Buongiorno
a tutti! Diretamente do calor arretado de um claudicante verão italiano.
Como
iniciar qualquer apresentação, sem antes agradecer esse imenso privilegio de
colaborar no blog do Chiquinho? Sim, pra mim é o blog do Chiquinho. Sem nenhum
desmerecimento, pelo contrário! Queridíssimo colega da Letras, inteligente, irônico,
super zen, sarcástico, delicadíssimo até pra discordar. E outras qualidades
inumeráveis. Mas quem o conhece já sabe disso. Obrigada Chiquinho, de coração,
pela confiança.
Vamos
lá. Nao sou muito habituada a pequenas e breves crônicas, poetisa chata e
insistente no amor que sou. Mas o desafio é irrecusável e há seu encanto, como
toda proposta. Nova. Indecente.
Vivo
em Lecco. Uma cidade no norte da Itália. Estou por aqui há exatos 20 anos. Se
amo viver aqui? Digo sempre, ainda é melhor ser pobre aqui do que em qualquer
outro lugar...Scherzo. Claro que amo viver aqui. De qualquer forma, sou sempre
estrangeira, até mesmo quando estou no Brasil. Ou sobretudo quando estou por aí.
Todo
mundo acha que conhece bem a Itália e que sabe falar perfeitamente o italiano.
Mas a realidade é outra coisa. As pessoas conhecem bem os produtos italianos e
arranham aquela linguagem hieroglífica, quase cômica, mas suficiente pra todo turista se virar. Digo sempre que
ninguém conhece nada até que o misterioso não invade a nossa alma por inteiro.
Portanto, é partindo desse pressuposto, e da imensa diferença que há entre o
turista, o viajante e o habitante, que vou aos poucos apresentando essa minha
cidadezinha maravilhosa, um bijoux precioso, pra que vocês viajem um pouquinho
através das minhas impressões. En plein air...diria Monet.
A
primeira informação é doverosa: Lecco é um ramo do Lago Lario. Que erroneamente
o turista desavisado e exibido chama de Lago de Como. Nãoooo! e eu fico brava
pacas. Vou tentar ajudar: tenha em mente aquele ossinho do frango, onde você
pega numa perninha e seu amigo, ou namorada, ou amante pega na outra perninha
(ainda estou me referindo ao frango!...). Faz-se um desejo e se rompe o pobre
esqueletinho. Lembram? Essa formação é a mesma da extensão de terra que abraça
o Lago Lario. Quando as suas águas passam pela cidade de Como, o Lago é
denominado Lago de Como. Quando passam por aqui, chamam-se Lago de Lecco.
Portanto, nao é tudo a mesma coisa, ainda que o mesmo Lago sempre. E viva a
sabedoria popular: cada um com seu cada um!
Por
hoje, fico por aqui. Primeiro, humildemente, devemos saber por onde estamos
viajando. A geografia é direção fundamental e preciosa, porque é por onde vamos
levar a nossa alma para novas descobertas. Se quiserem procurar a cidadezinha mágica,
vão no Google e a encontrarão entre Milao e Bergamo. Região Lombardia.
Nao
faltarão fotos surpreendentes e encantadoras. Porque metade da cidade sao os
pré-Alpes e a outra metade é o Lago. Metade da cidade é sol, e a outra é uma
ameaça de tempestade continua. Metade da cidade é ladeira abaixo, e a outra é
ladeira acima...um sonho, inusitada, mais ou menos virgem (?), pequenininha, de
origem essencialmente industrial, mentalidade conservadora, gente rica. Uma
metade é assim, a outra metade é de extra-comunitários, que dão um duro danado.
Depois há os desempregados, tantos, ou falidos, como eu. Mas mesmo assim tudo
vale a pena, se a alma é vasta. Metade da cidade é sortuda, e a outra também,
porque o Oswaldo Montenegro nunca passou por aqui!! Dai, scherzoooo...
Se
posso, se o Chiquinho me permite, mando um beijo a todos e agradeço a atenção
generosa e paciente.
Quem
é essa que escreve? Abstrai...não há nenhuma importância.
Arrivederci,
e alla prossima.
Sole
Solange
Menegale Piasentin nasceu no Rio de Janeiro e foi pra Brasilia aos 6 anos. Tem
58 anos. Cursou Letras na Unb, fez curso de extensão em Linguística na
Universidade Clássica de Lisboa, professora de português e de italiano na UnB
(Universidade de Brasília), funcionária no Consolado-Geral do Brasil em Milão
(grandes merdas), e dedicou a vida toda à poesia, com livros publicados e
vencedora de concursos em Roma e Pistoia. Vive na Itália ha 20 anos e hoje é
proprietária/gestora do Café Blondel, um café literário que promove apresentações
de livros, autores novos, peças de teatro, música, quartetos de jazz, duo de
blues, encontros sobre mercado business, saúde, naturopatia, xamanismo,
filosofia etc. De fato, faliu...
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