por Chico Marques
Bom, antes de mais nada queria deixar bem claro que não li o livro que comentarei hoje.
Bom, antes de mais nada queria deixar bem claro que não li o livro que comentarei hoje.
Não por preconceito, ou por pedantismo intelectual, ou coisa que o valha.
Não li porque só fiquei sabendo da existência dele nesta quarta feira, quando seu autor -- o exímio jornalista carioca Artur Xexéo -- foi ao programa da Ana Maria Braga para lançá-lo -- e entregou um exemplar nas mãos dela e outro nas garras do Louro José -- e falou prolongadamente sobre ele.
Sim, estou falando sobre "Hebe, a Biografia", que está chegando às livrarias de todo o Brasil estrategicamente na semana que antecede o Dia das Mães -- que também é Dia das Avós, o que torna o livro em questão uma opção preferencial e certeira como presente.
Muita gente não sabe, mas a taubatense Hebe Camargo, nascida em 8 de Março de 1929, começou sua vida artística como cantora: primeiro em programas de calouros, aos 13 anos, e depois em boates, no rádio e em discos -- mas foi na TV que ela realmente brilhou, primeiro como cantora e apresentadora, e mais tarde apenas como apresentadora.
Hebe começou na TV antes mesmo da TV ser inaugurada no Brasil, por Assis Chateaubriand. Ela estava aqui no Porto de Santos ao lado de Chateaubriand em 30 de janeiro de 1950, para receber os primeiros equipamentos da futura TV TUPI.
No dia da inauguração das transmissões, foi escalada para cantar o Hino da Televisão, mas alegou estar doente e acabou substituída por sua amiga Lolita Rodrigues.
O motivo da ausência de Hebe, no entanto, era outro, e essa é uma das revelações que o Xexéo faz no livro -- não me perguntem o porque, como disse lá no alto, estou comentando o livro sem tê-lo lido.
Mas quem leu afirma categoricamente que Xexéo fez um belo trabalho.
E não hesitou em usar toda sua habilidade como cronista para passear com muita leveza pela vida de sua biografada, convidando o leitor a praticamente se sentar na poltrona da apresentadora para ouvir as suas histórias de vida.
Só que narradas por ele.
Artur Xexéo dedicou-se ao livro durante 18 meses e conviveu com alguns dos parentes de Hebe, entrevistou seus amigos e gente que trabalhou com ela e mergulhou nos arquivos de sua trajetória.
Os namoros controversos, o casamento, o filho, o aborto que ela confessou publicamente ter feito, os medos, as cirurgias plásticas, o tipo de comida favorita, o amor pelo pai, os primeiros passos na carreira, o sucesso..
...e também os ressentimentos, as brigas, as amizades, as viagens, as críticas políticas que fazia na abertura de seu programa e lhe renderam brigas com o Congresso Nacional e conflitos no SBT.
Nada de relevante parece ter ficado de fora.
Por mais desafiador que possa ser resumir em menos de 300 páginas a vida de uma mulher como Hebe Camargo, Xexéo manteve-se fiel ao essencial.
E tratou de contá-la numa longa sequência de crônicas, fugindo ao formato mais rígido tradicionalmente em biografias e falando basicamente o essencial.
Com essa atitude, parece ter revelado uma mulher corajosa que abriu caminhos na vida artística numa época em que a maior parte das mulheres largava tudo para casar.
Pior: casou com um homem desquitado, às escondidas, e sofreu preconceitos e humilhações quando ainda não era uma estrela.
Segundo Xexéo, "Hebe era uma artista que, apesar de se ressentir de não ter estudado, recebeu em seus palcos os principais personagens da vida política e cultural do país.
Numa época em que não se falava de feminismo, seu primeiro programa como entrevistadora na TV se chamava “O mundo é das mulheres”, um talk show que estreou em setembro de 1955 na TV Paulista, tendo como convidado o então prefeito de São Paulo Juvenal Lino de Matos.
Pelo sofá de seu primeiro programa, passaram artistas como Tom Jobim e Vinicius de Moraes e o deputado federal Nelson Carneiro, que na época já defendia o divórcio no Brasil."
Nos Anos 60 e 70 na TV Record, Hebe dominava o Horário Nobre aos domingos. Acontecia de tudo por lá. Rita Lee e Arnaldo Baptista se casaram (de brincadeira, claro!) em seu programa.
Quando recebia amigos como Clodovil, Dener, Pelé, Agnaldo
Rayol, Ronald Golias e Renato Côrte-Real, aí então o programa se transformava na extensão da sala de estar dos telespectadores.
Segundo Xexéo: “O sofá no palco do Teatro Record no qual a mais querida apresentadora do Brasil recebia seus convidados virou uma instituição nacional.
Ninguém tinha prestígio suficiente neste país se não se sentasse ali para ser entrevistado”.
Como disse no começo, nao li ainda "Hebe, a Biografia", mas já sei que vou gostar.
Primeiro porque admiro muito o talento e a versatilidade de Artur Xexéo, e, conhecendo o trabalho que ele realizou em "Janete Clair- A Usineira dos Sonhos" (Relume Dumará, 1996), posso imaginar como ele deve ter conduzido esse projeto.
E segundo porque sempre gostei e tive o maior respeito e a maior admiração por Hebe Camargo, e nunca permiti que eventuais divergências ideológicas conspirassem contra isso.
Só lamento que minhas duas avós não estejam mais vivas, pois seria um prazer enorme poder presentear as duas nesse Dia das Mães com "Hebe, a Biografia".
Muita gente não sabe, mas a taubatense Hebe Camargo, nascida em 8 de Março de 1929, começou sua vida artística como cantora: primeiro em programas de calouros, aos 13 anos, e depois em boates, no rádio e em discos -- mas foi na TV que ela realmente brilhou, primeiro como cantora e apresentadora, e mais tarde apenas como apresentadora.
Hebe começou na TV antes mesmo da TV ser inaugurada no Brasil, por Assis Chateaubriand. Ela estava aqui no Porto de Santos ao lado de Chateaubriand em 30 de janeiro de 1950, para receber os primeiros equipamentos da futura TV TUPI.
No dia da inauguração das transmissões, foi escalada para cantar o Hino da Televisão, mas alegou estar doente e acabou substituída por sua amiga Lolita Rodrigues.
O motivo da ausência de Hebe, no entanto, era outro, e essa é uma das revelações que o Xexéo faz no livro -- não me perguntem o porque, como disse lá no alto, estou comentando o livro sem tê-lo lido.
Mas quem leu afirma categoricamente que Xexéo fez um belo trabalho.
E não hesitou em usar toda sua habilidade como cronista para passear com muita leveza pela vida de sua biografada, convidando o leitor a praticamente se sentar na poltrona da apresentadora para ouvir as suas histórias de vida.
Só que narradas por ele.
Artur Xexéo dedicou-se ao livro durante 18 meses e conviveu com alguns dos parentes de Hebe, entrevistou seus amigos e gente que trabalhou com ela e mergulhou nos arquivos de sua trajetória.
Os namoros controversos, o casamento, o filho, o aborto que ela confessou publicamente ter feito, os medos, as cirurgias plásticas, o tipo de comida favorita, o amor pelo pai, os primeiros passos na carreira, o sucesso..
...e também os ressentimentos, as brigas, as amizades, as viagens, as críticas políticas que fazia na abertura de seu programa e lhe renderam brigas com o Congresso Nacional e conflitos no SBT.
Nada de relevante parece ter ficado de fora.
Por mais desafiador que possa ser resumir em menos de 300 páginas a vida de uma mulher como Hebe Camargo, Xexéo manteve-se fiel ao essencial.
E tratou de contá-la numa longa sequência de crônicas, fugindo ao formato mais rígido tradicionalmente em biografias e falando basicamente o essencial.
Com essa atitude, parece ter revelado uma mulher corajosa que abriu caminhos na vida artística numa época em que a maior parte das mulheres largava tudo para casar.
Pior: casou com um homem desquitado, às escondidas, e sofreu preconceitos e humilhações quando ainda não era uma estrela.
Segundo Xexéo, "Hebe era uma artista que, apesar de se ressentir de não ter estudado, recebeu em seus palcos os principais personagens da vida política e cultural do país.
Numa época em que não se falava de feminismo, seu primeiro programa como entrevistadora na TV se chamava “O mundo é das mulheres”, um talk show que estreou em setembro de 1955 na TV Paulista, tendo como convidado o então prefeito de São Paulo Juvenal Lino de Matos.
Pelo sofá de seu primeiro programa, passaram artistas como Tom Jobim e Vinicius de Moraes e o deputado federal Nelson Carneiro, que na época já defendia o divórcio no Brasil."
Nos Anos 60 e 70 na TV Record, Hebe dominava o Horário Nobre aos domingos. Acontecia de tudo por lá. Rita Lee e Arnaldo Baptista se casaram (de brincadeira, claro!) em seu programa.
Quando recebia amigos como Clodovil, Dener, Pelé, Agnaldo
Rayol, Ronald Golias e Renato Côrte-Real, aí então o programa se transformava na extensão da sala de estar dos telespectadores.
Segundo Xexéo: “O sofá no palco do Teatro Record no qual a mais querida apresentadora do Brasil recebia seus convidados virou uma instituição nacional.
Ninguém tinha prestígio suficiente neste país se não se sentasse ali para ser entrevistado”.
Como disse no começo, nao li ainda "Hebe, a Biografia", mas já sei que vou gostar.
Primeiro porque admiro muito o talento e a versatilidade de Artur Xexéo, e, conhecendo o trabalho que ele realizou em "Janete Clair- A Usineira dos Sonhos" (Relume Dumará, 1996), posso imaginar como ele deve ter conduzido esse projeto.
E segundo porque sempre gostei e tive o maior respeito e a maior admiração por Hebe Camargo, e nunca permiti que eventuais divergências ideológicas conspirassem contra isso.
Só lamento que minhas duas avós não estejam mais vivas, pois seria um prazer enorme poder presentear as duas nesse Dia das Mães com "Hebe, a Biografia".
HEBE, A BIOGRAFIA
Artur Xexéo
Editora Best-Seller
290 Páginas
Preço:
R$34,90
R$34,90
Chico Marques devora livros
desde que se conhece por gente.
Estudou Literatura Inglesa
na Universidade de Brasília
e leu com muito prazer
uma quantidade considerável
de volumes da espetacular
Biblioteca da UnB.
Vive em Santos SP, onde,
entre outros afazeres,
edita a revista cultural
LEVA UM CASAQUINHO
Vou ler esse livro,aliás, quero muito e vou levar um casaquinho como recomendação de minha tia.
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