Friday, May 26, 2017

CAFÉ & BOM DIA #61 (por Carlos Eduardo Brizolinha)



Nunca fui bom aluno de matemática, sou péssimo em lidar com números, razão pela qual ando atrás de Beremiz Samir para poder entender os cálculos, números de projeções, métodos estatísticos et cétera e tal. Como houve um retrocesso na qualidade do jornalismo, salve Claudio Abramo, mantenho DE TI O LEGADO DO CETICISMO RACIONAL, deram de me oferecer números e números que não consigo entender patavina. Beremiz Samir que tive o prazer de conhecer ainda menino me impressionava com seus feitos, um singular personagem, um fabuloso calculista da Pérsia. Hank Tade-Maiá e Beremiz sei que decidiu viajar junto para Bagdá e durante o trajeto Beremiz deu mostras de sua extraordinária habilidade com os cálculos. Em suas viagens, Esse Homem que Calculava resolveu diversos problemas , tais como: dos 35 camelos; dos quatro quatros; do joalheiro; dos 21 vasos; do jogo de xadrez; dos três marinheiros; das abelhas; da metade de x da vida; dos número 142.875; entre outros. assim sendo e sendo assim só ele para me fazer entender a enxurrada de números nos jornais televisivos. Como pode o que stá em tal jornal não estar no outro? Li que em Bagdá, Beremiz rapidamente ficou famoso e muito requisitado, tanto por pessoas comuns quanto por nobres, despertando a simpatia de uns e a inveja de outros. Trabalhou como secretário do Grão-vizir Ibrahim Maluf, enquanto Tade-Maiá ficou como escriba deste mesmo ministro, Beremiz aceitou também a tarefa de ensinar a matemática à filha do poeta Lezid, travando conhecimento com Telassim, sua futura esposa. O califa, então, ouviu falar de Beremiz e concedeu-lhe uma audiência, na qual ficou encantado com a argúcia do calculista, elogiando-o, ainda que desconfiado de tamanha habilidade matemática. Onde anda Beremiz para pedagogizar essa enxurrada de números que pode ser singularizada em uma só palavra, meu café está mais caro.



Alguns anos atrás lia Bolaños, dizia eu ter sido um passeio no parque em dia de chuva intensa para ver infra realismo. Sempre me ocorre quando se fala de nova literatura é algo que acharam no quarto dos fundos. Bolaños não fez escola. O moderno nos tempos atuais tem o tempo de uma bolha de sabão. Não posso negar a criatividade, me curvo diante da criatividade deste chileno, afinal fazer uma enciclopédia de autores fictícios é uma empreitada e tanto. Os críticos incensaram Bolaños e viram nele vapores de Jim Morrison com Joyce que não consegui ver, mas quem sou eu? Uma pessoa muito estimada e professor na federal do Paraná disse me ter começado com o livro erradoetetives Selvagens " primeiramente. Depois ler " Livro de 98 " e ai sim, Noturno no Chile ". É ótimo ter esse tipo de orientação, Quando comentei com meu amigo já havia terminado " Noturno no Chile " . Gostei embora não eleve Bolanõs ao mais alto grau da prateleira sagrada. O Padre Ordutia Lacroix sonhando em ser crítico literário visita o maior crítico do Chile Lamarca Farwel, é assim o ponto inicial de uma costura ficcional que nos encanta e diverte. É especialmente divertido ler as aulas de marxismo dada a Pinochet, como também o componente grego gasto. O FB me faz relembrar apontamentos de outrora, mas Lucy é melhor com sua coleção de alfinetes.



Jarry foi transgressor e auto destrutivo, sabe se lá se por intenso consumo de bebidas, éter e absinto. Com a morte de sua mãe veio a desestabilização emocional, surge um desprezo pela vida social e biológica. Antes de ser internado num sanatório criara uma fusão do seu personagem Ubu e vivia omo se tal fosse. O personagem nasce de uma troça juvenil por vingança e diversão. É estruturada para um teatro de marionetes e depois para os palcos. Jarry com sua ida para Paris cresce com a publicação de um texto, sendo premiado. Encena informalmente " Os cornos de P.H. " nasce Ubu. A estréia de Ubu rei em 09 de dezembro de 1896, gerou muita polêmica,resultando numa temporada curtíssima de apenas duas apresentações. Conforme Edward Braun, a sala estava tomada por mais de mil espectadores. “Desses, se calcula que não mais de cem pagaram sua entrada, e que o resto eram críticos,amigos e desocupados. Fala de Pai Ubu - Capitão Bordura , decidi nomear o senhor, será Duque do Maranhão. O Capitão replica - Mas como Pai Ubu se você é um plebeu? Pai Ubu solta uma frase enigmática JARNICOTONBLEU! JARNICOTONBLEU! JARNICOTONBLEU! Pois bem, acordei com os brados JORNICOTONBLEU. Realidade ou vinho? Me vi num palco como ignóbil patife no meio de muitos Palotins. O alucinado e criativo Jarry se utiliza de Palotins que são todos eles habilitados para as piores e mais imundas tarefas. Todos os palotins saíram em busca do significado da palavra JORNICOTONBLEU, alguns anos de esforços desenterraram inúmeros esquifes e de um deles sai Cotton. Para você ter uma ideia de Cotton, foi ele um ser que quando perambulou pela face da Terra era tão odiado que surgiu o termo " Je revie Cotton " ou seja, " Te renego Cotton " Dai esse termo passou por um processo de mutação que evoluiu para JARNICOTONBLEU. Tal como Ubu mandaria todos para o buraco ao som de JORNICOTONBLEU. Obviamente dei saltos de canguru na obra de Jarry, mas não cai em nenhum buraco.



Pouco mais de 3 milhões de habitantes, berço de La Cumparsita, celeiro de grandes artistas plásticos tais como Juan Manuel Blanes, Pedro Figari, Pedro Blanes Viali, José Cuneo Perinetti, Rafael Barrada. Aprecio muito os trabalhos de Torres Garcia e José Gurvich, sendo Torres um pintor muito inventivo que trabalhou com Gaudí na obra " Sagrada Família ". Gurvich de origem Lituana migrou para o Uruguai. A literatura ganha corpo com Bartolomé Hidalgo que deu identidade nacional, depois abre o século XX com José Enrique Rodó de grande importância para as letras do paisito. Nos anos 40 surge o magnifico Juan Carlos Onetti, primeiramente por se diferenciar de outros autores latinos. Seu olhar existencialista, amargo, solitário e seu palco " Santa Maria ", cidade imaginária onde nasceram inspirações para sua prosa desencantada, com pleno domínio psicológico. Rejeito os doutos que enxergam Gabriel Garcia, Borges como influência na sua obra. Bordaberry presidente do Uruguai prende Onetti em 1974 e exilou se em Madri. Em Junta Cadáveres, livro com tom mais suave e bem humorado do que " A Vida Breve ", Onetti é caustico. Acompanhar Larsen montar um prostíbulo ideal em Santa Maria com prostitutas velhas e vividas sustenta um livro muito bom. O Uruguai tem uma literatura muito boa, vide Benedetti, Carlos Moreno, Eduardo Galeano, o ótimo poeta Rafael Courtoisie.



É uma situação que não há como arrancar imagens divertidas, o efeito é provocar um afastamento da realidade. "Em si mesma. toda ideia é neutra ou deveria ser; nesta animação projeta chamas e demências...(...) ". Esta aí a abertura do livro de Cioran " Breviário da Decomposição ".O tópico é Genealogia do Fanatismo que digito usando a ideia em outro caminho. Há um cemitério para ideias que brotam e morrem, não há a minima possibilidade de renovar os 513 deputados federais, tal se dá com senadores. O clientelismo é milenar e assim será, roubo outra ideia de Cioran onde diz que o ser nasce com uma dose de pureza predestinada a ser corrompida. Ninguém lembra dos inúmeros escândalos na história do Brasil e todos eles não creio ter atingido o numero de envolvidos deste. Quando governadores saqueiam silenciosamente seus estados, neo Atílas, Alaricos para que nossos olhos não vejam grama, não vejam nada em pé. Li " A queda do império romano , A queda da Bastilha, queda do terceiro reich, queda do muro de Berlin...et cetera ", e gostaria de ver meus sonhos não serem aviltados, mas quando queda levam embora escorpiões que se afogam por instinto, que caiam todos e caim outros tantos até que propósitos justos se encaixem.

BOM DIA (COM O CAFÉ MAIS CARO)




Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
é poeta e proprietário
da banca de livros usados
mais charmosa da cidade de Santos,
situada à Rua Bahia sem número,
quase esquina com Mal. Deodoro,
ao lado do EMPÓRIO SAÚDE HOMEOFÓRMULA,
onde bebe vários cafés orgânicos por dia,
e da loja de equipamentos de áudio ORLANDO,
do amigo Orlando Valência.




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