Friday, April 14, 2017

EM PRÓXIMA PARADA, EDUARDO CAVALCANTI COMENTA "A VIGILANTE DO AMANHÃ" (ATribuna SantosSP 09/04/2017)




Eduardo Rubi Cavalcanti
é jornalista desde a década de 80.
Trabalhou em A TRIBUNA de Santos
e em várias outras publicações. 
É Mestre em Comunicação Social
pela Universidade Metodista de São Paulo
e leciona Jornalismo na Unisantos,
onde cursou sua graduação.
Publica domingo sim, domingo não,
em A TRIBUNA de Santos,
a página PRÓXIMA PARADA,
que reproduzimos aqui.
FELIZ SEMANA SANTA
PARA TODOS

Thursday, April 13, 2017

NOSSO ANIVERSARIANTE DE HOJE É NINGUÉM MENOS QUE O SOUL BROTHER NUMBER ONE


CELEBRAMOS O ANIVERSÁRIO DE 71 ANOS
DO MAIOR CANTOR DE SOUL MUSIC VIVO
RESGATANDO UMA PERFORMANCE CLÁSSICA
GRAVADA NO APOLLO THEATER
NO HARLEM EM NOVA YORK EM 1990.

ENJOY...





FELIZ SEMANA SANTA
PARA TODOS

RESENHAS AO LÉU: O AMOR EM TEMPOS DE GUERRA, SEGUNDO WILLIAM BOYD



William Boyd é um escritor um tanto quanto peculiar.

Se por um lado ele é o herdeiro legítimo daquele tipo de literatura produzida por Ian Fleming e outros autores muito populares nos Anos 50 e 60, por outro ele almeja vôos mais altos abraçando projetos arrojados, na tradição da melhor produção de Graham Greene e Kingsley Amis. Em seus romances, ele busca conciliar esses dois universos literários, visando agradar a vários segmentos de leitores. E consegue. Aliás, está virando um mestre nisso.



"À Espera do Amanhecer", seu penúltimo romance, é um exemplo perfeito desse tipo de iniciativa. Estamos em Viena, 1913. Num belo dia em agosto, um jovem ator inglês está na cidade para o seu primeiro encontro com um eminente psiquiatra. Enquanto espera para ser atendido, entra na sala uma mulher lindíssima, que está desesperada, fugindo de alguma coisa, e ele é imediatamente engolido por seus olhos castanhos profundos. Ela se apresenta como sendo escultora, e o convida para uma festa promovida por seu amante, o famoso pintor Udo Hoff. Começam um tórrido caso de amor, e então Viena se transforma no cenário perfeito para um envolvimento romântico deste tipo.

Já no ano seguinte, em Londres, nos deparamos com uma situação bem diversa. A Guerra começa a se aproximar, promovendo mudanças drásticas na vida de todos. Nosso ator está de volta à cidade, e, devido a seus contatos em Viena, é arregimentado pela Inteligência Britânica como espião. Desnecessário dizer que isso vai afetar diretamente sua vida amorosa com a escultora, mas... Guerra é Guerra! E ele é designado para descobrir a chave para um código secreto que ameaça a segurança de toda a Grã-Bretanha, embarcando no teatro perigoso da Inteligência em tempos de guerra.

De Viena ao West End londrino, dos Campos de Batalha da França aos quartos de hotel em Genebra, "À Espera do Amanhecer" é uma viagem febril e fascinante pela vida cotidiana daquele momento histórico, e difere drasticamente dos inúmeros romances escritos ao longo de um século inteiro com a mesma temática, sempre com narrativa mais convencional. Boyd escreve de forma extremamente arrojada. Como é professor universitário de inglês, conhece literatura profundamente e consegue desenvolver thrillers rocambolescos deliciosos com um estofo artístico e estilístico que qualquer escritor que seja especialista em thrillers jamais se preocuparia em ostentar. E é justamente isso que faz os livros dele tão especiais.



Às vezes, em "À Espera do Amanhecer", até parece que estamos diante de uma grande obra literária. Mas não estamos. Trata-se apenas de literatura de entretenimento escrita por um mestre, sempre com muita nonchalance e e muita sagacidade. Fãs de John le Carré, por exemplo, que não primam pelo bom humor, e que por ventura venham a ler este livro, vão achar Boyd um filisteu imperdoável por lidar com uma temática tão complexa de forma tão ligeira. Já fãs de Graham Greene e Kingsley Amis certamente irão gostar de suas brincadeiras na montanha russa da história, e vão devorar as quase 400 páginas de "À Espera do Amanhecer" com prazer.

Ninguém pode reclamar de falta de ação nos romances de William Boyd. Pode, se quiser, reclamar de exagero. Mas seria tolice reclamar disso, na medida em que "À Espera do Amanhecer" não engana ninguém em suas intenções. É um romance ligeiro de entretenimento escrito por um escritor sério, muito aparelhado, com plenos poderes sobre seu métier. Boyd envolve seus leitores com uma narrativa tão ofegante e, ao mesmo tempo, tão cativante que até nos faz relevar algumas inverossimilhanças que vão surgindo pelo caminho. O importante, para Boyd, é não deixar o ritmo da narrativa cair, formulando capítulos curtos e concisos repletos de acontecimentos, informações e personagens com atitudes inusitadas.



"À Espera do Amanhecer" foi lançado em Londres em 2011 e chegou por aqui no ano seguinte, pela Editora Amarilys. Mal lançado, acabou passando quase despercebido pelas livrarias. Recebeu pouquíssimas resenhas nos principais suplementos literários e guias de livros. Foi o último romance de William Boyd antes de aceitar a incumbência dos herdeiros de Ian Fleming para dar sequência às aventuras de James Bond. "Solo" (2013) foi a primeira aventura de Bond escrita por Boyd. Se passa no final dos Anos 60, e é bastante inusitado e deliciosamente rocambolesco. Boyd tem um apreço todo especial por tramas movimentadas e imprevisíveis.

Eu achei "À Espera do Amanhecer" dando sopa por 10 reais num saldão de livros na Estação Jabaquara do Metrô, e levei o livro para casa. Acabou rendendo um final de semana extremamente agradável. Relação custo-benefício altíssima. Dá para imaginar este romance virando uma minissérie para a TV inglesa sob a direção de Stephen Poliakoff. É entretenimento literário de primeira linha. Sendo assim, não resista. Divirta-se.


À ESPERA DO AMANHECER
William Boyd
Editora Amarilys

Título original
WAITING FOR SUNRISE

372 Páginas

Preço:
R$12 a R$40
na ESTANTE VIRTUAL



Chico Marques devora livros
desde que se conhece por gente.
Estudou Literatura Inglesa
na Universidade de Brasília
e leu com muito prazer
uma quantidade considerável
de volumes da espetacular
Biblioteca da UnB.
Vive em Santos SP, onde,
entre outros afazeres,
edita a revista cultural
LEVA UM CASAQUINHO


FELIZ SEMANA SANTA
PARA TODOS

QUINTA, 18hs, TEM "MENSAGEM PARA VOCÊ" NO CICLO REVENDO LUBITSCH NO CINECLUBE PAGU (MUSEU DA IMAGEM E SOM DE SANTOS)

por Nathália Pandeló
para Cinema de Buteco


Não deixe a sequência de abertura de "Mensagem para Você" te enganar.

A introdução dos créditos, hoje defasada, pode dar a entender que o “romance moderno” está ultrapassado.

Não é o caso.

Basta a Nova York digital dar lugar à real para se perceber que o longa de Nora Ephron continua muito relevante -– mesmo quase 20 anos depois.

Em 1998, os computadores já haviam modificado a forma como o americano médio se comunicava – e até ganhava força um movimento de resgate do analógico.

É nesse contexto que Joe (Tom Hanks) e Kathleen (Meg Ryan) se conhecem: na internet.

Na vida real, fora dos bits e bytes, eles são concorrentes nos negócios e praticamente inimigos.


Mas ei, estamos no Upper West Side, pra onde a própria Nora Ephron se mudou a contragosto nos anos 80.

Ela viu a vizinhança crescer e ser tomada pelas redes de lojas que reduziam a descontos a experiência de compra.

É isso que Joe Fox faz, abrindo uma livraria de dois andares na esquina próxima à charmosa livraria infantil que Kathleen herdou da mãe.

Sem saber a identidade do amigo virtual, os concorrentes vão à luta – ou, como diria Sonny em O Poderoso Chefão, “go to the mattresses”.

Ele, com as analogias ao clássico de Francis Ford Coppola; ela, abandonando a doçura de quem lê Orgulho e Preconceito todo ano.

Afinal, não é pessoal – são apenas negócios.


Não para Ephron.

Em seu quinto longa, a diretora adquiriu o timing competente de quem sabe dialogar com o público.

Apesar de cair no inevitável clichê das comédias românticas -– homens cerebrais e matemáticos, mulheres mais humanas e sentimentais --, Nora Ephron cria personagens com nuances tão adoráveis quanto irritantes.

A sua guerra dos sexos é apenas um pretexto para levantar uma questão já relevante àquela época e certamente importante até hoje: a forma como nos conectamos –- não a uma rede de computadores, mas às pessoas.

Não que o debate proposto tenha o peso de um teórico da comunicação (ainda bem!).

A pauta pode levar a um papo sério, mas leveza é a melhor carta da diretora e roteirista para criar um mundo com o qual há uma identificação imediata.


O mérito é dos diálogos afiados entre personagens tão reais quanto possível numa romcom.

O mocinho não exibe um corpo sarado e a mocinha -- apesar dos olhos claros e o cabelo (quase sempre) no lugar -- se vê presa às próprias idealizações românticas e à solidão – mesmo quase morando com o namorado.

Greg Kinnear é o que mais se destaca no elenco coadjuvante nonsense e cômico, que também tem Parker Posey, Jean Stapleton, Steve Zahn, Dave Chappelle e Cara Seymour.


Mais que o reencontro de quem fez "Sintonia de Amor", o filme de Ephron veio para delinear a essência do chick flick:

Histórias sobre mulheres incríveis, mas complexas sem se resumir a hormônios; felizes, independente de sua vida amorosa.

Mulheres passionais, sem serem totalmente previsíveis.


"Mensagem para Você" é uma deliciosa crônica pós-moderna sobre amores e desafetos, amizades e a nossa própria pseudointelectualidade.

Apesar de contribuir para redefinir as personagens femininas nos filmes românticos, Nora Ephron não se reduzia a uma “mulher diretora”.

Preferia se definir como uma cineasta novaiorquina.

Por isso, esta é uma carta de amor às belezas de uma cidade inspiradora – de amores, histórias e histórias de amor.


MENSAGEM P@RA VOCÊ
(You've Got M@il, 1998, 120 minutos)

Direção
Nora Ephron

Roteiro
Nora Ephron
Delia Ephron

Elenco
Meg Ryan
Tom Hanks
Greg Kinnear
Parker Posey
Steve Zhan
Dave Chappelle


FELIZ SEMANA SANTA
PARA TODOS

NA TOMADA (uma crônica de Marcelo Rayel Correggiari)



Qualquer estabelecimento comercial, como uma modesta Mercearia, precisa ter tomadas ao redor.

Com mil perdões ao trocadilho infame e fora de hora, tomadas são precisas, necessitadas, muita eletricidade: não dá para ficar a maior parte do tempo morcegando com o que é dito, o não-dito, o que cada um acha & Cia. Ltda.

Nessa véspera de Sexta-Feira Santa, tremendo feriado à vista, cabe reconsiderar certos rumos que são bons de não serem tomados. É difícil dizer o que está certo ou errado (quem somos nós para isso!) quando nos encontramos naquelas sinucas-de-bico com os bolsos completamente vazios.

Uma coisa é certa: não interferindo seriamente na vida de mais alguém (coisa rara de se encontrar nos dias de hoje!), de repente, cabe a tentativa.


A presença dos famigerados livros eletrônicos (ou ‘e-books’, como queiram) é uma alternativa quando se vive num lugar que se esmera em repetir crises e círculos viciosos. Com as vidas profissionais sendo brutalmente afetadas da forma como vem ocorrendo, e seu reflexo mais indigno com o sumiço do dinheiro, as opções por tornar público o produzido acabam sofrendo forte contemplação (no mínimo!).

Como nem tudo são flores, a boa e velha crítica sofrida pelos e-books: as limitações em torno do design gráfico onde a ‘via papel’ é amplamente mais flexível e vantajosa. A questão não estaria diretamente ligada à formatação do documento original, mas como esse documento será lido pelas leitoras de livros eletrônicos (os famosos ‘e-book readers’).


Cada empresa possui o seu representante: o Kindle é Amazon, o Kobo (no Brasil) foi de Livraria Cultura, a Saraiva possui o Lev, o Nook é da Barnes & Nobles. Seus aplicativos podem ser baixados em celular e tablet, além da leitura no próprio computador, algo não muito recomendado por oftalmologistas.

Os mais jovens no país encontram nessas leitoras a praticidade de carregar uma biblioteca gigantesca para todos os lugares e sem prejudicar as vistas. ‘Hubports’ como o Wattpad e o brasileiro Skoob indicam a quantidade de aficcionados(as), apaixonados(as) por livro e leitura, tudo isso por via de sites e da própria web.

Nada substitui o livro “de papel”?! Essa empírica Mercearia que o diga...! Contudo, os mais jovens não estão nem aí “’pra’ hora do Brasil” e capricham nas aquisições de leitoras e títulos. Em que pese os mais antigos não curtirem muito as predileções e inclinações literárias dos mais novos, o ‘trem’ parece que chegou para ficar.


Ainda na linha ‘do contra’, a formatação para a extensão *.epub (modelo de arquivo utilizado para as leitoras de livros eletrônicos) possui seríssimas limitações. A começar pelo tipo de fonte utilizado no texto original para a conversão de um arquivo final em *.pdf (ou mesmo *.docx, o do Word) para *.epub: nada de grandes variações ou inventices. Times New Roman e Garamond para se evitar maiores desapontamentos. Aliás, é uma das primeiras recomendações encontradas na maioria dos manuais das principais editoras de livros eletrônicos.

Outra desvantagem é a presença de imagens. Elas são possíveis, sem problema algum, mas cada leitora as interpreta de um jeito e, logo, a exibição pode sofrer alguma restrição, algo bem diferente se a via de leitura for o papel. Isso acontece porque o princípio dos e-books são o ‘texto corrido’ de tal forma que as leitoras permitam a(o) cliente todos os ajustes nelas contidos para maior conforto do tamanho e tipo de fonte, tela de fundo, forma de transição e manuseio, importação e exportação, entre outros.

Por conta desse princípio, essas restrições também valem para coisas bem simples como o uso do itálico no texto. Os *.epubs são quase nada amigáveis para algumas pirotecnias em torno de certos floreios muito comuns quando a obra é tornada pública em livros de papel. Assim, o editor (ou escritor) de um e-book terá de se municiar de certa paciência e criatividade para se comunicar bem com sua ‘mancha-de-texto’.

Um outro debate que surge com o advento do livro eletrônico é a relevância do que vai a público. A maioria das livrarias e casas editoriais (como a Saraiva, no Brasil, e a Barnes & Nobles, nos EUA) transformou seus espaços virtuais no mesmo modelo e princípio dos ‘blogs’: são pontos de armazenagem de texto, com a diferença de que o(a) cliente precisa pagar para acessar o conteúdo da obra (ou do que foi escrito).

A antiga modalidade de um manuscrito passar por um conselho editorial (ou por um(a) editor(a)) foi substituída pelos “primeiros(as) leitores(as)” (ou “leitores(as) críticos(as)”), pessoal com formação em Letras que são pagos(as) para oferecer ‘corpo literário’ a uma determinada obra. Se as editoras não contratam egressos desse curso para tal tarefa, escritores(as) e agentes literários fazem esse “by-pass” principalmente se tiverem em mente o propósito de dialogarem diretamente com o público leitor sem filtros ou intermediações de quaisquer ‘cabeças coroadas’.


A base de dados (obras literárias à venda) na Amazon deve alcançar em breve a casa do seu primeiro bilhão de participantes. Boa parte do que lá está hospedado vem, por exemplo, de agências de publicidade e ‘inbound marketing’ das grandes corporações que buscam, pelo ‘marketing de conteúdo’, gerar um conceito em torno do produto. Não é preciso ser algum “bidu” para saber que um(a) romancista, nesse sítio, estará ombro-a-ombro com uma gigantesca presença de “obras” que nada têm a ver com prosa de ficção.

Nesse caso, a situação do(a) leitor(a), do(a) usuário(a), fica esquisita, pois caberá a ele(a) sacar qual livro melhor lhe praz. Por outro lado, algo impensável em tempos atrás: optar exatamente por aquilo que lhe praz sem ficar confinado(a) a um escopo estabelecido, às vezes, por gente que não é do ramo.

O mesmo serve para os(as) escritores(as): depender dessas ‘mediações’ implica em ficar cada vez mais longe de tornar público (publicar) uma obra que amarelece numa gaveta (o que, em certo grau, norteia as ações de selos literários independentes como o Costelas Felinas, por exemplo). Autores(as) com quase nada nos cofres hoje têm a possibilidade de, pelo menos, colocar seu trabalho na praça.

Logo, recairíamos na boa e velha questão da “qualidade (e relevância) da obra literária”. É uma discussão longa... mas a oportunidade de ter o público leitor como um dos componentes na movimentação (e alento!) para autores(as) estreantes é algo que não pode ser menosprezado.

Bravíssimo(a) freguês(a), “... the time is now!”. Se o(a) freguês(a) seleciona os melhores ‘hortifrútis’ toda vez que aparece nessa agrícola Mercearia, por que não ouvi-lo(a) na hora de escolher um passatempo de leitura?! Fiquem em paz: o livro de papel está aí e as formas de subvencioná-lo (através de instrumentos de fomento) nunca estiveram tão em voga.

Contudo, barato para o(a) escritor(a) e bem em conta para o(a) leitor(a): os livros eletrônicos estão aí! Só precisam de uma tomada por perto.


Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 48 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
mas vive mesmo é de escrever e traduzir.
É avesso a hermetismos
e herméticos em geral,
e escreve semanalmente em
LEVA UM CASAQUINHO


FELIZ SEMANA SANTA
PARA TODOS

TEMPO DE BUSCA DE CRISTO EM OVO (por Ademir Demarchi)


publicado originalmente em 23-03-2016
no Diário do Norte do Paraná, de Maringá


Com a crise se tornando rotina, o judiciário tira folga pascoal de semana inteira para procurar Cristo em ovo, isso que mal saíram os juízes de uma emendada federal de 20 dias entre natal e ano novo, mais outra no carnaval, fora férias e licenças prêmio. A toga não se toca. Ganhadores dos mais altos salários do país, acima dos tetos constitucionais, graças a jeitinhos criados para burlar essa lei, eles se somam aos políticos nessa benesse paga por nós, ganhando “salários” de vinte mil a oitenta mil reais. Justiça no Brasil é coisa de fantasia divina, daí que as velhinhas religiosas atingidas pelo vazamento daquela barragem amadora da Samarco devem estar dizendo em Minas que “ela tarda mas não falha”, referindo-se à tragédia que atingiu Roger Agnelli, que morreu com toda sua família numa queda de avião neste sábado. Ele era um dos responsáveis pela exploração ávida de minério e, indiretamente, por construções de barragens mal feitas como a que gerou a tragédia de Minas. Agnelli era o que o “civilizado” O Globo diz ser “player no mercado de fertilizantes”, algo como “jogador no mercado globalizado de merda”. Basta dizer que durante os 10 anos em que presidiu a Vale (da qual apagaram o cognome “do Rio Doce” e depois o próprio rio...), a companhia se consolidou como a maior produtora global de minério de ferro e a segunda maior mineradora do mundo. “Foi durante sua gestão que a Vale intensificou sua estratégia de expansão global, que a levou a um novo patamar no mercado global de mineração”, conforme nota dela. O fato é que, segundo as velhinhas mineiras, justiça feita após a tragédia da Samarco, ele mesmo virou adubo enquanto a Vale e suas subsidiárias inventaram uma “ideia genial de criar uma fundação para pagar o valor da multa” por crime ambiental, como protesta Ailton Krenak que, aos 63 anos é personagem destacada da defesa dos direitos indígenas, tendo participado da elaboração da Constituição de 1988 e que diz que o que fez a Vale/Samarco é um “crime escandaloso”, de “apropriação da natureza” pelas corporações que “atuam de maneira soberana como se tivessem licença divina para cagar no planeta”. Em viagem pela Europa Krenak denuncia que “os executivos da empresa estão saindo todos ilesos e ainda vão gerir uma fundação. Talvez daqui a alguns anos eles estejam a fazer propaganda da fundação falando como é bacana, e como ela salvou o rio Doce e as pessoas”, ironizou no jornal O Público, de Portugal. Na cultura indígena, explica ele, “a consciência de uso comum de determinado recurso faz com que ele tenha que perdurar no tempo e sua continuidade deve ser assegurada pela tribo. Da mesma maneira que um indivíduo não pode ao longo da vida querer exaurir os recursos que estão em torno dele, uma atividade empresarial não tem o direito de acabar com a paisagem em torno dela, destruir uma montanha, envenenar os rios, transformar os rios em esgotos, contaminar tudo o solo e o lençol freático, tal como aconteceu com o rio Doce”. Agnelli virou adubo mas a Vale continua extirpando montanhas e rios em busca de material para essa matéria prima, assim como todos os projetos de hidrelétricas criados tanto para acender anúncios quanto para iluminar os bolsos das hidrelétricas, dos “políticos” e empreiteiras. Este 21 foi o Dia Internacional das Florestas, por isso, contra esse estado de coisas, os índios Munduruku foram até o Rio Tapajós, considerado sagrado, para protestar contra o plano de construção de nada menos que 43 hidrelétricas na sua bacia, com cinco já na planilha... Trata-se de ameaça à vida de povos indígenas e ribeirinhos, bem como à riquíssima biodiversidade da região. Basta dizer que, se construída apenas uma delas, a de São Luiz do Tapajós, vai destruir 14 lagoas sazonais e perenes, mais de 7 mil hectares de pedrais (áreas de rios que abrigam diversas espécies), 320 ilhas e 17 corredeiras, conforme alerta o Greenpeace. Conclusão: a luta política se intensificará ainda mais e não vai ter Cristo que salve nem ovo que baste para adoçar os conflitos neste país da miséria.




Ademir Demarchi é santista de Maringá, no Paraná,
onde nasceu em 7 de Abril de 1960.
Além de poeta, cronista e tradutor,
é editor da prestigiada revista BABEL.
Possui diversos livros publicados.
Seus poemas estão reunidos em "Pirão de Sereia"
e suas crônicas em "Siri Na Lata",
ambos publicados pela Realejo Edições.



FELIZ SEMANA SANTA
PARA TODOS

Wednesday, April 12, 2017

O JAZZMAN MAIS CHARMOSO E ELEGANTE DE TODOS OS TEMPOS FAZ 78 ANOS EM FORMA


PARA CELEBRAR A ANIVERSÁRIO DE 78 ANOS
DO FABULOSO PIANISTA E COMPOSITOR
HERBIE HANCOCK,
RESGATAMOS DOIS CONCERTOS DELE
NO PRESTIGIADO NEWPORT JAZZ FESTIVAL
REALIZADAS EM 1988 E EM 2008.

ENJOY...



FELIZ SEMANA SANTA
PARA TODOS

JOHNNY HANSEN NÃO MORREU: AGORA ELE DÁ NOME À FEIRA DE DISCOS DO GONZAGA QUE TANTO AMAVA. PÁSCOA TEM DESSAS COISAS...

ilustração: Alex Ponciano
texto: Chico Marques


Na noite da última sexta-feira,
7 de Abril de 2017,
todo o meio musical roqueiro
alternativo do Brasil
foi surpreendido com a notícia
da morte súbita do guitarrista,
frontman do lendário grupo HARRY
e, no meu caso particular,
amigo de mais de 40 anos,
Johnny Hansen

Seu velório e sepultamento
ocorreu na tarde do dia seguinte,
justamente o sábado em que
ele iria participar de uma homenagem
ao cinquentenário de "Sgt Pepper",
LP clássico dos Beatles,
na já tradicional Feira de Discos do Gonzaga,
organizada pelo DJ e radialista Sérgio Dias,
com participação especial de Kid Vinil.

Como o show sempre tem que continuar,
muitas pessoas envolvidas na Feira
não tiveram como comparecer
ao velório de Hansen,
daí decidiram homenageá-lo
de uma outra maneira
extremamente carinhosa:

A partir do mês que vem,
quando acontecer a próxima
Feira de Discos do Gonzaga,
seu nome passará a ser
Feira de Discos Johnny Hansen


(Hansen, onde quer que esteja agora,
deve ter gostado da homenagem)

As fotos logo abaixo foram clicadas
pelo amigo Giba Paiva Magalhães
e captam o altíssimo astral da Feira
dando um belo arremate final
a um dia muito, muito triste.
  
Kid1
Kid2
Kid3
Kid+Sérgio Dias1
Kid+Sérgio Dias2
João Romualdo, cantor e guitarrista
Fabião+Sérgio Dias



FELIZ SEMANA SANTA
PARA TODOS