Sem grandes estrelas e com corridas de bigas em 3D, Ben-Hur volta repaginado e com nova mensagem. Lançamento foi discreto, em meio a dúvida sobre se público jovem vai embarcar em história milenar.
Em 1960, o filme Ben-Hur, dirigido por William Wyler, ganhou 11 Oscars, estabelecendo um recorde que ainda se mantém. Foram necessárias várias décadas para que dois outros filmes igualassem o número de estatuetas – Titanic, em 1998, e O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei, em 2004.
É questionável, porém, se a nova adaptação cinematográfica de Ben-Hur, que se passa na época de Jesus Cristo, será capaz de alcançar o sucesso da sua antecessora na próxima cerimônia da Academia, em fevereiro.
"Ben-Hur? Que Deus nos acude!", zombou o especialista em filmes Jeff Bock mesmo antes de o novo filme estrear nos cinemas.
Além de enfrentar a desconfiança dos críticos, o filme também conta com uma estratégia de marketing incomum. A estreia do filme ocorreu na República Tcheca e na Eslováquia no dia 11 de agosto. Nas Filipinas, o filme chegou às telas na sexta-feira (12/08). Nos próximos dias, ele deve chegar a outros mercados semelhantes. A produção de 90 milhões de dólares só vai estrear nos EUA em 19 de agosto. No Brasil, o filme chega aos cinemas um dia antes. Já os espectadores alemães vão ter que esperar até o dia 1 de setembro.
Não está previsto nenhuma grande estreia mundial ou um grande evento glamoroso em Los Angeles ou Londres – práticas comuns para esse tipo de blockbuster. Ficou parecendo que o estúdio Paramount está convencido que o filme não será um sucesso.
O diretor russo de origem cazaque Timur Bekmambetov, conhecido em Hollywood por seus filmes de fantasia e ação, é responsável por dirigir a nova versão de Ben-Hur.
O papel do príncipe judeu Judah Ben-Hur, interpretado por Charlton Heston em 1959, é agora ocupado pelo ator britânico Jack Huston. Já o papel do adversário de Ben-Hur, Messala Severo, coube a Toby Kebbell. O brasileiro Rodrigo Santoro interpreta Jesus Cristo. A ausência de grandes estrelas é bem visível.
A tradição de filmar a história de Ben-Hur é longa. Após a primeira adaptação para o cinema em 1907, foi a vez de uma versão muda dirigida por Fred Niblo em 1925, que foi um enorme sucesso. Trinta e quatro anos depois, surgiu a versão premiada do diretor William Wyler.
Em 2003, a história foi adaptada em um desenho animado. Seis anos depois, foi a vez de surgir uma série de televisão. Agora, mais uma tentativa está sendo feita para atrair novos espectadores.
"Nosso Ben-Hur não deve ser visto como um remake do filme de Wyler, mas como uma nova adaptação cinematográfica do romance de Lew Wallace, que foi escrito em 1880", explica o produtor Sean Daniel. "O corroteirista John Ridley se centrou nas relações familiares, no poder da fé e, em particular, na reconciliação. O filme original era focado em vingança."
Em 1959, o veterano de Hollywood William Wyler concentrou-se na animosidade entre os ex-amigos Ben-Hur (Charlton Heston) e Messala Severo (Stephen Boyd).
Ben-Hur, que tinha sido um nobre muito respeitado em Jerusalém, é traído e perseguido pelo procônsul romano Messala, que manda posteriormente escravizá-lo. Milagrosamente, Ben-Hur sobrevive à tortura e à prisão, e mais tarde busca se vingar. Na célebre sequência da corrida de bigas, ele finalmente consegue bater o seu rival.
Tanto a versão muda de Fred Niblo quanto o épico histórico de Wyler florearam o enredo com cenas da vida de Jesus Cristo. Ben-Hur encontra Jesus em diversas ocasiões e depois testemunha sua crucificação. Considerando que o filme de 1959 foi sobre vingança, a nova adaptação se concentra na compaixão.
Alguns dos trailers da nova versão mostram que o diretor Timur Bekmambetov – assim como ocorreu com Wyler – propõe mostrar efeitos visuais bombásticos. Wyler passou dois anos filmando sua versão do filme, e o período de pós-produção continuou por mais alguns anos.
O megaprojeto de Wyler usou cerca de 50 mil figurantes e mais de 350 atores e foi rodado na Cinecittà Studios, perto de Roma.
A MGM Studios investiu mais de US$ 16 milhões na produção. Os anos 1950 foram a era de ouro dos épicos históricos e, com Ben-Hur, Wyler conseguiu produzir uma das últimas obras de sucesso desse gênero.
O mundo do cinema acabaria mudando dramaticamente nas seis décadas seguintes. Os efeitos digitais substituíram em grande parte as hordas de figurantes. A nova adaptação de Ben-Hur, que tem duas horas e também foi filmado na Itália, só usou 2 mil figurantes.
Com a nova versão de Ben-Hur, os estúdios Cinecittà tenta repetir sucessos antigos, embora o orçamento de US$ 90 milhões pareça modesto em comparação com os blockbusters atuais, que costumam custar mais de US$ 200 milhões.
É uma dúvida se o público jovem, que muitas vezes prefere filmes de super-heróis ou de ficção científica, vai se identificar com as aventuras de Judah Ben-Hur, que viveu 2 mil anos atrás.
Mas, mesmo se o público não lotar os cinemas, o novo Ben-Hur terá definitivamente triunfado em um aspecto: as espetaculares corridas de bigas podem agora ser vistas em 3D. (da Deutsche Welle)
BEN-HUR
(Ben-Hur, 2016, 141 minutos)
Diretor
Timur Bekmambetov
Roteiro
Keith R. Clarke
Elenco
Jack Huston
Nazanin Boniadi
Haluk Bilginer
Morgan Freeman
Pilou Asbæk
Marwan Kenzari
Rodrigo Santoro
Moises Arias
em cartaz nas Redes
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