme mesmo, chega de spoilers. “Hot Spot” é uma pequena obra-prima de Dennis
Hopper que infelizmente poucos conhecem. E que merece um lugar ao sol entre os
grandes “film noirs” da história do cinema.
RÉQUIEM
PARA UM SONHO
(Requiem
For A Dream, 2000, 102 min, dir: Darren Aronofsky)
O
ponto de partida é um romance de Hubert Selby Jr., o mesmo de "Noites
Violentas no Brooklyn". Dois pólos da vida -- juventude e velhice --,
afastados emocional e afetivamente, reencontram-se tragicamente sob o signo
(destrutivo) das drogas. Um pós-adolescente (Jared Leto) mergulha nas
"delícias" da cocaína e da heroína e embarca na manjada trajetória do
vício. Do outro lado, sua mãe (Ellen Burstyn) afunda-se no "pesadelo"
das anfetaminas quando resolve fazer de tudo para emagrecer. A premissa é boa:
o sonho americano é transformado em pesadelo sob o impacto de drogas, tanto
ilícitas quanto lícitas, com imagens sobrecarregadas agindo como uma tradução
visual das alterações de consciência pelas quais os personagens passam. Em
contraponto a tudo isso, não há da parte dos atores nenhum tipo de overacting.
Aronofsky brilhante. Como sempre.
POLLOCK
(2000,
122 min, dir: Ed Harris)
Cinebiografia
de Jackson Pollock (1912-1956) -um dos maiores artistas plásticos
norte-americanos do século 20-, o filme mostra a trajetória da fama à
decadência do pintor (interpretado por Ed Harris) ao longo da vida, partindo de
sua revelação para o mundo das artes como principal expoente do expressionismo
abstrato até sua morte prematura e trágica em um acidente de carro. Da
descoberta da técnica que o consagraria --a "action painting", que
trazia a seus quadros furiosos borrões e pingos de tinta-- ao jugo imposto por
sua mulher, a também artista plástica Lee Krasner (Jennifer Connelly), e sua
mecenas, Peggy Guggenheim (Marcia Gay Harden), o filme expõe a realidade não
menos torturada que seus quadros transmitiam. É um retrato comovente do
primeiro pintor norte-americano a se tornar uma celebridade das artes plásticas
e que foi consumido por esse universo.
CASA
DE AREIA E NÉVOA
(House
Of Sand And Fog, 2003, 126 min, dir: Vadim Perelman)
Duas pessoas travam uma disputa até
às últimas conseqüências. De um lado está Kathy (Jennifer Connelly), jovem que
sofre profunda depressão após ter sido abandonada pelo marido. Por um erro do
governo, ela é expulsa da casa em que morava. Inconformada, contrata um
advogado para recuperar o que ela acredita ser o último símbolo de sua
sanidade. Do outro lado está Massoud Amir Behrani (Ben Kingsley), imigrante
iraniano que comprou a casa de Kathy em leilão, o que para ele é a oportunidade
de dar conforto à mulher e ao filho e de recuperar o padrão de vida que tinham
no Irã. Um filme contundente, com grandes interpretações de todos os
envolvidos.
PECADOS
ÍNTIMOS
(Little
Children, 2006, 126 min, dir: Todd Field)
Sarah
Pierce (Kate Winslet) é casada com Richard e vive em uma cidade suburbana dos
Estados Unidos. Ela leva regularmente sua filha Lucy a um pequeno parque perto
de sua casa. Lá Sarah observa e conversa com outras mulheres, que também levam
seus filhos para brincar e praticamente dedicam suas vidas a eles. Até que um
dia surge Brad Adamson (Patrick Wilson) e seu filho Aaron. Brad já esteve no
parque anteriormente e foi apelidado pelas mulheres de "rei do baile de
formatura", mas Sarah nunca o tinha visto. Elas jamais tiveram coragem de
falar com ele e nem mesmo sabem seu nome, mas sonham todos os dias com sua
aparição. Brad empurra Aaron no balanço, sem dar atenção às mulheres, até que
Lucy pede à mãe que também a empurre. Sarah passa a brincar com a filha e
começa a conversar com Brad. É o início de uma amizade entre eles, que envolve
um homem frustrado por estar desempregado e uma mulher infeliz com seu
casamento e sua própria vida. Logo esta amizade torna-se um caso
extra-conjugal, pois Brad também é casado, com Kathy (Jennifer Connelly). O
diretor norte-americano Todd Field foi produtor e atuou em “Eyes Wide Shut”,
último filme de Stanley Kubrick. Em Pecados íntimos, além de dirigir, ele
adaptou o roteiro em parceria com Tom Perrotta, autor do romance que originou o
filme.
TRAÍDOS
PELO DESTINO
(Reservation
Road, 2007, 102 min, dir: Terry George)
Ethan (Joaquin Phoenix) e Grace
Learner (Jennifer Connelly) estão voltando para casa com seus filhos, Josh
(Sean Curley) e Emma (Elle Fanning). Antes de entrar no carro Josh pegou alguns
vaga-lumes e os prendeu em um pote. Já durante a viagem de retorno ele pergunta
à mãe se pode ficar com eles, com ela respondendo que seria melhor soltá-los
pois caso contrário morreriam. A família faz uma parada durante a viagem, onde
Josh aproveita para saltar do carro para soltar os vaga-lumes. Simultaneamente
Dwight Arno (Mark Ruffalo), um advogado divorciado, está voltando para casa com
seu filho, Lucas (Eddie Alderson), após assistirem ao vivo uma partida do Red
Sox. Dwight perde a direção do carro por um instante e atropela Josh, sem parar
para socorrê-lo. Ethan vê o carro e seu condutor em um relance, mas corre para
socorrer o filho. O garoto morre, o que faz com que Ethan desenvolva uma
obsessão em encontrar e punir o culpado. Como a polícia não consegue
encontrá-lo Ethan decide procurar uma empresa de advogados, sendo encaminhado
para ser auxiliado por Dwight. Filmaço.
PASTORAL
AMERICANA
(American
Pastoral, 2016, 108 min, dir: Ewan McGregor)
Seymour Levov (McGregor), o Sueco,
é um jovem que tinha tudo para ter uma vida perfeita. Estudante popular,
esportista talentoso, foi para a guerra e voltou como herói, casou-se com uma
jovem incrivelmente bela, Dawn (Jennifer Connelly), deu continuidade aos
negócios do pai administrando uma fábrica de luvas, teve uma filha graciosa,
Merry (Dakota Fanning), que poderia ser uma jovem bela e promissora, mas desde
muito cedo começa a apresentar um comportamento no mínimo duvidoso. Da gagueira
à rebeldia com a condição social da família, chegando ao engajamento com grupos
revolucionários violentos, a filha torna-se a grande cruz do casal. O fio
condutor de "Pastoral Americana" é a timeline da vida de Merry, mas
sempre sob a ótica de Seymour. Trata-se da jornada de um pai e, mais à
retaguarda, de uma mãe, lidando com as consequências de todos os atos da filha.
Bela adaptação de um grande romance de Philip Roth.
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