O
VENTO SERÁ TUA HERANÇA
(Inherit
the Wind, 1960)
O
famoso caso ocorrido em 1925, no estado americano do Tennesse, quando o
professor John Thomas Scopes foi julgado criminalmente por ensinar a teoria da
evolução de Darwin em uma escola pública. ”O Julgamento do Macaco” (Monkey
Trial), como ficou conhecido, teve repercussão mundial pela batalha travada
pelos advogados de acusação e defesa. Durante o julgamento do Tribunal do Júri,
que durou onze dias e foi o primeiro a ser transmitido por rádio, a defesa foi
impedida pelo juiz de apresentar cientistas como testemunhas em favor da teoria
da evolução. Baseado no romance de J. Lawrence e Robert E. Lee, escrita em
1951.
(Witness
for the Prosecution, 1957)
Que
ciência e religião sempre bateram de frente, isto não é novidade para ninguém.
Porém, nos idos da década de 1920, um caso que envolvia este embate em uma
escola foi um divisor de águas para a sociedade norte-americana e, porque não
dizer, mundial. Em 1925, um professor é julgado criminalmente por ensinar a
Teoria da Evolução de Darwin em uma instituição pública. A acusação, apoiada
pelo fanatismo religioso, era feita pelo pastor Matthew Harrison Brady (Fredric
March), candidato à presidência dos EUA, enquanto a defesa cabia a Spencer
Tracy), famoso advogado a favor dos direitos civis. O debate no filme de
Stanley Kramer tem ecos inclusive no atual momento político do Brasil, onde uma
candidata à presidência sugeriu voltar o ensino do Criacionismo nas escolas.
Fato que vai muito além e discute até que ponto a religião pode afetar a vida
das pessoas. O Vento Será Tua Herança se passa quase que integralmente dentro
do tribunal e é um dos exemplares máximo do gênero que não envelhece. Afinal,
uma discussão destas é recheada de argumentos e pontos de vista que ecoam até
hoje.
(To
Kill A Mickingbird, 1962)
Adaptação
do clássico literário escrito por Harper Lee, traz Gregory Peck em um dos
papeis que definiram sua carreira: o advogado Atticus Finch, que lhe rendeu um
Oscar de Melhor Ator. Situado na cidade de Maycomb, no Alabama dos anos 30, o
filme acompanha Atticus e seu envolvimento com um caso no qual precisa defender
Tom Robinson (Brock Peters), um homem negro que é acusado de ter estuprado a
jovem branca Mayella Ewell (Collin Wilcox Paxton). Como a cidade é
predominantemente racista, Atticus e seus filhos Scout (Mary Badham) e Jem
(Phillip Alford) passam a ser mal vistos pelas pessoas, enquanto ele tenta
provar a inocência de Tom. Seguindo fielmente a história do livro, tem-se aqui
um filme bastante simples em sua execução, mas grandioso em sua história e seus
personagens, tratando com propriedade um tema social relevante. E se Gregory
Peck brilha no papel de Atticus, o restante do elenco não fica muito atrás,
desde Mary Badham como Scout até Robert Duvall em sua pequena participação como
Arthur “Boo” Radley. Todas essas peças o ajudam a ser um clássico primoroso.
O
VEREDITO
(The
Verdict, 1982)
Depois
de ter construído um filme inteiro dentro da sala dos jurados em 12 Homens e
uma Sentença, Sidney Lumet retornaria aos filmes de tribunal com um exemplar
mais convencional, mas não menos brilhante, em 1982: O Veredicto. Estrelado por
Paul Newman em uma grande performance, o longa-metragem foi indicado a cinco
Oscar no ano de 1983 – Melhor Filme, Diretor, Roteiro Adaptado, Ator (Newman) e
Ator Coadjuvante (James Mason) – mas acabou não levando nenhuma estatueta. Com
roteiro de David Mamet, a trama acompanha a trajetória do advogado beberrão
Frank Galvin, que vê a chance de reverter sua falta de sorte num caso facílimo,
solucionável com um acordo extrajudicial: hospital administrado por igreja
comete um erro e deixa uma mulher grávida em coma. Os familiares da vítima não
desejam ir a julgamento, muito menos os médicos envolvidos e a instituição. Uma
crise de consciência, no entanto, não o deixa seguir o caminho fácil. É bem
verdade que todo o caso é solucionado com um personagem surpresa, parecendo
mais sorte de Galvin do que propriamente juízo. Mesmo assim, o roteiro de Mamet
conduzido magistralmente por Lumet acerta muito mais do que erra. Somando-se às
belas atuações do elenco, O Veredicto é mais um trabalho merecedor de distinção
na carreira do diretor e do próprio Paul Newman.
DOZE
HOMENS E UMA SENTENÇA
(12
Angry Men, 1957)
12
Homens e uma Sentença é um daqueles trabalhos irretocáveis, dirigido por um
estreante Sidney Lumet. Um “filme de tribunal” no qual o espectador faz o papel
de décimo terceiro jurado. Escrita por Reginald Rose, a trama acompanha um caso
aparentemente indefensável: um rapaz foi preso após ter sido acusado de matar o
pai. A situação é bastante complicada para o réu, que tem testemunhas oculares
o condenando do crime – e a pena para tal delito é a morte. Cabe aos doze
jurados a sentença. Para que o rapaz seja libertado ou condenado, o júri deve
sair de sua saleta com uma resolução unânime. Não parecia um grande problema,
visto que qualquer um que observasse o caso não teria dúvidas da culpabilidade
do réu. Qualquer um, menos o jurado #8 (Henry Fonda), que pede a seus colegas
que repensem tudo o que observaram durante o julgamento, para ao menos terem
certeza absoluta. A partir dali, cada um dos jurados terá de enfrentar seus
preconceitos, crenças e agendas pessoais para dar ao réu um julgamento justo.
Passado quase completamente dentro da sala dos jurados, 12 Homens e uma
Sentença é um filme de diálogos e, diferente de muitas histórias de tribunal,
não acompanhamos o julgamento. Indicado ao Oscar nas categorias Melhor Filme,
Diretor e Roteiro Adaptado.
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