Apenas 17,78% dos eleitores brasileiros querem um político ligado a um partido para disputar as eleições presidências de 2018. Outros esmagadores 82% rejeitam as raposas velhas e apostam num candidato novo, diferente, sem os vícios (que não são poucos!) dos atuais parlamentares e candidatos a presidente . Essa pesquisa foi feita pelo Instituto Ipsos, atendendo uma encomenda da UFPE. Segundo ainda a pesquisa, 57,05% querem um candidato que se oponha totalmente ao atual sistema político e outros 25,17% apostam num outsider, um cidadão fora da política que saiba como administrar com políticos e partidos. Sinceramente, precisamos de um mágico...
Infelizmente, a oferta de candidatos a presidente não anima ninguém. De novidade temos apenas o presidente do Partido Novo, João Dionísio Amoedo, defensor do liberalismo econômico, da direita e de um estado pequeno, muito pequeno e que não interfira na vida do cidadão. Não sei se chega a ser uma novidade realmente, mas, pelo menos, há um programa partidário interessante e que poderia modificar muita coisa no País. O problema é que a simples citação de "liberalismo" já causa urticária em muita gente e as pedras começam a ser jogadas antes mesmo de se começar o debate político. Enfrentamos tempos difíceis.
Os demais candidatos são o mesmo do mesmo. Luís Inácio Lula da Silva, talvez o maior representante do atraso político, boquirroto conhecido e possível substituto de Deus segundo ele mesmo, dificilmente chegará até outubro de 2018, caso a Justiça seja cumprida como se deve. Seus inúmeros processos estão pipocando sem parar e a possibilidade de se ver atrás das grades na próxima eleição aumenta a cada dia. Pior do que isso: ele e seu partido, PT, não têm um programa, um projeto de País. Pensam apenas em retomar o Poder e continuar a barbárie administrativa que fizeram ao longo de 13 anos; mesmo mantendo ainda seus tradicionais 30% de eleitores, Lula terá sérias dificuldades para chegar, ao menos, num segundo turno. Sua nova caravana pelo Nordeste está sendo um desastre total e já se pensa em suspende-la por um motivo simples: falta de simpatizantes e seguidores.
Fernando Haddad é o plano B do PT. Mas ele dificilmente conseguirá qualquer coisa, mesmo que Lula seja preso, diante da tristeza que foi sua administração na cidade de São Paulo. Não conseguiu reeleger-se, coisa rara nos dias de hoje onde o prefeito no poder tem toda a máquina administrativa nas mãos. Outro que poderia ser uma novidade é João Doria, atual prefeito de São Paulo, eleito pelo PSDB. Mas como tudo que sobe, num momento seguinte acaba caindo, Dória não conseguiria se eleger síndico de prédio nos dias de hoje. Não estou afirmando que seja um péssimo candidato, nada disso. O problema é que ele anda às turras com Geraldo Alckmin, também do PSDB e governador do estado e que sonha ser presidente da República, também. Na briga, prevaleceu a antiguidade: Alckmin atropelou Dória que ainda pode encarar um DEM para conseguir uma sigla partidária e concorrer ao cargo. Uma tarefa muito difícil..
Assim, a coisa fica complicada. Marina Silva e sua REDE não conseguem decolar, o que já não é de hoje. Até Joaquim Barbosa andou passaritando com a candidatura, mas logo foi jogado para escanteio e dificilmente conseguirá alguma coisa. O mesmo ocorre com o Jair Bolsonaro: mesmo com índices ótimos para um início de projeto, pode virar um cavalo paraguaio. São tantos os "fóbicos" colados em seu nome que terá enormes dificuldades de superar tudo e chegar lá. Aliás, Bolsonaro merece aplausos quando se define um dos piores candidatos: "sou o que restou", afirmou ele numa entrevista onde todos os candidatos (com raríssimas exceções), eram citados em falcatruas e maracutaias descobertas pela Operação Lava Jata ou o Mensalão.
Ciro Gomes, provavelmente o cara que sonha em unificar a esquerda, continua o mesmo. Ninguém consegue definir bem sua ideologia, considerando-se que lá em 1979, disputou a presidência da UNE pela chapa Maioria (vice-presidente) que na época era vista como uma tentativa da direita de buscar influência no meio estudantil. Seu 1º partido foi o PDS, filhote da consagrada e inesquecível ARENA-Aliança Renovadora Nacional, mais conhecida como o braço político da Revolução de 64. Ou seja, apoiou os militares durante a ditadura. A partir daí, Ciro foi deputado estadual, federal, governador, ministro e passou por uma renca de partidos: PMDB, ajudou a fundar o PSDB, saiu e foi para o PPS, passou rapidamente pelo PSB, mais rapidamente ainda pelo PROS e agora aninhou-se no PTB, de onde sairá candidato à presidência. Ciro, na verdade, mais parece um mix de partidos e ideologias...
Mas, no Brasil político de hoje, isso não chega a ser uma surpresa. Considerando-se que existem 35 partidos e que de cada 4 políticos, 1 mudou de partido neste triste 2017, o mix Ciro não chega a ser tão surpreendente assim. Um País não segue em frente apenas com a vontade, com o sonho. Na mesma proporção que devemos tirar de circulação esses falsos líderes (particularmente aqueles que apostam no messianismo), precisamos tomar muito cuidado com os chamados outsiders. Nossa vida é feita de política e vive-la é mais do que importante, é essencial. Não podemos permitir que o país seja atirado para mãos aventureiras. Tivemos, ao longo de nossa História, alguns triste exemplos, como foi o caso Collor. Nosso dilema é que para melhorar, precisamos mudar o sistema político; acabar com o tal governo de coalisão; diminuir o número de partidos; diminuir o número de parlamentares; acabar com o foro privilegiado; acabar com a prescrição da pena; com todas as mordomias dos senhores parlamentares; acabar, enfim, com tudo que nossos ineficientes e cínicos parlamentares adoram. Um triste e complicado círculo vicioso que mais parece um cachorro correndo atrás do rabo.
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