Sunday, July 23, 2017

AS BOAZUDAS DOS ANOS DE OURO DO CINEMA BRASILEIRO #29: DJENANE MACHADO

por Chico Marques


Quem estava vivo no início dos Anos 70, dificilmente não ficou encantado com a uma morena carioca de olhos azuis baixinha e sempre sorridente chamada Djenane Machado.

Djenane, para quem não sabe, ou anda meio esquecido, brilhou em novelas da TV Globo e também nos palcos dos teatros do Rio de Janeiro, já que é filha do lendário godfather do teatro do rebolado Carlos Machado com uma figurinista de sua trupe de vedetes.

Nasceu em 10 de junho de 1947 e cresceu entre a produção de shows e espetáculos de teatro. Na TV, estreou em junho de 1968 na estranhíssima novela "Passos dos Ventos", de Janete Clair, uma história de amor com toques de magia negra estrelada por Carlos Alberto e Glória Menezes, mas logo no ano seguinte participou de outras 3 novelas na TV Globo: "Rosa Rebelde", "A Ponte dos Suspiros" e "Véu de Noiva", sem contar o filme "A Penúltima Donzela" que marcou sua estreia no cinema, ao lado de Paulo Porto.

Djenane ganhou visibilidade maior na novela de Dias Gomes "Assim Na Terra Como No Céu" (1971), que marcou a estréia de Francisco Cuoco e Renata Sorrah na emissora. Mas a consagração e o apelo popular começaram a chegar para valer nos dois anos seguintes, como a riponga Lucinha Esparadrapo de "O Cafona" (1971), de Braúlio Pedroso, e como a espevitada Glorinha de "O Primeiro Amor" (1972), novela que ficou famosa por ter sido o último trabalho do ator Sérgio Cardoso e por ter lançado a dupla Shazam (Paulo José) e Xerife (Flávio Migliaccio).

E então veio a genial e muito popular série de Odulvaldo Viana Filho "A Grande Família", onde Djenane fez Bebel, a filha do casal Lineu (Jorge Dória) e Nenê (Heloísa Mafalda) nas duas primeiras temporadas (1972/1973). Atrasos constantes, crises de estrelismo e problemas de relacionamento acabaram levando a produção da série a um impasse. E Djenane, ao invés de se enquadrar nas normas da empresa, se rebelou e decidiu largar o personagem, sendo substituída por Maria Cristina Nunes nas temporadas de 1974 e 1975.

Desnecessário dizer que a atitude de Djenane foi muito mal recebida pela direção da TV Globo, e graças a isso "ganhou de presente" dois anos de geladeira, sem ser escalada para coisa alguma na emissora.

Daí, o jeito para ela foi se virar fazendo teatro e pornochanchadas para manter sua imagem em voga e não cair no esquecimento popular.

















Djenane até que conseguiu driblar relativamente bem a geladeira de dois anos que ganhou de castigo da direção da TV Globo. Fez muitas dublagens, muita publicidade, e muito teatro do rebolado, virando uma das vedetes do "dream team" de seu pai.

Mas o que a manteve em voga mesmo foram as pornochanchadas de que participou entre 1974 e 1975 -- todas sucessos de bilheteria, consequência direta de seu nome e de sua imagem de biquini ou seminua nos cartazes expostos nos cinemas. Convenhamos: Djenane era de parar o trânsito na época, pequenininha, gostosíssima, linda e sempre sorridente.

Voltou à TV com a corda toda em 1976, em um papel escrito sob medida por Mário Prata para ela, na novela "Estúpido Cupido", inspirada na série de TV americana "Happy Days" (1974/1984), onde interpretava uma garota namoradeira e que foi um sucesso estrondoso no horário da Sete da Noite. Para o grande público, esse foi, certamente, seu papel mais marcante na TV.

Mas daí para a frente, graças a sua fama de encrenqueira e a seu gênio difícil, Djenane nunca mais conseguiu papeis de relevo nas novelas da TV Globo. É o que normalmente acontece quando a emissora quer manter alguém em seu cast, mas morre de medo que esse alguém atrapalhe o andamento de sua linha de produção de espetáculos.

Por conta disso, acabaram redirecionando Djenane para a linha de shows, e a designaram para apresentar um programa de variedades decorrente de "Estúpido Cupido" ao lado de Ney Latorraca, que também era do elenco da novela. O nome do programa era "Saudade Não Tem Idade".

Foi a partir daí que Djenane começou a ter problemas sérios com drogas e alcoolismo, o que acabou gerando seu desligamento da TV Globo e, um pouco mais adiante, seu sumiço de cena. Longe das câmeras, e com muitos quilos a mais, ela não atua há mais de 30 anos. O que se sabe dela ao longo de todo esse período é que publicou alguns livros de poesia em edições do autor, nada além disso.

Só para o registro: Djenane Machado foi uma das primeiras atrizes de renome a posar nua para a Revista PLAYBOY no primeiro ano de sua versão brasileira.

O ensaio, clicado pelo mestre Luís Trípoli, vem agora a seguir, como uma espécie de homenagem nossa a essa moreninha linda e adorável de olhos azuis enormes.










Novelas, Seriados e Minisséries
AnoTítuloPapelEmissora
1986Tudo ou NadaLourdesTV Manchete
Novo AmorLaureta
1985Tudo em CimaMarilu
1982Música ao LongeClarissa/ZulmiraTV Cultura
1981Ciranda de PedraGuiomarTV Globo
1978Saudade Não Tem IdadeApresentadora
1977Espelho MágicoLenita Esper /Neide
1976Estúpido CupidoGlorinha
1972A Grande FamíliaBebel
O Primeiro AmorGlorinha
1971O CafonaLúcia Esparadrapo
1970Assim na Terra como no CéuVerinha
1969Véu de NoivaMaria Eduarda
Rosa RebeldeConchita
A Ponte dos SuspirosBianca
1968Passo dos VentosHanna






















FILMOGRAFIA

A Penúltima Donzela
(1969 Fernando Amaral)

As Alegres Vigaristas
(1974 Carlos Alberto de Souza Barros)

Já Não Se Faz Amor Como Antigamente
(episódio O Noivo 1976 John Herbert)

Sábado Alucinante
(1979 Cláudio Cunha)

Águia Na Cabeça
(1984 Paulo Thiago)

Ópera do Malandro
(1986 Ruy Guerra)



Saudamos Djenane Machado
resgatando a pornochanchada
mais bem-sucedida
de que ela participou.

O link é cortesia do YouTube.

 Enjoy...








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