Monday, May 30, 2016

POEMINHA DE SEGUNDA - ESCRITO A SANGUE (por Ademir Assunção)



ESCRITO A SANGUE

ruas escuras
atravessado
eu atravesso
reviro o avesso
nele me meço
olho de lince
encaro a face da fera
espelhos se estilhaçam
rasgam minha cara
cai a neblina
do vazio frio na barriga
pago o preço
erva bola cogumelo
volto ao começo
escapo com vida
desconverso
verso escrito a sangue
desapareço
quanto mais
menos
me pareço
eco de bicho homem
ego sem endereço



Ademir Assunção nasceu em Araraquara SP
em 02 de junho de 1961.
Formado em Jornalismo
pela Universidade Estadual de Londrina,
trabalhou como repórter cultural
nos jornais Folha de Londrina,
O Estado de São Paulo e Jornal da Tarde.

Publicou os livros LSD Nô (poesia, 1994),
A Máquina Peluda (prosa, 1997),
Cinemitologias (prosa poética, 1998)
e Zona Branca (poesia, 2001).
Ademir ganhou o Prêmio Jabuti
em 2013 na categoria Poesia
pelo livro A Voz do Ventríloquo.



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