Mesmo diante da
canalha,
mesmo diante da
choldra,
mesmo depois de
martirizarem o seu sonho
e te roubarem
completamente o chão;
mesmo com o fim
de quase tudo,
mesmo com o
estabelecimento das dores,
mesmo com a
chegada do luto,
mesmo diante do ‘pouco
caso’
e do
escarnecimento sobre tudo o que se sente,
mesmo diante
desse corte,
a amputação,
vinda desse
silêncio dolorido e lancinante;
mesmo diante das
falsas promessas,
mesmo diante de
uma alucinação alheia,
mesmo diante do
pântano que o outro te oferta,
mesmo diante do
gesto covarde,
mesmo diante
desse outro que afirma
ser o Amor um
delírio de sonhadores;
mesmo diante do
engodo,
mesmo diante do
embuste,
mesmo diante da
impostura,
mesmo diante da
mentira,
mesmo diante do
infortúnio
que da vida a esperança
retira;
mesmo diante do
raso,
mesmo diante do
profundo,
mesmo diante do
laço
dessas quedas
somadas ao longo do caminho,
Não ceda;
não recue,
não permita a
vileza!
Ame!
Ame até cair
pedaços...
... justifique
um coração de carne e ame até sair sangue.
Coragem!
Deixe de lado a
covardia e arque com as consequências
[de uma
transformação para melhor.
Banque as
consequências de se ter colhões e ovários
[para se bater o
pau na mesa
[e trazer o
sonho de volta.
Traga o sonho de
volta! Ame!
Sonhe na solidão;
materialize-o!
Corte todos os
sons ao redor,
corte a
polifonia,
mergulhe nos
instantes em que a vida real
[é quase sempre
longe de tudo;
Corte essa
merda, porra!
corte esses
ruídos compensatórios,
por esses
estímulos rasteiros,
[da vida
miserável que tanto insiste em preservar...
Banque as
escolhas erradas,
banque as
escolhas certas,
banque a paz
[e o amor
genuínos que bateram à sua porta.
banque as merdas
que faz,
banque as coisas
boas que chegam,
traga para
perto,
carinho,
seja atento(a)...
... a se
permitir ser amado(a).
Adense-se!
Adense-se,
porra!
Vai ficar nos
critérios rasteiros
[de tudo aquilo
que te falaram?!
Vai comprar
ideia de jerico
[e dizer
‘amém’?!
Onde e quando
prevalecem teus sentimentos
[em meio a isso
tudo?!
Adense-se!
A vida é ingrata
para quem é covarde!
A vida é ingrata
para quem vive em direção
[à porta larga;
Banque o que
sente!
Banque o que
sente, caralho!
Não largue, não
esmoreça
[não abandone o
que sente lá dentro;
Tenha coragem,
porra!
Ninguém falou
que seria fácil,
ninguém falou
que seria simples;
ninguém disse
que seria
[um
‘mar-de-rosas’
um sonhos de
cinema,
[um
conto-de-fadas.
Troque essas
camadas!
Troque essas
camadas por novas!
Em menor número,
[mais leves;
Permita-se!
Permita-se ser
amado(a)!
O amor não
aceita ofensas!
O amor é
disciplinado!
O amor bate à
sua porta, e você...
[o que é que
você faz?!
Escarnece,
corta,
cospe,
regorjita,
bate,
vilipendia,
xinga,
trata mal,
violenta,
esmurra,
chuta,
espanca,
trai,
debocha,
espanta,
afasta...
Foi isso o que
você aprendeu sobre o Amor?!
[foi isso que te
ensinaram?!
É! Acho que
chegou a hora de você desaprender!
O Amor não
aceita ofensas.
O Amor
verdadeiro bate à sua porta e é preciso
[coragem e
densidade para deixá-Lo ficar em sua vida.
Ele não convive
com escolhas erradas
[nem com
critérios rasos,
[nem com fugas
rasteiras;
[nem com ruídos
de celebrações,
[muito menos com
as costumeiras compensações.
O Amor é
exigente!
[não acata
leniências quaisquer da falta de empenho.
Não acata o
discurso obtuso de não se criar expectativas
para, logo em
seguida, se acender uma vela à esperança.
O Amor possui
suas regras,
[suas
disciplinas,
[e nada que saia
disso pode ser chamado de Amor.
Arrume-se!
Arrume essa casa
que há dentro de você.
Arrume essa
bagunça...
Faça associações
decentes,
[e não com os
velhos monstros que vivem a te devorar.
O Amor é
apegado!
O Amor é apegado
a tudo o que lhe permite respirar.
É Ele quem
permite ver o que ninguém mais vê.
Mesmo diante da
canalha,
mesmo diante do
lamaçal da escumalha,
mesmo diante da
falta repentina de chão,
mesmo diante do
estabelecimento das dores
[e a chegada do
luto,
crie
expectativas,
espere,
apegue-se,
apaixone-se,
sinta,
afete-se,
entristeça-se,
silencie-se,
Sinta, porra!
Sinta!
Porque o Amor
baterá em sua porta...
[e seria muito
bom e gostoso você deixá-Lo entrar.
Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 48 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
mas vive mesmo é de escrever e traduzir.
É avesso a hermetismos
e herméticos em geral,
e escreve semanalmente em
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