Saturday, April 13, 2019

A SOLIDÃO DO HOMEM FOFO #1 (por Germano Quaresma aka Manoel Herzog)



A SOLIDÃO DO HOMEM FOFO

Capítulo I

No capítulo de hoje Mateos prepara para sua namorada Sâmila, uma pasta al dente com calamares. Vinho tinto com notas de framboesa. De sobremesa, aguardemos. Kleber, o amigo invejoso, o machista retrô, a tudo assiste.

Capítulo II

Mateos descobre a epifania que é o ralador de formaggio Parmigiano. Prenda que lhe regalou, por ocasião do casório, seu amigo Kleber.

Capítulo III

Mateos deliberou, depois de muita convivência com Kleber, tentar ser uma pessoa sensível. Um homem fofo. A despeito de toda a crítica do amigo, que o acusava de aviadamento, fato é que Mateos experimentou delícias a partir da adoção do novo modus operandi. As sensibilidades forçadas que ele simulava o fizeram experimentar sucesso inédito no meio feminino. Era agora considerado um carinha especial, ao contrário do tosco Kleber, cada vez mais desmoralizado no Pattigirl Bar, o café que ambos frequentavam.

Capítulo IV

Sâmila levanta às 06:32h, dois exatos minutos após soar o Concerto Brandemburgo n. 3 no celular, melodia que Mateos escolheu para o despertar do casal. Ela vai ao banheiro, abre a torneira de modo a que o namorado não ouça o jacto de sua micção e, quando volta, tem uma surpresa. Mateos, a calcinha de Sâmila sobre o rosto, repousa em decúbito dorsal, as mãos trançadas sobre o peito, qual um defunto. Em cada narina um tufo de algodão, e um sorriso epifânico nos lábios.

"Morri. De felicidade."

Passado o susto, ela se abre num riso infantil.

"Você é um fofo!"

É preciso negociar muito para que ele a deixe ir trabalhar. A barganha se fecha quando ela promete ir sem calcinha. Mateos exigiu que ela deixasse a peça com ele.

"Pra eu lembrar do seu cheiro o dia todo."

Ai, como ele é fofo.


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A SOLIDÃO DO HOMEM FOFO
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Germano Quaresma, ou Manoel Herzog,
nasceu em Santos, São Paulo, em 1964.
Criado na cidade de Cubatão,
trabalhou na indústria química
e formou-se em Direito.
Estreou na literatura em 1987
com os poemas de Brincadeira Surrealista.
É autor dos romances
A Jaca do Cemitério É Mais Doce (2017),
Dec(ad)ência (2016), O Evangelista (2015)
Companhia Brasileira de Alquimia (2013),
além dos livros de poemas
6 Sonetos D’amor em Branco e Preto (2016)
A Comédia de Alissia Bloom (2014).
Este é seu próximo trabalho: 



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