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Thursday, April 14, 2016

2 OPINIÕES ENTUSIASMADAS SOBRE A NOVA VERSÃO DA DISNEY FILMS PARA "MOGLI"


DISNEY RETORNA AO CLÁSSICO APOSTANDO NO MARAVILHAMENTO MAS SEM SUAVIZAR DEMAIS OS PERIGOS

por Marcelo Hessel
para OMELETE


Ao mesmo tempo em que Mogli - O Menino Lobo (The Jungle Book, 2016) é um típico filme da Disney com alto índice de fofura, potencializado pela concentrações de filhotes e pequenos animais criados em computação gráfica, a nova adaptação ao cinema do clássico livro de Rudyard Kipling não se furta a lidar com o senso de perigo e o potencial de violência da vida na selva.

Nesse sentido, é um longa que se filia à tradição das melhores animações da chamada era de ouro da Disney, dos anos 1940 a 1950, como Dumbo e Cinderela, que misturavam encantamento com o pavor do isolamento e da perseguição. Dominar seus medos é um mote frequente não só da Disney dessa época mas dos contos de fada e das fábulas em geral, e ao revisitar a história de Mogli, meio século depois da animação de 1967, a última produzida antes da morte de Walt Disney, o diretor Jon Favreau tem o bom senso de preservar esse tema central.

Na trama, o órfão Mogli é criado por lobos em uma selva localizada na região da Índia, depois de ter sido salvo da morte pela pantera Bagheera. Quando o tigre Shere Khan descobre que o humano vive entre os animais, dá um ultimato à alcateia: se os lobos não se livrarem de Mogli - que está fadado a crescer e se tornar um predador como todo humano, defende o vilanesco e rancoroso tigre - Shere Khan promete impor sua vontade pela força.

A atualização fica por conta do lado tecnológico. O único ator de fato no set é o novato Neel Sethi, que vive Mogli; as demais criaturas são feitas em computação gráfica, assim como os cenários, que enchem os olhos em 3D com suas cores vivas. Embora o espectador sempre depare com a estranheza dessa tentativa de naturalizar as criaturas feitas com CGI fotorrealista, os animais surgem bem vivos na tela, em seus movimentos, suas feições e especialmente em suas vozes - distribuídas a um elenco excepcional em inglês, de Bill Murray (o urso Baloo) e Ben Kingsley (Bagheera) a Idris Elba (Shere Khan) e Christopher Walken (Rei Louie).

Não é o visual, porém, que dá estofo a esses personagens, e sim o que eles representam e o que os motiva. Como no livro de Kipling, cheio de contornos morais entre os vários grupos de animais da selva, há uma disputa latente por poder que enriquece esse universo de ficção, e que acrescenta àquela noção de uma violência iminente. Nesse cenário, o frágil Mogli não surge como um macho alpha à la Tarzan, rei dos animais, e sim como um representante do espectador, que se deslumbra como se testemunhasse as coisas da selva pela primeira vez.

É muito simples, então, mas também muito eficiente, a estratégia de Jon Favreau para nos transportar para dentro desse mundo. Neel Sethi tem carisma suficiente para ser esse nosso guia de safari bem humorado, passeando por cenários e números musicais que evocam uma época de narrativas mais descomplicadas, e em cenas de ação que não soam tão gratuitas quanto nos blockbusters mais protocolares. Auxiliado por uma equipe muito competente de finalização - que envolve técnicos em efeitos da Weta, da Digital Domain e da Jim Henson's Creature Shop, entre outras empresas - o diretor estende uma ponte entre a tradição Disney e o futuro dos filmes em computação gráfica que logo de cara já parece bastante sólida.



MOGLI - O MENINO LOBO É EMOCIONANTE PARA TODAS AS IDADES

por Miguel Lourenço
para CINE NEWS 


Há muitas pessoas que só de ouvir falar em filmes da Disney, torce a cara ou já descarta a possibilidade de ver “um filme de criança”. Com todos os efeitos especiais, cenas marcantes e atores cada vez melhor, é até mesmo engraçado descartar uma produção por caracterizá-la como infantil.

Há um certo tempo, os contos, fábulas e desenhos de nossa infância vem sido recriados, regravados e transformados em filmes com cenários e pessoas reais. Está certo que algumas adaptações acabam decepcionando e desejamos que tivessem ficado no passado, mas esse não é o caso do “novo” filme de Mogli – O Menino Lobo. A história já é conhecida por muitos, mas as cenas emocionantes dessa nova produção conseguem nos surpreender.

A trama narra a vida de Mogli (Neel Sethi), um menino criado por uma alcateia no meio da selva e de tudo que a envolve. A criança sente que não é mais bem-vinda na floresta quando o tigre Shere Khan (voz de Idris Elba e Thiago Lacerda, em português) promete caçá-lo até seu último suspiro. Mogli é então, obrigado a abandonar seu lar e para isso conta com a ajuda de seu amigo e mentor, a pantera Bagheera (voz de Ben Kingsley e Dan Stulbach).

Os dois embarcam em uma emocionante jornada pela mata, pondo a prova a coragem e garra do menino. Durante a aventura, Mogli conhece o alegre e divertido urso Baloo (voz de Bill Murray e Marcos Palmeira) e descobre o valor da amizade e superação. Outras criaturas não tão amigáveis cruzam o caminho dos três, como a cobra Kaa (voz de Scarlett Johannsson e Alinne Moraes), e o enorme macaco conhecido como Rei Loiue (voz de Christopher Walken e Thiago Abravanel), que revela ao jovem os poderes da flor vermelha mortal:

Baseado no The Jungle Book (O Livro da Selva ) de Rudyard Kipling, e no clássico da Disney de 1967, a versão atual deMogli – O Menino Lobo consegue trazer a magia de Walt Disney World de volta as telas, e vai fazer as crianças se divertirem com as tradicionais canções e adultos se emocionarem com os grandes momentos. A duração poderia ser maior, tendo cerca de 1 hora e 45 minutos, uma vez que muitas cenas do filme acontecem rápido demais e nos deixam com um gostinho de quero mais (pontos para Disney na jogada de marketing).

Um grande destaque na trama é a bela atuação do novato Neel Sethi, encarando um papel de protagonista, em um filme onde ele é basicamente o único ser humano. A interação de Mogli com os animais é a chave para o sucesso da produção e Sethi demonstra uma atuação digna de gente grande (lembrando que o menino foi escolhido dentre milhares de outros candidatos).

Com direção de Jon Favreau e roteiro de Justin Marks, o filme do menino lobo vai fazer a alegria de todos que o assistirem. Longe de ser uma produção exclusiva para crianças, a trama consegue relembrar uma história há muito adorada por jovens que hoje levam seus filhos ao cinema. Favreau está de parabéns por todo o cenário, efeitos e cenas mágicas que adicionam a história o toque de fantasia, podendo apenas ter deixado o tempo desenrolar mais. Crianças sairão das salas com um sorriso no rosto, enquanto adultos irão se emocionar em diversos momentos. Ainda bem que a sequência já foi confirmada!


MOGLI - O MENINO LOBO
(The Jungle Book, 2016, 106 minutos)

Direção
Jon Favreau

Roteiro
Justin Marks

Música
Dr. John

Elenco






Thursday, January 29, 2015

'INTO THE WOODS", PRODUÇÃO IMPECÁVEL (por Carlos Cirne)



PUBLICADO ORIGINALMENTE NA NEWSLETTER COLUNAS E NOTAS


Antes de qualquer coisa, desculpe se hesito em chamar “Into the Woods” de “Caminhos da Floresta”; ainda preciso me acostumar. Como apreciador da obra de Stephen Sondheim, acho que seus espetáculos têm títulos que falam por si só, aceitando mal as traduções ou versões. De “Company” (1970) a “Sunday in the Park with George” (1994), passando pelo intraduzível “Merrily We Roll Along” (1981), soa melhor em inglês. Neste caso então, pela própria história, caberia melhor um “Era Uma Vez...” que, aliás, é a frase que inicia o filme: “Once Upon a Time...”.

Enfim, “Caminhos da Floresta” é a adaptação para as telas do espetáculo “Into the Woods” (1987), que tem libretto de James Lapine - que assina também o roteiro desta adaptação - com músicas e letras de Stephen Sondheim e que, quando de sua estreia na Broadway recebeu, entre outros, três dos dez Tonys Awards a que concorria (justamente para Libretto, Música/Letras e Atriz, para Joanna Gleason, a Mulher do Padeiro), e cinco de treze Drama Desk Awards (Melhor Musical, Libretto, Letras, Atriz Coadjuvante para Joana Gleason e Ator Coadjuvante, para Robert Westenberg, o Lobo e o Príncipe da Cinderella). Ou seja, estreou em grande estilo, e já teve inúmeras remontagens pelo mundo todo - incluindo o Brasil - e chegando até a ser gravado, podendo ser encontrado em DVD em lojas no exterior.

E mesmo assim, demorou quase 30 anos para chegar às telas de cinema. Mas entende-se. Primeiro, a dificuldade em se adaptar um musical às telas, para atender às plateias do século XXI - até o icônico musical “Annie”, que retrata a Depressão norte-americana da década de 1930 foi atualizado este ano, com resultados (parece) duvidosos -; em segundo lugar, transformar contos de fadas revisitados em matéria atraente ao público mais arisco do cinema, os adolescentes, sem perder de vista o público espontâneo - adultos que conhecem / gostam da obra de Sondheim - não é exatamente a coisa mais fácil de se atingir.

A solução foi trazer o autor do libretto para roteirizar o longa, entregar a direção a um especialista em musicais - Rob Marshall, diretor do último musical a ganhar o Oscar de Melhor Filme, “Chicago”, em 2002, além de mais cinco Oscars e mais sete indicações - e acentuar o que o original tinha de melhor, além da trilha sonora: o humor.




O partido adotado, principalmente para a personagem de Meryl Streep, foi a tolerância zero para a estupidez, o que acaba gerando diálogos antológicos no filme. O roteiro é uma junção de várias estórias dos irmãos Grimm, numa trama original que junta um Padeiro e sua Esposa que não conseguem ter filhos (James Corden e Emily Blunt, com uma voz impressionante), amaldiçoados por uma Bruxa (Meryl Streep), que têm que cumprir uma série de tarefas para que o feitiço se reverta. Ao mesmo tempo, acompanhamos a menina do Chapeuzinho Vermelho (Lilla Crawford, a última “Annie” da Broadway), às voltas com o Lobo (Johnny Depp, fazendo “Johnny Depp” à perfeição), a caminho da casa da avó; João, seus feijões mágicos (Daniel Hittlestone) e sua Avó (Tracey Ullman); Rapunzel (Mackenzie Mauzy) e Cinderella (Anna Kendrick, outra boa surpresa cantando uma partitura tão elaborada) e seus respectivos Príncipes, Billy Magnussen e Chris Pine (que também surpreende no canto), além da Madrasta (Christine Baranski) e suas filhas (Tammy Blanchard e Lucy Punch), todos envolvidos numa história que aproveita o melhor - e o pior - de cada um deles. E que mostra também o outro lado da moeda, ou seja, o que acontece depois do “... E Foram Felizes para Sempre!”.

Mas nada funcionaria se, além do dedicado elenco, a trilha não fosse tão integrada à ação das cenas. Alguns dizem que esta trilha de Sondheim é a que menos tem canções marcantes. Esta não é minha opinião; apenas lembrando, fazem parte deste espetáculo as canções “Giants in the Sky”, “Children Will Listen”, “No One Is Alone” e “Agony”, só para citar algumas. Basta ouvi-las para que passem a fazer parte de sua memória auditiva indelevelmente. “Agony”, por exemplo, é uma das canções de letra mais divertida que conheço, principalmente se comparadas as duas versões que existem no espetáculo (apenas a primeira é mantida no filme). A canção, basicamente, coloca em confronto os dois príncipes da história, num duelo de duas crianças mimadas e voluntariosas, divertidíssimo.

E, se nada mais desse certo, ainda assim teríamos Meryl Streep. Parece “chover no molhado”, mas ela consegue fazer com que nossos olhos não se despreguem da tela enquanto ela está presente na cena. E ela sabe como fazer uma entrada! E, neste filme, também uma saída! (SPOILER) E quando sua transformação finalmente acontece, é para Prada nenhuma botar defeito!

Enfim, não é um filme para todos - os adolescentes podem alegar que “tem gente cantando” demais - mas é, definitivamente, para aqueles que apreciam uma produção impecável (design de produção, de Dennis Gassner; figurinos, de Colleen Atwood; e fotografia, de Dion Beebe, de tirar o fôlego), com música de qualidade e um elenco eficiente e dedicado. (SPOILER) Talvez se o final não fosse tão “disneyficado”, a sensação seria um pouco mais ácida, mas também um pouco mais próxima do espetáculo original. Imperdível para fãs de musicais.

Em tempo: devidamente esnobado pela Academia, o filme está concorrendo apenas aos prêmios de Melhor Atriz Coadjuvante (Meryl Streep em sua 19ª indicação), Figurinos (Colleen Atwood) e Design de Produção (Dennis Gassner).














(foto: Rob Marshall, Meryl Streep, Stephen Sondheim)


"Caminhos da Floresta” (Into the Woods)

Direção: Rob Marshall

Roteiro de: James Lapine

Com: Meryl Streep, Emily Blunt, James Corden, Anna Kendrick, Chris Pine, Tracey Ullman, Christine Baranski e Johnny Depp, Lilla Crawford, Daniel Huttlestone, MacKenzie Mauzy, Billy Magnussen, Tammy Blanchard, Lucy Punch, Frances de la Tour, Simon Russell Beale, Richard Glover, Joanna Riding, Annette Crosbie.

Baseado na peça musical “Into the Woods”, de Stephen Sondheim e James Lapine.

Distribuição: Disney

Em cartaz do Roxy Gonzaga 5 e no Cinemark Chaparral Shopping