A HISTÓRIA DE BUDDY HOLLY
(The Buddy Holly Story, 1978, 113 minutos, dir: Steve Rash)
Poucos cinebiografias são tão bem resolvidas quanto esta que enfoca a curta -- mas movimentadíssima -- carreira de Buddy Holly, que morreu num acidente de avião em 1959 aos 22 anos de idade. O ator Gary Busey -- que, em princípio, não tinha muita semelhança física com o personagem -- conseguiu realizar um trabalho espetacular de caracterização, baseado em depoimentos de pessoas que conviveram com Holly. O roteiro é correto, a direção é okay, e o se resultado final parece meio chapa-branca, é porque, na verdade, Holly era um artista impoluto e não colecionou desafetos ao longo de sua carreira. A clássica cena dele com os Crickets no palco do Apollo Theater no Harlem -- consequência de uma contratação atrapalhada, pensaram que fosse uma banda de negros -- é sensacional. Quando eles, branquelos do Texas, surgem no palco e ficam diante daquela plateia de negros, diz para eles sem a menor cerimônia: "Bom, pelo visto não somos o que vocês esperavam... Pois bem, vocês também não são o ques nós esperávamos... 1, 2, 3, 4..."
LA BAMBA
(La Bamba, 1987, 108 minutos, dir: Luis Valdez)
Praticamente tão boa quanto a cinebiografia de Buddy Holly é esta aqui, que focaliza a igualmente curta carreira do "teen-idol" Richie Valens, que morreu aos 17 anos de idade no mesmo acidente de avião que vitimou Buddy Holly em 1959. O filme segue Ritchie desde seus dias em Pacoima, Califórnia, onde ele e sua família trabalhavam em fazendas -- até sua ascensão como uma estrela. O trama se concentra na amizade e rivalidade de Ritchie com seu irmão mais velho Bob Morales, e em seu relacionamento com Donna Ludwig, sua namorada. Tudo isso cercado de muito rock and roll clássico em excelentes reinterpretações providas por grandes artistas como Brian Setzer, Marshall Crenshaw e o grupo losangeleño Los Lobos. Foi um grande sucesso de bilheteria. Infelizmente, não serviu para projetar Lou Diamond Phillips ao estrelato. cinebiografia convencional em termos de narrativa, mas muito eficaz, e que merece ser vista, ou revista.
A FERA DO ROCK
(Great Balls Of Fire, 1989, 108 minutos, dir: Jim McBride)
Jim McBride teve uma grande sacada quando foi convidado para dirigir um filme sobre a vidaa do cantor, compositor e pianista, Jerry Lee Lewis, uma das figuras mais loucas e controversas da primeira geração do rock and roll na década de 50, hoje semi-aposentado. Sabia de antemão que uma abordagem realista convencional não funcionaria, pois qualquer julgamento moral sobre as coisas que Jerry fazia em seu cotidiano embatumaria o bolo. Daí optou por contar a história de "The Killer" de forma mágica e totalmente amoral. Pediu para Dennis Quaid criar um caipirão caricato e indomável, adorou um tom narrativo amalucado como seu personagem e o resultado final foi nada menos que soberbo. Uma das melhores cinebiografias de um artista de rock já realizadas. Pena Jim McBride ter deixado o cinema depois de realizar filmes espetaculares como "Breathless", "The Big Easy" e "O Homem Errado", e mudado de mala e cuia para a TV, onde seu estilo inusitado de filmar se dissipou e se perdeu.
LITTLE RICHARD
(Little Richard, 2000, 120 minutos, dir: Robert Townshend)
O filme conta a história da vida de Richard Penniman, vulgo Little
Richard, cantor, pianista e compositor negro dos anos 50 que brilhou na
primeira geração do rock and roll, hoje semi-aposentado. O filme mostra desde
sua educação num bairro pobre da Georgia, seu caminho rumo ao estrelato, sua
fase cristã como "pastor batista" e seu retorno ao bom e velho rock
and roll dos Anos 70 para cá. Townshend carrega nas cores para explorar bem o
jeitão explosivo e temperamental e seu vedetismo gay de seu personagem,
brilhantemente interpretado por Bill Kerby. Na medida em que é um filme de
Robert Townshend, tem aquela mesma agilidade e periculosidade daqueles filmes
que ele fazia sobre gangs de negros e privilegia ao longo da narrativa fatos de
sua vida ligados ao preconceito racial e sexual. Mas não cai em pregações
chatas, até porque não perde o bom humor em momento algum. Um belo filme, que
merece ser visto.
UMA VIDA SEM LIMITES
(Beyond The Sea, 2004, 121 minutos, dir: Kevin Spacey)
Nesse momento em que Kevin Spacey é execrado publicamente por "dar
um empurrão" nas carreiras de garotões em busca de um chance em Hollywood,
nada mais adequado e justo que resgatar este projeto pessoal em que ele fez
questão de não só atuar, mas também dirigir. Sempre foi comentado em Hollywood
que quando a vida de Bobby Darin fosse filmada, o ator teria que ser,
obrigatoriamente, Kevin Spacey, já que a semelhança física entre os dois
beirava o assombroso. Spacey, que era fã de Darin quando adolescente, encampou
o projeto e não sossegou enquanto não o viabilizou. O filme mostra as várias
fases de sua vida, desde quando foi criado como filho por sua avó para não ser filho de mãe solteira -- ele descobriu que sua irmã era, na verdade, sua mãe só no início dos Anos 70 -- até se transformar no cantor de jazz, rock e pop mais bem sucedido do final dos
Anos 50 e início dos Anos 60, com sucessos como "Splish Splash" e
"Mack the Knife, e se casar com a "namoradinha da América"
Sandra Dee. A abordagem é bem realista, e não poupa Darin em momento algum,
expondo suas falhas de caráter, seu jeito intempestivo, seu inferno cotidiano
com Sandra Dee, seu envolvimento com bebidas e drogas e seu retorno ao
estrelato totalmente repaginado artisticamente no final dos Anos 60, como um artista de folk-rock. Um filme
espetacular, que infelizmente foi um fiasco de bilheteria, o que inviabilizou
outras investidas de Spacey como diretor.
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