Capítulo I
No capítulo de
hoje Mateos prepara para sua namorada Sâmila, uma pasta al dente com calamares.
Vinho tinto com notas de framboesa. De sobremesa, aguardemos. Kleber, o amigo
invejoso, o machista retrô, a tudo assiste.
Capítulo II
Mateos descobre a
epifania que é o ralador de formaggio Parmigiano. Prenda que lhe regalou, por
ocasião do casório, seu amigo Kleber.
Capítulo III
Mateos deliberou,
depois de muita convivência com Kleber, tentar ser uma pessoa sensível. Um
homem fofo. A despeito de toda a crítica do amigo, que o acusava de
aviadamento, fato é que Mateos experimentou delícias a partir da adoção do novo
modus operandi. As sensibilidades forçadas que ele simulava o fizeram
experimentar sucesso inédito no meio feminino. Era agora considerado um carinha
especial, ao contrário do tosco Kleber, cada vez mais desmoralizado no
Pattigirl Bar, o café que ambos frequentavam.
Capítulo IV
Sâmila levanta às
06:32h, dois exatos minutos após soar o Concerto Brandemburgo n. 3 no celular,
melodia que Mateos escolheu para o despertar do casal. Ela vai ao banheiro,
abre a torneira de modo a que o namorado não ouça o jacto de sua micção e,
quando volta, tem uma surpresa. Mateos, a calcinha de Sâmila sobre o rosto,
repousa em decúbito dorsal, as mãos trançadas sobre o peito, qual um defunto.
Em cada narina um tufo de algodão, e um sorriso epifânico nos lábios.
"Morri. De
felicidade."
Passado o susto,
ela se abre num riso infantil.
"Você é um
fofo!"
É preciso
negociar muito para que ele a deixe ir trabalhar. A barganha se fecha quando
ela promete ir sem calcinha. Mateos exigiu que ela deixasse a peça com ele.
"Pra eu
lembrar do seu cheiro o dia todo."
Ai, como ele é
fofo.
Acompanhe as
emoções de
A SOLIDÃO DO
HOMEM FOFO
aqui em LEVA UM
CASAQUINHO
Um oferecimento
de
EROS FOMENTOS
FUNDOS E CAUÇÕES
(capitalização
com amor) e
HOTEL FAZENDA
LOVE NATURE
(onde a paixão
acontece naturalmente).
Germano Quaresma, ou Manoel Herzog,
nasceu em Santos, São Paulo, em 1964.
Criado na cidade de Cubatão,
trabalhou na indústria química
e formou-se em Direito.
Estreou na literatura em 1987
com os poemas de Brincadeira Surrealista.
É autor dos romances
A Jaca do Cemitério É Mais Doce (2017),
Dec(ad)ência (2016), O Evangelista (2015)
e Companhia Brasileira de Alquimia (2013),
além dos livros de poemas
6 Sonetos D’amor em Branco e Preto (2016)
e A Comédia de Alissia Bloom (2014).
Este é seu próximo trabalho:
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