Hoje,
temos o prazer de publicar um bate papo com um dos maiores ícones da música
brasileira: o polêmico e divertidíssimo Tim Maia, o síndico do Brasil.
Trata-se
naturalmente de uma entrevista póstuma, realizada 19 anos depois que o músico
nos deixou, e que procura descobrir a verdadeira personalidade do mestre da
soul music brasileira e revelar definitivamente o que é lenda _ e o que não é _
na vida intensa e desregrada desse grande personagem da nossa música.
Chega
de blá blá blá e vamos ao que interessa: a entrevista que Tim Maia deu ao Blog
do Jiló.
BJ – Tim, muita gente acha que o seu apelido
de síndico vem da música W Brasil, do Jorge Benjor. Mas alguns jornalistas,
escritores e músicos garantem que o apelido pegou porque você foi síndico do
Edifício Barra Palace, na Barra da Tijuca, durante 12 anos. O que é verdade aí?
TM
– Pois é, rapaz, morei num lugar que tinha gente mais doida do que eu. Como é
que os caras têm coragem pra me eleger de síndico? (risos). Na verdade, as duas
coisas. Foi o Benjor que inventou o termo. Mas foi justamente porque eu fui
síndico do Barra Palace. Lá era barra mesmo (risos). Pepeu Gomes era meu
vizinho de apartamento. Vizinho de janela. A gente vivia na varanda passando as
paradas pra lá e pra cá conforme a necessidade de cada um (mais risos) e
conforme o perigo também (gargalhada). Daquela varanda é que eu ficava de
binóculo pra ver se aparecia alguma lata de maconha no mar. Lembra do verão da
lata? Então, aquele apartamento da Barra tem é história.
BJ – Tim, apesar de na época não terem feito
sucesso, muitos críticos atuais enxergam os volumes 1 e 2 do Tim Maia Racional
como uma de suas melhores fases musicais. Mas você simplesmente tirou esses
discos de circulação. Por que?
TM
– Cara, essa é uma história longa e triste. Mas eu aprendi a esquecer essas
coisas ruins. Por isso, vou deixar a história mais curta e feliz. Todo mundo
sabe que eu dei uma pirada com aquela seita do Universo em Desencanto. Na
época, eu achava o máximo. Li o livro, achei fantástico. Mudei minha vida, meus
hábitos. Parei de cheirar, de fumar. Só fazia sexo pra procriar. Me sentia um
sujeito evoluído. Pregava a seita, queria que todo mundo lesse a porra do
livro. Fiz a minha banda parar com as drogas e com o sexo… e só se vestir de
branco. Cheirava a mão dos caras em todo ensaio pra ver se os sacanas não
tinham fumado unzinho. Pirei o cabeção mesmo. Aí descobri que aquele negão
filho da puta, o guru dono da seita, era um mulherengo desgraçado, um canalha
de um ladrão, que levou metade da grana das minhas músicas pra bancar aquela
trapaça. Fiquei tão puto que retirei os dois discos do mercado. Não que eu não
gostasse, mas as letras veneravam a merda daquela seita. Manoel Jacintho, o
nome do guru safado. Na época, eu lembro que eu vivia falando: Já sinto que me
fodi (risos).
BJ – Vamos falar um pouco de família agora. O
seu sobrinho, Ed Motta, nunca se deu muito bem com você. Ou melhor, você é que
nunca se deu bem com ele. E dizem que o motivo dessa história toda é que você
pegou o cara na cama com a sua mulher. É verdade?
TM
– Qualé, rapaz? Tá tirando onda da minha cara? Esse mané jamais teria a
competência de pegar a minha mulher. Aliás, ele não pega é ninguém. E outra
coisa: a minha mulher nunca ia se interessar por um cara que fosse negão, feio,
gordo e cantor. Só isso!
BJ – No showbiz, a sua fama sempre foi
péssima. Os empresários preferiam negociar com o diabo do que fechar uma turnê
com você. Faltar em shows e atrasar em gravações era uma característica sua.
Mesmo você sendo uma estrela da música como sempre foi, isso nunca te trouxe
nenhum grande problema?
TM
– Porra, brother…. claro que isso me trouxe problemas. E põe problema aí. Eu
sempre fui um cara muito intenso, gostava de tudo muito. Muito sexo, muita
maconha, muito whisky, muita brizola… e você sabe que essas coisas, misturadas,
fazem o sujeito perder a noção do tempo, da hora e principalmente dos
compromissos. O Boni, por exemplo, quando era o bam-bam-bam lá na Globo, me deu
um gancho de 10 anos sem aparecer na emissora só porque eu deixei o Faustão me
esperando no programa dele. Mas, entenda: no dia anterior tinha sido o meu
aniversário. Imagina! Nem lembro onde foi a festa. Só sei que eu voltei na
carona do Bozo (gargalhadas). Tive que botar a Globo no pau porque eles me
cortaram até do fundo musical do Xou da Xuxa. Maior prejuízo, irmão! Não é
qualquer negão que consegue trabalhar no fundo da Xuxa. Eu só conheço mais um.
(nesse momento, Tim Maia riu tanto que acabou se engasgando… tive que dar um
tapão virtual nas suas costas)
BJ – É verdade que você sempre foi apaixonado
por animais?
TM
– Nada. Isso é exagero. Já dei muito tapa em focinho de cachorro. Quando eu era
moleque, cheguei até a afogar uns pintinhos que a minha vizinha exibida levou
lá pra casa. Apanhei um bocado da minha mãe por causa disso. É que eu nunca fui
chegado a um pinto mesmo (risos). Mas eu gosto de cachorro. Tive vários. E tive
um gavião também. O nome dele era “Empresário”. Dei esse nome porque empresário
é ave de rapina. Mas o meu sonho mesmo era ter um porco em casa. Um porco daqueles
gigantes. Só não comprei com medo da minha mulher confundir ele comigo (risos)
BJ – Você é conhecido também por seu espírito
brincalhão, divertido. E principalmente por soltar algumas frases célebres. Uma
das mais conhecidas é “Fiz uma dieta rigorosa: cortei álcool, gorduras e
açúcar. Em um mês, eu perdi 30 dias”. Você falou mesmo isso?
TM
– hehehe, essa eu falei. Mas eu acho que não foi bem assim. Que eu me lembre,
foi: “Em duas semanas, perdi 14 dias”. Até porque eu jamais aguentaria um mês de
dieta. A única dieta que eu realmente me dediquei foi aquela feita à base de
pó. Me tirava totalmente a fome. Aliás, fiquei nessa dieta mais de 30 anos. Mas
só perdi dinheiro e vergonha na cara. Peso, que é bom, nada. (risos) A frase
que eu fiz que eu realmente gosto foi quando me perguntaram se eu era ligado em
dinheiro. E eu respondi: “O mundo só será bom no dia que todo o dinheiro
acabar, mas que não me falte nenhum enquanto isso não acontece.”
BJ
– Tim, agora a gente queria fazer um bate bola com você. Preparado?
TM
– Manda!
BJ – Uma cor?
TM
– Branco
BJ – Uma banda?
TM
– podre
BJ – Um filme?
TM
– Scarface
BJ – Uma inspiração?
TM
– Pelo nariz
BJ – Uma comida?
TM
– No rabo
BJ – Um lugar?
TM
– Aqui, no inferno
Nota:
O JILÓ é aquele sujeito
que todo mundo queria ser:
fala as coisas na lata,
sem medo e sem vergonha.
Tem um temperamento
que oscila o dia inteiro:
às vezes é doce
como um doce de jiló...
e em outras, amargo
como um jiló sem doce.
Divertido, crítico e polêmico,
o JILÓ promete dar
um tempero especial
nas suas tardes
de segunda a sexta.
Para isso, basta clicar AQUI
e salvar o BLOG DO JILÓ
nos seus Favoritos
No comments:
Post a Comment