Monday, March 23, 2015

A HISTÓRIA E A ALMA DO BLUES, EM 4 ENCONTROS COM EUGÊNIO MARTINS




Nascido em meio à sofrida vida dos trabalhadores negros 
nas plantações no Estado do Mississipi
os Blues, que no início eram uma manifestação musical 
essencialmente rural, expandiram rapidamente 
pelos Centros Urbanos do Sul dos EUA
para depois subirem para Chicago, e de lá se espalhar 
por toda a América do Norte
tornando-se um dos gêneros mais conhecidos 
e mais praticados de Música Popular 
em todo o Planeta Terra


De 24 a 27 de Março, sempre às 19 horas, no SESC-Santos
a História do Blues será contada em uma Oficina de 4 dias 
com o jornalista e produtor cultural Eugênio Martins Júnior
cobrindo desde o final do Século XIX até os dias atuais, 
além de abordar a influência deste estilo na música brasileira.
A entrada é franca.

Quem quiser conhecer um pouco mais 
do trabalho de Eugênio Martins Junior 
como entusiasta e pesquisador de blues e jazz, 
recomendo a leitura de seu Mannish Blog
que está na lista dos BLOGS AMIGOS 
na barra lateral esquerda
 de LEVA UM CASAQUINHO 


Aos interessados, reproduzo a seguir 
um Pequeno Histórico do Blues
escrito pelo maior gaitista brasileiro do gênero, 
o carioca da gema Flávio Guimarães
e publicado originalmente em seu 


A história da escravidão na América do Norte 
guarda uma imensa diferença em relação ao Brasil. 
Inicialmente os instrumentos e a música em geral 
eram fortemente reprimidos. 
Instrumentos de percussão eram totalmente proibidos, 
com o temor que se tornassem uma forma de comunicação 
que daria origem a rebeliões e outros conflitos. 
Em algum momento, alguns proprietários de terras 
percebem que a liberação do canto durante o trabalho 
estava aumentando a produtividade de suas fazendas 
e a nova ideia é rapidamente assimilada 
e espalhada pelo sul dos Estados Unidos. 
Surgem as Work Songs. 

Com o processo de cristianização dos escravos, 
percebe-se cada vez mais o poder e a beleza 
de suas vozes e melodias. 
As antigas melodias da terra mãe africana 
se misturam aos hinos religiosos de origem européia, 
dando origem ao gospel. 
Da mistura das work songs e do gospel, surgiria o blues, 
semelhante na forma, porém com uma grande diferença 
na temática das letras, que passam a falar 
das condições reais de suas vidas. 

No início do século XX, o blues proliferava nos EUA. 
O caldeirão cultural de New Orleans 
absorvia diferentes culturas musicais 
que deram origem ao jazz, entre elas o blues. 
Músicos aprendiam a tocar os diversos estilos vigentes 
sem distinção e havia um enorme intercambio de idéias. 

Em 1903, W. C. Handy compõe St. Louis Blues. 
É a primeira vez que o blues entra numa partitura, 
encontrando uma eficiente forma de propagação. 

Com a entrada dos EUA na Segunda Grande Guerra, 
ocorre um enorme êxodo para as áreas industriais do país, 
em especial Chicago, 
que atrai uma grande leva de imigrantes do Sul 
em busca de melhores oportunidades de empregos 
e qualidade de vida. 
Começa a surgir o blues urbano de Chicago. 
Dentre seus primeiros ícones, John Lee Williamson, 
também conhecido com Sonny Boy Williamson I, 
que viria a falecer precocemente vítima de um latrocínio. 
Sua inovação na linguagem da harmônica de blues 
coloca o instrumento numa posição de destaque 
e sua influência, tanto nas canções quanto na forma de tocar, 
afetou profundamente as gerações seguintes. 

No início da década de 50, o blues é eletrificado 
por nomes como Muddy Waters, Little Walter e Jimmy Rogers. 
É a Era de Ouro do Blues, com a gravadora Chess Records 
lançando um sucesso atrás do outro. 
Howlin' Wolf, Sonny Boy Williamson II, Chuck Berry, 
Bo Diddley e tantos outros ícones 
lançam seus álbuns de sucesso pela gravadora. 
Esse riquíssimo período musical viria a ser determinante 
no nascimento do rock 'n'roll. 


O blues é uma manifestação cultural afro americana, 
que permaneceu segregada no seu país de origem 
até o início dos anos 60. 

Sua popularização em todo mundo 
foi conseqüência direta da valorização dessa forma de arte 
pelos europeus, em especial os ingleses. 
As primeiras gerações do rock inglês 
beberam diretamente na fonte do blues 
e toda a música pop criada a partir de então 
passa a ter sua influencia. 
Não existiria rock se não tivéssemos o blues 
e até o jazz soaria de outra forma sem ele. 
Hoje em dia, é difícil imaginar um estilo musical 
que não tenha sido tocado 
direta ou indiretamente pelo blues. 




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