Saturday, June 2, 2018

DEEM AS BOAS VINDAS PARA NOSSA CORRESPONDENTE EM LECCO, ITÁLIA



Buongiorno a tutti! Diretamente do calor arretado de um claudicante verão italiano.

Como iniciar qualquer apresentação, sem antes agradecer esse imenso privilegio de colaborar no blog do Chiquinho? Sim, pra mim é o blog do Chiquinho. Sem nenhum desmerecimento, pelo contrário! Queridíssimo colega da Letras, inteligente, irônico, super zen, sarcástico, delicadíssimo até pra discordar. E outras qualidades inumeráveis. Mas quem o conhece já sabe disso. Obrigada Chiquinho, de coração, pela confiança.

Vamos lá. Nao sou muito habituada a pequenas e breves crônicas, poetisa chata e insistente no amor que sou. Mas o desafio é irrecusável e há seu encanto, como toda proposta. Nova. Indecente.

Vivo em Lecco. Uma cidade no norte da Itália. Estou por aqui há exatos 20 anos. Se amo viver aqui? Digo sempre, ainda é melhor ser pobre aqui do que em qualquer outro lugar...Scherzo. Claro que amo viver aqui. De qualquer forma, sou sempre estrangeira, até mesmo quando estou no Brasil. Ou sobretudo quando estou por aí.

Todo mundo acha que conhece bem a Itália e que sabe falar perfeitamente o italiano. Mas a realidade é outra coisa. As pessoas conhecem bem os produtos italianos e arranham aquela linguagem hieroglífica, quase cômica, mas suficiente  pra todo turista se virar. Digo sempre que ninguém conhece nada até que o misterioso não invade a nossa alma por inteiro. Portanto, é partindo desse pressuposto, e da imensa diferença que há entre o turista, o viajante e o habitante, que vou aos poucos apresentando essa minha cidadezinha maravilhosa, um bijoux precioso, pra que vocês viajem um pouquinho através das minhas impressões. En plein air...diria Monet.

A primeira informação é doverosa: Lecco é um ramo do Lago Lario. Que erroneamente o turista desavisado e exibido chama de Lago de Como. Nãoooo! e eu fico brava pacas. Vou tentar ajudar: tenha em mente aquele ossinho do frango, onde você pega numa perninha e seu amigo, ou namorada, ou amante pega na outra perninha (ainda estou me referindo ao frango!...). Faz-se um desejo e se rompe o pobre esqueletinho. Lembram? Essa formação é a mesma da extensão de terra que abraça o Lago Lario. Quando as suas águas passam pela cidade de Como, o Lago é denominado Lago de Como. Quando passam por aqui, chamam-se Lago de Lecco. Portanto, nao é tudo a mesma coisa, ainda que o mesmo Lago sempre. E viva a sabedoria popular: cada um com seu cada um!

Por hoje, fico por aqui. Primeiro, humildemente, devemos saber por onde estamos viajando. A geografia é direção fundamental e preciosa, porque é por onde vamos levar a nossa alma para novas descobertas. Se quiserem procurar a cidadezinha mágica, vão no Google e a encontrarão entre Milao e Bergamo. Região Lombardia.

Nao faltarão fotos surpreendentes e encantadoras. Porque metade da cidade sao os pré-Alpes e a outra metade é o Lago. Metade da cidade é sol, e a outra é uma ameaça de tempestade continua. Metade da cidade é ladeira abaixo, e a outra é ladeira acima...um sonho, inusitada, mais ou menos virgem (?), pequenininha, de origem essencialmente industrial, mentalidade conservadora, gente rica. Uma metade é assim, a outra metade é de extra-comunitários, que dão um duro danado. Depois há os desempregados, tantos, ou falidos, como eu. Mas mesmo assim tudo vale a pena, se a alma é vasta. Metade da cidade é sortuda, e a outra também, porque o Oswaldo Montenegro nunca passou por aqui!! Dai, scherzoooo...

Se posso, se o Chiquinho me permite, mando um beijo a todos e agradeço a atenção generosa e paciente.

Quem é essa que escreve? Abstrai...não há nenhuma importância.

Arrivederci, e alla prossima.

Sole

Microscópica Biografia
Solange Menegale Piasentin nasceu no Rio de Janeiro e foi pra Brasilia aos 6 anos. Tem 58 anos. Cursou Letras na Unb, fez curso de extensão em Linguística na Universidade Clássica de Lisboa, professora de português e de italiano na UnB (Universidade de Brasília), funcionária no Consolado-Geral do Brasil em Milão (grandes merdas), e dedicou a vida toda à poesia, com livros publicados e vencedora de concursos em Roma e Pistoia. Vive na Itália ha 20 anos e hoje é proprietária/gestora do Café Blondel, um café literário que promove apresentações de livros, autores novos, peças de teatro, música, quartetos de jazz, duo de blues, encontros sobre mercado business, saúde, naturopatia, xamanismo, filosofia etc. De fato, faliu...


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