Friday, September 23, 2016

CAFÉ E BOM DIA $37 (por Carlos Eduardo Brizolinha)

ilustrações de Beppe Giacobbe


Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais (1732-1799), ou simplesmente, Beaumarchais, foi um autor de teatro francês. Ao lado de Molière e Marivaux, é considerado um dos três grandes comediógrafos da época clássica francesa. Começou por exercer o ofício de relojoeiro, foi mestre de música das filhas de Luis XV, sendo seu secretário, diplomata de bastidores e agente secreto. Na infância, estudou violão, flauta e harpa. Esse mestre do teatro francês destaca-se com a "trilogia de Fígaro", constando, conforme o próprio nome diz, de três peças envolvendo o personagem Fígaro. A importância de Beaumarchais para Charles Péguy: escritor francês, fundador de "Cahiers de la Quinzaines" revista de circulação bimestral na década 1900: "se eu fosse professor de história da França, (quer dizer a história), e talvez de história do mundo, eu mandaria meus alunos lerem La Mère Coupable...Faria com que lessem primeiro as duas comédias; e em seguida o drama...Nada permitiria melhor medir a diferença de tempo, a diferença de tom, enfim o que faz propriamente a história e o período e os incidentes de um povo e do mundo. Gostaria de dar aos meus alunos o gosto, mesmo, o sabor por assim dizer físico do que era 1775, 1784, 1792: eu os faria ler simplesmente essas três peças." O seu gênio literário revelou-se nas suas comédias quando retratou com alguma impertinência, a sociedade do seu tempo. Comédias que foram depois aproveitadas, respectivamente, por Mozart e Rossini para criação das óperas " O Barbeiro de Servilha" e "As Bodas de Fígaro". Estava me preparando para ler " Britânico " e tive o impulso de passar pelo magnifico trabalho de Beaumarchais associado a maravillhosa musicalidade de Mozart e Rossini, lamento não ter L' Autre Tartuffe, ou La Mère Coupable (O outro Tartufo, ou a Mãe Culpada), um drama em cinco atos, finalizado em 1792 reverenciado por Peguy.


UMA ESTAÇÃO EM ADEN é o que leio num dos meus arquivos. Phillipe Sollers revisa o livro de Jean Jacques Lefréve " Arthur Rimbaud " portentoso livro de 1 240 páginas. Outro livro que mapeia os passos de Rimbaud é " Rimbaud à Adem " de Hughes Berrou e Pierre Leroy, neste podemos apreciar as fotos de 1880. Não há uma única árvore, nem mesmo ressecada, grama, sequer uma gota de água doce. Aden é uma cratera de vulcão extinto cujo o fundo é recoberto de areia do mar. Não vê nem se toca absolutamente nada além de lava e areia. Nesse buraco assamos como estivéssemos num forno.Nesse ambiente Rimbaud não expressa nenhum romantismo, tensão, somente carrega objetivos financeiros, austeros e precisos. Enfastiado, não lê jornais, romances. Se esmera em ficar fluente em Árabe para vencer na sua atividade. Não fala da sua vida passada e , se alguém perguntar sobre criação poética diz ter sido um período de embriaguez, absurdo, ridículo, repulsivo. Está distante da escola poética decadente. Onde vai o poema " Voyelles " ? Seu plano é ganhar dinheiro, voltar um dia, muito embora estar habituado a vida errante e aos climas quentes. Tudo menos literatura. Olho a fotografia de Rimbaud com cinco personagens coloniais e ele destoa zombando das animações culturais. Na foto exibem armas como se estivessem de volta de uma caçada. Vejo Rimbaud pousar sua mão no cano de seu fuzil. É Rimbaud numa região onde se massacram, pilham, mas é tratado com consideração devido aos seus procedimentos humano. O tempo vai levando para o passado " Une Saison en Enfer " Os poetas não matam, não massacram, não saqueiam. Os poetas são gentis, mas não tem peso. " Alfre Bardey que foi seu patrão nos oferece uma observação " Sua caridade, discreta e ampla, foi provavelmente uma das muito poucas coisas que fez sem zombaria e sem aversão ".



Racine tem um refinamento sonoro dos grande poetas, é dotado de muita sensibilidade na leitura dos corações femininos. Amasie, sua primeira tragédia, foi comprada, mas não encenada pela companhia de Bourgogne. Entretanto a fortuna lhe sorriu quando Molière o amparou e encenou sua segunda peça, a Thebaïde , em 1664. a ela segui-se outra abordagem de temas gregos. Alexandre Le Grand. Demonstrando ingratidão, Racine deu a peça aos rivais de Molière. Sendo os atores do Bourgogne mais hábeis na interpretação de tragédias que os “Comédiens Du Roi” de Molière, a comparação dos dois espetáculos foi desfavorável ao segundo. Molière, que emprestara dinheiro a Racine e continuara a apresentar La Thebaïde com prejuízo, ficou profundamente ferido e nunca mais voltou a dirigir a palavra ao tragediógrafo. No entanto, Racine ficou satisfeito por encontrar a excelente companhia Bourgogne à sua disposição e logo depois em 1667, entregou-lhe sua primeira tragédia memorável, Andromaque. Andrômaca, a viúva de Heitor, é amada por seu conquistador, Pirro, o filho de Aquiles que matara seu marido em Tróia. A memória do herói ao qual entregou seu amor é demasiado grande para que ela possa suportar a idéia de um segundo amor. mas é obrigada a suportá-la, pois apenas através do casamento com Pirro poderá salvar seu filho Astianax da destruição pelos gregos, que estão ansiosos por aniquilar a semente de Heitor. Assim sendo, concorda em casar com Pirro depois de conseguir dele a promessa de que protegerá Astianax e decide suicidar-se depois da cerimônia do casamento. A tragédia chega ao clímax quando a princesa grega Hermione, sujo amor por Pirro é uma obsessão avassaladora, consegue convencer Orestes, que a ama, a matá-lo, apunhalando-se em seguida. Racine consegue outorgar realidade emocional aos conflitos internos de uma mulher que é leal ao seu primeiro amor, mas deve acomodar-se às circunstâncias de uma jovem cuja paixão a leva a destruir o homem a quem ama. Confesso que já havia encontrado muita dificuldade com as peças de Corneille, agora não menos com Racine.

BOM DIA E CAFÉ PRIMAVERIL


Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
é poeta e proprietário
da banca de livros usados
mais charmosa da cidade de Santos,
situada na Rua Bahia sem número,
quase esquina com Mal. Deodoro,
ao lado do EMPÓRIO SAÚDE HOMEOFÓRMULA,

onde bebe vários cafés orgânicos por dia,
e da loja de equipamentos de áudio ORLANDO,
do amigo Orlando Valência.


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