Monday, March 30, 2015

CINDERELLA: MAIS UM BELO TRIUNFO DA DISNEY FILMS (por Carlos Cirne)





publicado originalmente em Colunas e Notas


Como todo bom conto de fadas, “Cinderela” começa com o tradicional “Era uma vez...” e segue, apoiado na cartilha Disney, até o final catártico que lhe é devido. Neste trajeto, não espere menos do que excelência. “Cinderela” é um dos maiores acertos do estúdio, que não costuma errar muito.

Espertamente precedido pelo curta “Frozen: Febre Congelante” (2015, 8’), da mesma equipe e com o mesmo elenco de vozes do mega-sucesso “Frozen: Uma Aventura Congelante”, de 2013, com direito a novos e pequenos seres de neve, personagens semelhantes ao boneco Olaf, que farão a alegria das crianças (também), “Cinderela” é um deslumbre visual, como há muito não se via. 

Não que as coisas sejam apenas grandiosas; elas são grandiosas e absurdamente detalhadas, com a riqueza que o mago Dante Ferretti (“O Aviador”, 2004; “Sweeney Todd”, 2007 e “Hugo Cabret”, 2011) traz para a direção de arte, somente equiparada pelos figurinos de Sandy Powell – certamente o vestido de “gelo” de Elza em “Frozen” deixará de ser o vestido mais copiado do cinema nos últimos anos, substituído pelo longo azul claro do baile (ou o de noiva) de Cinderella. Não deixe de reparar. 

Assim como também não perca, na cena do baile, os vestidos das outras princesas da Disney - como Belle, Tiana, Aurora, Branca de Neve, Mulan e Ariel - em algumas das convidadas.

Mas não é apenas o assombro visual que cativa em “Cinderela”. 

O roteiro de Chris Weitz – baseado no desenho da própria Disney, de 1950, e na versão mais conhecida do conto, de Charles Perrault, de 1697 – não toma demasiadas liberdades com o material original, conseguindo “atualizar” a história, eliminando os contrastes bruscos, e inserindo meios tons que aproximam a obra dos adultos também, além de obviamente agradar às crianças. 

Para tal, o humor é fundamental. Cinderela sofre sim, mas também dá seguimento à sua própria trajetória, apoiada na promessa que fez à mãe de manter-se “corajosa e gentil” sempre, não importa o que suceda. E é absolutamente confiante no ser humano, conseguindo ver um lado bom até em sua perversa madrasta – outro show da bela Cate Blanchett, perfeita na caricatura. Menos é mais.

O elenco, bem escalado em sua maioria, apresenta algumas coincidências interessantes: o príncipe Kit (Richard Madden) e o Capitão (Nonso Anozie) são ambos do elenco da série “Game of Thrones”, e Cinderella (Lily James) e Drizella (Sophie McShera) são ambas do elenco da série “Downton Abbey”, dois dos maiores sucessos da TV mundial.
O resumo da história, como se alguém não soubesse: a jovem Ella, filha amantíssima de um casamento perfeito, tem sua vida toldada com a morte da mãe e o consequente casamento do pai com uma viúva, mãe de duas filhas. 
Após a morte do pai, Ella é transformada em empregada pela madrasta, mas nem por isso perde sua bondade inerente. E eis que surge um príncipe, uma fada, uma abóbora e certos sapatinhos de cristal que, por mais que digam o contrário, não devem ser muito confortáveis. E tudo isso somente até a meia-noite.

Dois deslizes, que em absoluto abalam a leitura geral do filme, podem ser apontados: a escolha de Ben Chaplin, com sua constante expressão de junkie em abstinência, no papel do pai de Ella, e a trilha sonora “samba-de-uma-nota-só”, de Patrick Doyle, prolífico compositor e parceiro de Kenneth Branagh em outros trabalhos (“Hamlet’, 1996; “Thor”, 2011), que aqui entrega uma trilha enfadonha, que fica girando em torno de si própria, incomodando até, em alguns momentos.

Destaque para dois pontos: a deslumbrante cena do baile no palácio real – Branagh disse que foi convidado para dirigir “Cinderela” porque sabe como montar uma cena de baile -, e Helena Bonham-Carter, finalmente abandonando a persona “esposa-de-Tim-Burton” e fazendo uma deliciosa fada madrinha.

Ah, sim: a Disney já tem sua nova “Let it Go” (sucesso-chiclete na voz de Idina Menzel, da trilha de “Frozen”, e vencedora do Oscar de Canção de 2013); trata-se de “Strong”, de Patrick Doyle, Kenneth Branagh e Tommy Danvers, cantada pela inglesa Sonna Rele nos créditos finais de “Cinderela”, um pouco antes de ouvir-se Helena Bonham-Carter perguntar “Oh, where did everybody go?” (“Onde foi parar todo mundo”), numa das tradicionais brincadeiras do estúdio. Os “Hidden Mickeys” deste filme estão nos vidros da porta da casa de Cinderela. Repare!




CINDERELLA

(2015)


Direção
Kenneth Branagh

Elenco
Hayley Atwell
Lily James
Helena Bonham Carter
Richard Madden
Cate Blanchett
Holliday Grainger
Sophie McShera
Stellan Skarsgård

Em cartaz no Iporanga 4 
e no Cinespaço Shopping Miramar 
(versão legendada) 





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