O que de mais remoto me lembro:
meus pais tomando o café da manhã
na casa da Rua Zalony. Na ponta dos pés,
tento alcançar alguma coisa na mesa.
Ele levanta, ela o acompanha até a porta.
Enquanto isso, pego a fatia de salame.
Agora, estou seriamente engasgado. Num
lampejo inédito, terrível, tenho consciência
de que estou vivo — e que vou morrer.
De volta à cozinha, minha mãe me pega, tropeça
e cai. O impacto do tombo livra a minha garganta:
— Ah, como é bom respirar.
Márcio Calafiori é jornalista.
Nasceu em 1957 e se formou
pela Facos em 1986.
Exerceu quase todos os cargos
em redações de jornais em Santos,
Santo André, Campinas e São Paulo.
Foi redator, repórter, revisor, editor,
secretário de redação,
chefe de reportagem e ombudsman.
Aposentou-se em 2012
como professor da Unisanta,
depois de 29 anos
de dedicação exclusiva
ao Jornalismo Impresso.
Colabora regularmente com
LEVA UM CASAQUINHO.
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