Sunday, June 19, 2016

POEMINHA DE SEGUNDA: UMA PEDRA É UMA PEDRA (de Ferreira Gullar)


UMA PEDRA É UMA PEDRA


uma pedra
(diz
o filósofo, existe
em si,
não para si
como nós)
uma pedra
é uma pedra
matéria densa
sem qualquer luz
não pensa
ela é somente sua
materialidade
de cousa:
não ousa
enquanto o homem é uma
aflição
que repousa
num corpo
que ele
de certo modo
nega
pois que esse corpo morre
e se apaga
e assim
o homem tenta
livrar-se do fim
que o atormenta
e se inventa




Ferreira Gullar nasceu em São Luís
em 10 de setembro de 1930.
Muitos o consideram o maior poeta vivo do Brasil.
Participou do movimento da poesia concreta,
escrevendo seus poemas em placas de madeira e gravando-os.
Mas afastou-se da turma dos concretistas
e em 1959 criou, juntamente com Lígia Clark e Hélio Oiticica,
o Neoconcretismo, que valoriza a expressão e a subjetividade
em oposição ao Concretismo Ortodoxo.
Posteriormente, ainda no início dos anos de 1960,
Ferreira Gullar se afastaria deste grupo também,
por concluir que o movimento levaria ao abandono
do vínculo entre a palavra e a poesia,
e passou a produzir uma poesia engajada
e a envolver-se com os Centros Populares de Cultura.
Em 2014, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Em 2002, foi indicado por nove professores
dos Estados Unidos, do Brasil e de Portugal
para o Prêmio Nobel de Literatura.
Em 2007, seu livro de crônicas Resmungos
ganhou o Jabuti na categoria ficção.
Em 2010 foi agraciado com o Prêmio Camões
e contemplado com o título de Doutor Honoris Causa na UFRJ.
Em 2011, ganhou o Jabuti novamente,
agora com o livro de poemas Em Alguma Parte Alguma.
É o crítico de artes plásticas mais respeitado do Brasil.
Sua obra poética está reunida no volume Toda Poesia.


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