por Chico Marques
Zélia Duncan completa ano que vem nada menos que 35 anos de carreira.
Tudo começou em 1981, quando essa niteroiense da gema fez sua primeira apresentação dentro do Projeto Pixinguinha, saudoso programa da FUNARTE que lançou novos talentos em tournées por várias capitais brasileiras, onde eram apresentados ao público por artistas consagrados que funcionavam como padrinhos musicais. No caso de Zélia, seu padrinho foi o grande Luiz Melodia.
Zélia, no entanto, demorou até conseguir gravar seu primeiro disco. Foi só em 1990 que ela conseguiu um contrato com o selo Eldorado, usando seu verdadeiro nome, Zélia Cristina, e gravou "Outra Luz". Eu, pessoalmente, lembro bem dela aqui em Santos na época, correndo as rádios ao lado do divulgador da Eldorado, extremamente simpática e solícita com todos os profissionais de rádio da nossa região. A Enseada FM, onde eu era programador musical, tocou muito seu primeiro LP, não apenas pelos méritos artísticos do disco, que era muito bom, mas principalmente porque ela nos cativou. Como fazia parte do projeto artístico original da emissora dar voz a novos talentos dentro da cena pop brasileira, o ótimo trabalho musical de Zélia veio bem a calhar naquele momento. Quem ouvia o programa "Aquarela", que ia ao ar na hora do almoço e no final da tarde, com certeza escutou muito esse disco sem saber ao certo quem era ela.
Na medida em que essa empatia inicial foi recíproca, Zélia não se esqueceu da gente quando conseguiu, já como Zélia Duncan, um bom contrato com a Warner Brasil e projeção nacional com "Catedral", de seu segundo disco. Sempre que saía promovendo um novo disco pela Warner, fazia questão de nos visitar na Enseada FM. Entrava no ar ao vivo e concedia entrevistas longas, muitas vezes furando o cronograma de visitas dos divulgadores, só para ficar mais tempo em nossa companhia.
Nesses 25 anos, Zélia trilhou um caminho muito pessoal. Nunca foi devidamente absorvida pela MPB por sua insistir numa postura de roqueira-pop -- ela substituiu Rita Lee na tournée de retorno dos Mutantes originais, em 2006 --, e também nunca foi vista como uma artista rock-pop pelos artistas de rock e pop.
Se, por uma lado, isso dificultou um pouco as coisas para ela, por outro garantiu uma independência que permitiu a ela conduzir sua carreira como quisesse, sem interferência das gravadoras por onde passou, sempre amparada por um público cativo que a prestigia invariavelmente, onde quer que ela vá.
Zélia Duncan tem um histórico de poucas apresentações aqui em Santos. Com certeza, faltou oportunidade. Mas como nunca é tarde para corrigir algo assim, ela está chegando à cidade na próxima quinta-feira para um show solo, voz e violão, chamado "O Lado Bom da Solidão", em que ela passa a limpo sua carreira como cantora e compositora de forma intimista e sempre surpreendente.
Dêem as boas vindas a Zélia Duncan.
E preparem-se para conhecer melhor uma das figuras mais simpáticas e cativantes do nosso meio musical pop -- como demonstra o vídeo abaixo, em que ela canta "Catedral" em dueto com o amigo Renato Russo.
ZÉLIA DUNCAN AO VIVO
VOZ E VIOLÃO: O LADO BOM DA SOLIDÃO
Quinta, 16 de Julho, 21:30 horas
Teatro Coliseu
Amador Bueno 237 - Centro - Santos SP
INGRESSOS À VENDA
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