Friday, June 8, 2018

PREOCUPANTE (por Alvaro Carvalho Jr)



Preocupante. Mas, desistir? Jamais...

Pesquisas são traiçoeiras, assustadoras e pouco confiáveis. Mas, de qualquer maneira, são elas que nos dão um mínimo de visão do que pode acontecer, seja lá em que setor da nossa vida. Em política, particularmente, a pesquisa chega a ser surpreendente: muitas vezes o favorito quebra a cara e acaba em último, uma fenômeno que a gente vem assistindo com certa frequência, principalmente depois que o dinheiro e as fakes news chegaram para ficar: atacam jornais, redes, rádios, tv e qualquer coisa que se assemelhe a mídia.

Por isso, mesmo considerando que ¾ do eleitorado ainda não tem a menor ideia em quem votar, os candidatos que lideram  são exatamente aqueles que a gente adoraria ver pelas costas, presos , expulsos da política. Mas, como este País precisa seriamente de um divã, não chega a ser surpreendente que um Renan Calheiros, por exemplo, lidere as pesquisas para o senado em Maceió, seu notório curral eleitoral. Ou um Collor de Melo, filho do indigitado senador que foi defenestrado da presidência, tenha grandes chances de se eleger deputado federal, também pelo estado de Alagoas.

Tem explicação? Minas Gerais, então, é o mais surpreendente de todos os estados. Por incrível que possa parecer, Aécio Neves, que tem o péssimo hábito de colecionar processos, está em segundo lugar na  corrida para o senado. Logo ele que nos últimos tempos tem mais aparecido nas páginas policiais do que nas páginas políticas! Porém, o grande feito dos mineiros é levar a indecorosa figura política de Dilma Rousseff para liderança da corrida para o senado. O que será que se passa na cabeça de nossos queridos mineiros? Que eu saiba, excesso de pão de queijo ou torresmo não chega a afetar o cérebro. No máximo pode entupir uma ou duas coronárias e mais nada.

E assim, com a mesma ignorância de sempre, descobrimos que a maioria dos nomes corriqueiros das páginas policiais estão liderando pesquisas em seus estados. Tentar uma explicação é difícil, levando-se em conta que os brasileiros parecem gostar de brincar com a loucura: uma maioria significativa que mudar tudo, quer acabar com a corrupção, com os privilégios dos políticos, mas não quer ter trabalho, não quer abrir mão das poucas migalhas que o governo deixa cair e prefere manter-se sob as asas dessa viúva gorda, desajeitada, feia, imóvel e paquidérmica. E, o pior: continua a votar nos mesmos políticos (ou assaltantes?) de sempre; é como se enforcado votasse no carrasco. Como explicar, mais uma vez?

A população ainda não entendeu que será impossível, matematicamente, resolver os problemas brasileiros caso não ocorram as tais reformas. Não podemos mais ter essas malditas estatais, verdadeiros ninhos de corrupção e campo preferido para os jogos dos políticos. Sim, meus amigos, essa conversa feia de que estatais são “estratégicas” é uma das maiores mentiras já criadas na rotina de nossa política. Elas são “estratégicas” para os políticos que as manipulam e arrumam emprego para seus acólitos, seus capachos, em troca de apoio político e financeiro. Alguns dizem que elas servem para auxiliar os brasileiros, que operam onde a iniciativa privada se nega a entrar. Ledo engano. Onde houver a chance de se desenvolver e ganhar dinheiro, lá estará a iniciativa privada. E, ao governo, fica apenas a obrigação de gerar condições para que as empresas atuem.

Não existe, historicamente, nenhum caso de estado que gere dinheiro. Existe, isso sim, estado que toma dinheiro. E esse é, infelizmente, o caso brasileiro. Trabalhamos cinco meses do ano para pagar impostos sem qualquer contrapartida. Assistimos aos maiores assaltos aos cofres públicos do que qualquer outra população no mundo e batemos nos maiores índices de corrupção já identificados em qualquer outra nação. Então fica a pergunta: para que servem estatais, autarquias e um estado como o nosso? Para nada...

Não podemos esquecer que o estado é nosso carrasco, nosso patrão e está desempenhando seu papel às avessas: ele é que deveria nos servir com boas escolas, bons hospitais e segurança pública. O resto, com todo certeza, deveria ser tocado pela iniciativa privada, sem uma carga tributária insana e voraz como a nossa. O caso da greve dos caminhoneiros foi um exemplo típico da insensatez administrativa por parte do governo ao ceder completamente aos grevistas. E mais: destituir o antigo presidente da Petrobrás, Pedro parente, por Ivan Monteiro, que tem sérias ligações do Aldemir Bendini, o ex-presidente da empresa que está cumprindo pena de 11 anos de cadeira por corrupção.Onde chegamos Onde queremos chegar?

É preciso entender que o poder é o grande agente corruptor. Políticos adoram dar uma carteirada e adoram, particularmente, arrumar um emprego para o “filho de um amigo”. Ora, não existe jantar e nem almoço de graça, isso todo mundo sabe. E aí, nessas ocasiões como a greve, é que descobrimos o tamanho da bronca, o total da conta a ser paga. Não temos saída a não ser acabar com os privilégios dos políticos, do funcionalismo público (especialmente o fereal), do Judiciário e do Executivo. Precisamos de um País equalitário, onde as diferenças não sejam motivos para abusos e onde os homens públicos tenham boa formação e a compreensão de que trabalhar para o governo não significa boas aposentadorias e muitas benesses, mas um trabalho que vai atender uma população carente e cansada de ser passada para trás.

Muitos dirão que estou sonhando e que essa utopia nunca se realizará. Mas, pergunto, de que adiantará o futuro se não corrermos atrás dela? Vamos ficar estagnados olhando uns para os outros enquanto os desonestos nos passam a perna? Sonhar não é proibido, aliás é obrigatório. E sonho em viver, um dia, num País mais sério e mais justo. Bem, pelo adiantado de minha idade, essa tarefa é quase impossível. Mas não posso esquecer que tenho dois netos e que não pretendo ser reconhecido, lá na frente, como um babaca que desistiu. Portanto, à luta...inté.

Álvaro Carvalho Jr. é jornalista aposentado
e trabalhou para vários jornais e revistas
ao longo de 40 anos de carreira.
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quando esquece que está aposentado.

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