Sunday, October 29, 2017

POESIA PURA: sábios versos sacânicos de RUBENS RODRIGUES TORRES FILHO


No álbum dos nossos momentos felizes
nunca me esquecerei daquela vez
que você gozou tão gostoso, junto comigo,
lá no sofá do apartamento da Mourato
que peidou. Soltou um peido alto,
de prazer? De gratidão? E foi lindo
que aí você me olhou e sorriu encabulada.
Então peido não é amor?
Se vem do cu é menos expressão?
Mais sonoro e sincero poema
de amor, juro: estou para ouvir


 


Rubens Rodrigues Torres Filho
nasceu em Botucatu SP, em 1942.
Formou-se bacharel em Filosofia
na Universidade de São Paulo em 1963;
concluiu o Doutorado em Filosofia
na mesma universidade, em 1967.
Seu primeiro livro de poesia,
Investigação do Olhar,
foi publicado em 1963.
Entre 1965 e 1994 lecionou
História da Filosofia Moderna
e Filosofia Clássica Alemã,
na Universidade de São Paulo.
Por volta de 1970,
participou na criação da revista
Almanaque: Cadernos de Literatura e Ensaio.
Nos anos seguintes traduziu
textos clássicos de filosofia
de Fichte, Kant, Schelling e Nietzsche
para a coleção Os Pensadores (Ed. Abril),
além de textos de Walter Benjamin e Novális.
Publicou os livros de ensaios
O Espírito e a Letra,
Ensaios de Filosofia Ilustrada,
Dogmatismo e Antidogmatismo:
Kant na Sala de Aula,
e a tese O Espírito e a Letra:
A Crítica da Imaginação Pura em Fichte.
Em 1981 recebe o Prêmio Jabuti,
pelo livro O Vôo Circunflexo.
Sua obra poética, de tendências contemporâneas,
inclui os livros A Letra Descalça (1985),
Figura (1987), Poros (1989),
Retrovar (1993) e Novolume (1997).
Para a crítica Sônia Régis,
"a elaboração poética de Rubens Rodrigues Torres Filho
libera uma bem-humorada ludicidade verbal,
recolhendo os sinais mais vulneráveis da cultura
para deles utilizar-se como arcabouço
de algumas formas transgressoras".





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