Nascido em meio à sofrida vida dos trabalhadores negros
nas plantações no Estado do Mississipi,
os Blues, que no início eram uma manifestação musical
essencialmente rural, expandiram rapidamente
pelos Centros Urbanos do Sul dos EUA,
para depois subirem para Chicago, e de lá se espalhar
por toda a América do Norte,
tornando-se um dos gêneros mais conhecidos
e mais praticados de Música Popular
em todo o Planeta Terra.
De 24 a 27 de Março, sempre às 19 horas, no SESC-Santos,
a História do Blues será contada em uma Oficina de 4 dias
com o jornalista e produtor cultural Eugênio Martins Júnior,
cobrindo desde o final do Século XIX até os dias atuais,
além de abordar a influência deste estilo na música brasileira.
A entrada é franca.
Quem quiser conhecer um pouco mais
do trabalho de Eugênio Martins Junior
como entusiasta e pesquisador de blues e jazz,
recomendo a leitura de seu Mannish Blog,
que está na lista dos BLOGS AMIGOS
na barra lateral esquerda
de LEVA UM CASAQUINHO
Aos interessados, reproduzo a seguir
um Pequeno Histórico do Blues,
escrito pelo maior gaitista brasileiro do gênero,
o carioca da gema Flávio Guimarães,
e publicado originalmente em seu
A história da escravidão na América do Norte
guarda uma imensa diferença em relação ao Brasil.
Inicialmente os instrumentos e a música em geral
eram fortemente reprimidos.
Instrumentos de percussão eram totalmente proibidos,
com o temor que se tornassem uma forma de comunicação
que daria origem a rebeliões e outros conflitos.
Em algum momento, alguns proprietários de terras
percebem que a liberação do canto durante o trabalho
estava aumentando a produtividade de suas fazendas
e a nova ideia é rapidamente assimilada
e espalhada pelo sul dos Estados Unidos.
Surgem as Work Songs.
Com o processo de cristianização dos escravos,
percebe-se cada vez mais o poder e a beleza
de suas vozes e melodias.
As antigas melodias da terra mãe africana
se misturam aos hinos religiosos de origem européia,
dando origem ao gospel.
Da mistura das work songs e do gospel, surgiria o blues,
semelhante na forma, porém com uma grande diferença
na temática das letras, que passam a falar
das condições reais de suas vidas.
No início do século XX, o blues proliferava nos EUA.
O caldeirão cultural de New Orleans
absorvia diferentes culturas musicais
que deram origem ao jazz, entre elas o blues.
Músicos aprendiam a tocar os diversos estilos vigentes
sem distinção e havia um enorme intercambio de idéias.
Em 1903, W. C. Handy compõe St. Louis Blues.
É a primeira vez que o blues entra numa partitura,
encontrando uma eficiente forma de propagação.
Com a entrada dos EUA na Segunda Grande Guerra,
ocorre um enorme êxodo para as áreas industriais do país,
em especial Chicago,
que atrai uma grande leva de imigrantes do Sul
em busca de melhores oportunidades de empregos
e qualidade de vida.
Começa a surgir o blues urbano de Chicago.
Dentre seus primeiros ícones, John Lee Williamson,
também conhecido com Sonny Boy Williamson I,
que viria a falecer precocemente vítima de um latrocínio.
Sua inovação na linguagem da harmônica de blues
coloca o instrumento numa posição de destaque
e sua influência, tanto nas canções quanto na forma de tocar,
afetou profundamente as gerações seguintes.
No início da década de 50, o blues é eletrificado
por nomes como Muddy Waters, Little Walter e Jimmy Rogers.
É a Era de Ouro do Blues, com a gravadora Chess Records
lançando um sucesso atrás do outro.
Howlin' Wolf, Sonny Boy Williamson II, Chuck Berry,
Bo Diddley e tantos outros ícones
lançam seus álbuns de sucesso pela gravadora.
Esse riquíssimo período musical viria a ser determinante
no nascimento do rock 'n'roll.
O blues é uma manifestação cultural afro americana,
que permaneceu segregada no seu país de origem
até o início dos anos 60.
Sua popularização em todo mundo
foi conseqüência direta da valorização dessa forma de arte
pelos europeus, em especial os ingleses.
As primeiras gerações do rock inglês
beberam diretamente na fonte do blues
e toda a música pop criada a partir de então
passa a ter sua influencia.
Não existiria rock se não tivéssemos o blues
e até o jazz soaria de outra forma sem ele.
Hoje em dia, é difícil imaginar um estilo musical
que não tenha sido tocado
direta ou indiretamente pelo blues.
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