Como qualquer boa Mercearia, trabalhamos para uma das diversas funções da moeda: o entesouramento.
Pelo que andamos vendo nos noticiários ultimamente, pouco se dá quanto ao tamanho do prejuízo do(a) vizinho(a) (leia-se ‘externalização’): queremos o nosso e o resto que se f(piiiiiiiiiiiii)a...
Nada mais normal, não é mesmo? Não é mesmo?! Não?! Uai... jurávamos que era.
Porque o que se vê por aí é de enrubescer Tio Emílio...
Adam Smith, lá nos ‘pratrasmente’, via como grande avanço o tal do ‘capital’: a riqueza social poderia, finalmente, ser ‘móvel’, “móbil”, “mobiliária”, sem ter de colocar uma fazenda inteira debaixo do braço na eventual decisão de um(a) capitalista em morar nas Polinésias Francesas.
São exatamente com esses termos (e palavras!) que conhecemos essa m(piiiiiiiiiiiiiiii)a.
O tempo passou e chegamos ao ‘quase’ ápice do fotossíntese lunar transgênica: a abordagem Sílvio Santos do “Topa Tudo por Dinheiro”. Nesse caso, algo não exclusivo dos capitães de indústrias: pega em cheio políticos(as), corporações e gente que a gente não faz nem ideia.
Emílio Alves Odebrecht ficou sentido com o fato de imprensa “... ser pega de surpresa...” e “... se escandalizar” com todo mar-de-lama vindo à tona. Logo ele, que ajudou a tantas e tantas empresas de comunicação.
Não é justo deixar um amigo como ele nessa situação, não é mesmo?!
Ironias à parte, o que chega pelas delações da Lava-a-Jato não é lá grande novidade. No fundo, todo mundo já sabia, só não dava para provar: capitalismo de ‘cumpadres’, concorrências ‘do doce’, “... eu te puxo e tu me lambe...”, uma coisa...
O ‘pobrema’ é que tem mais carne debaixo desse angu: nem nós dessa distraída Mercearia, nem o público leitor, fazem a menor ideia de como é que o ‘trem’ toca. Deve ter mais: a seguir, cenas dos próximos capítulos.
Quanto à irritação de Emílio (Alves Odebrecht), faz até algum sentido: “... qual é?! São três décadas de ‘mamatas’ e vocês estão horrorizados?!”. “Agora, que estão sabendo, vão ficar nessa?!”.
Olha, Seu Emílio, nós aqui dessa depauperada Mercearia já avisamos que ficamos do jeito que a gente quiser. ‘Nóis é pobre’ porque não temos os “amigos certos”, não é mesmo?! Ficou fácil ser empreendedor com risco zeríssimo na empreitada: os milagres do dinheiro público, não, Seu Emílio?!
O que ficou bem claro na reclamação do Seu Emílio é que há um certo tipo de “empreendedorismo” no país que sequer mereceria receber tal nome: com todos os recursos de derrame de dinheiro público travestidos de isenções, renúncias tributárias e os escambau, ficou fácil aparecer na mídia como o(a) “Homem/Mulher do Ano” (ou a galera já se esqueceu de Eike Batista?!).
O negócio é ‘se dar bem’, independente de quem pague a conta. Quando a casa cai, ...
Essa Mercearia ainda acredita que ‘o macro é reflexo do micro’. Há gestos diários, comuns, corriqueiros, desses nas mãos de cada um de nós, que ajudam a corroborar esse tipo de coisa, além de criar monstros de qualquer sorte. Em nome do ‘não-julgamento’, permitimos. Quando a gente vê lá na frente, ...
Não se trataria de ‘colocar ‘pra’ escanteio’ quem não anda na linha: mais do que isso, seria função de todos nós a criação de um ambiente de tremendo desconforto para quem age “pra se dar bem”, onde a ‘sustentação financeira’ de tudo está acima de todas e quaisquer coisas. Em hora propícia, os(as) pulhas perceberiam que não haveria qualquer “espaço de manobra” para o auto-interesse: aquele ‘lancezinho’ de surfar na aba do chapéu dos outros para receber os ‘louros-da-glória’ em qualquer ponto futuro.
Mas... como sonhar não custa nada, sonhemos! Quem sabe... um dia... Semana que vem, tem mais.
Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 48 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
mas vive mesmo é de escrever e traduzir.
É avesso a hermetismos
e herméticos em geral,
e escreve semanalmente em
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