Sunday, April 12, 2015

TOMMY LEE JONES BRILHA COMO DIRETOR À FRENTE DE UM SOBERBO ELENCO FEMININO EM "DÍVIDA DE HONRA" (por Carlos Cirne)


publicado originalmente em Colunas & Notas


Em meados do século XIX, a vida não era fácil não, no Oeste Selvagem norte-americano. Os homens que iam em busca de terras e riqueza, geralmente, casavam-se antes de viajarem, para garantirem, além de uma companheira, mão de obra barata ao alcance das mãos. E não eram todas as mulheres que sobreviviam sãs a esta realidade tão crua.

Este universo é brilhantemente composto por Tommy Lee Jones em seu surpreendente “Dívida de Honra” (The Homesman, 2014), um verdadeiro choque de realidade nas idílicas fábulas de cowboys e pistoleiros que geralmente ilustram a vida no Oeste americano.

No filme, três mulheres -- Arabella Sours (Grace Gummer, filha de Meryl Streep, em seu primeiro papel de maior destaque num filme), Theoline Belknap (Miranda Otto) e Gro Svendsen (Sonja Richter) -- que enlouqueceram no brutal cotidiano do território de Nebraska, devem ser escoltadas até o estado de Iowa, onde serão entregues aos cuidados da senhora Altha Carter (Meryl Streep, sublime em sua simplicidade), que cuidará delas e fará com que cheguem às suas famílias para cuidados.



Acontece que nenhum dos homens da cidade parece disposto a acompanhar as mulheres e a tarefa acaba sobrando para a única mulher que é “homem” o suficiente para tal: Mary Bee Cuddy (Hilary Swank, menos atraente ainda do que de costume). 

Mary Bee acaba sendo acompanhada pelo trambiqueiro George Briggs (Tommy Lee Jones, que além de dirigir também estrela o filme), que não tem muita alternativa que não seja acompanhá-la e protegê-la em sua missão.



E é justamente a jornada que torna “Dívida de Honra” tão interessante. Abusando dos vastos espaços vazios, numa bela fotografia que parece sempre estar anoitecendo ou amanhecendo, Jones imprime ritmo adequadíssimo ao filme, nem lento nem ágil em excesso. 

E a simplicidade das interpretações, contidas e exatas, são um capítulo à parte. Hilary Swank transmite a força e a fragilidade que a personagem exige, sem cair em exageros ou caricaturas. Gestos contidos, ela espera que o homem tome a iniciativa. Se isso não acontece, então a situação é outra. O que precisa ser feito, precisa ser feito. O preço a pagar é outro assunto.



As três mulheres (Grace Gummer, Miranda Otto e Sonja Richter) têm a ingrata tarefa de personificar três tipos de loucura similares, mas diferentes entre si. E saem-se muito bem, com alguns pequenos e perdoáveis exageros.

Mas o filme certamente pertence a Tommy Lee Jones, que abandona aqui o “homem-duro-e-incorruptível-sem-muita-paciência”, sua persona habitual, para entregar um George indigno de confiança, dissimulado e desconsiderado que, com o passar da viagem, vai se alterando, até o emocionante desfecho. 

E não se assuste com a mudança radical de rumo na terceira parte do filme; tudo tem uma razão e percebe-se isso rapidamente. 

Não deixe de ver. Imperdível!


DÍVIDA DE HONRA
The Homesman
(2014 - 122 minutos)



Direção
Tommy Lee Jones


Elenco
Tommy Lee Jones
Hilary Swank
Grace Gummer
Miranda Otto
Arabella Sours
John Lithgow
James Spader
Meryl Streep




Em cartaz no Cinespaço Shopping Miramar

Sessões às 16h30 e 20h40 horas







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