Dieta cinematográfica de Férias de Verão todo ano é a mesma coisa.
Quando não ficamos reféns dos blockbusters infanto-juvenis, que dominam a imensa maioria das salas de cinema, acabamos cercados pelos blockbusters que concorrem ao Oscar -- e que chegam às telas um a cada semana, homeopaticamente, para não ter que tomar salas dos sempre rentáveis blockbusters infanto-juvenis.
Raro é o ano em que algum filme que não se encaixe em nenhuma dessas duas categorias acima consiga a proeza de se manter nas salas de exibição por 2, 3 semanas nos meses de Janeiro e Fevereiro.
"As Duas Faces de Janeiro" é um desses casos raros.
O nome, curiosamente, não tem a ver com essa dieta cinematográfica de que estávamos falando.
É um filme de suspense climático e muito simpático, baseado num thriller psicológico menos conhecido de Patricia Highsmith
Eu vi e recomendo, e aproveito a deixa para republicar a resenha do amigo Carlos Cirne para a newsletter Colunas e Notas:
"As Duas Faces de Janeiro - As Aparências Não Enganam"
(Carlos Cirne - Colunas & Notas)
A primeira coisa que se percebe, logo nos primeiros minutos de “As Duas Faces de Janeiro”, é uma incômoda sensação de que nem tudo nos está sendo mostrado, ou contado, e que aquelas pessoas escondem alguma coisa. Todas!
Mas aí a gente se lembra de que é um filme baseado em uma obra de Patricia Highsmith - a mesma autora de “O Talentoso Ripley”, entre outros - e todas as nossas dúvidas ficam esclarecidas: eles estão mesmo escondendo algo. Todos!
1962: Rydal (o subaproveitado Oscar Isaac), jovem americano de aparência acentuadamente mediterrânea e poliglota, ganha a vida como guia turístico em Atenas, e tem como rotina seduzir incautas turistas e aplicar pequenos golpes em endinheirados norte-americanos. Durante um de seus tours vislumbra ao longe o casal Chester (Viggo Mortensen, meio sumido desde 2012) e Colette MacFarland (Kirsten Dunst, sem sal como sempre), interessa-se pela garota, mas alega achar o homem parecido com seu recém-finado pai. E dá um jeito de aproximar-se.
Instalada a ambígua tensão sexual no triângulo de protagonistas, resta ao destino virar de ponta cabeça todas as expectativas do público. Uma série de pequenas situações vai aproximando, mesmo que involuntariamente, o jovem do casal em viagem pela Grécia. E os laços se apertam um pouco que por demais.
O que é muito interessante é que as soluções técnicas adotadas pelo estreante diretor Hossein Amini (também autor do roteiro, assim como do roteiro do impressionante “Drive”, de 2011), todas encaminham o espectador para uma sensação de calor e sufocamento - muita luz, areia e fotografia em tons quentes - indescritível. O calor - assim como a tensão e o perigo - chegam a incomodar. Para tanto, também contribui e muito a trilha sonora, assinada por Alberto Iglesias, herdeiro direto de Bernard Hermann e suas hitchcockianas criações (à exceção da música dos créditos finais, esta claramente “anos 60”).
E se você ficar, como eu, incomodado com a figura de Daisy Bevan, que faz algumas cenas como “Lauren”, no começo do filme, não se preocupe, o DNA não mente. Ela é, simplesmente, da quarta geração de uma família de estrelas que inclui seus avós, Tony Richardson e Vanessa Redgrave, sua tia-avó Lynn Redgrave, sua mãe, Joelle Richardson, e sua tia, a bela Natasha Richardson, falecida em 2009.
As Duas Faces de Janeiro
(The Two Faces of January - 2014 - Reino Unido / França / EUA - 96’)
Direção: Hossein Amini
Com: Viggo Mortensen, Kirsten Dunst, Oscar Isaac, Daisy Bevan e David Warshofsky
Em cartaz no Cinespaço Shopping Miramar
confira os horários das sessões em:
http://cinespaco.com.br/home/
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