Monday, December 4, 2017

SEIOS: versos sacânicos de CRUZ & SOUZA


Magnólias tropicais, frutos cheirosos
das arvores do Mal fascinadoras,
das negras mancenilhas tentadoras,
dos vagos narcotismos venenosos.
Oasis brancos e miraculosos
das frementes volúpias pecadoras
nas paragens fatais, aterradoras
do Tédio, nos desertos tenebrosos…
Seios de aroma embriagador e langue,
da aurora de ouro do esplendor do sangue,
a alma de sensações tantalizando.
O seios virginais, talamos vivos,
onde do amor nos êxtases lascivos


João da Cruz e Sousa (1861-1898) nasceu em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, Santa Catarina, no dia 24 de novembro de 1861. Filho de escravos alforriados, nasceu livre. Foi criado como filho adotivo do Marechal de Campo, Guilherme Xavier de Sousa e Clarinda Fagundes de Sousa, de quem herdou o sobrenome. Aos sete anos fez seus primeiros versos. Em 1893, casa-se com a também poetisa, Gavita Rosa Gonçalves. Nesse mesmo ano, publica "Missal", poemas em prosa, e "Broquéis", versos. Com eles, Cruz e Sousa rompia com o Parnasianismo e introduzia o Simbolismo, em que a poesia aparece repleta de musicalidade. Sua vida se transformou numa luta contra a miséria e a infelicidade, já que poucos reconheciam seu valor como poeta. Em 1898, muda-se para a cidade de Sítio, em Minas Gerais, à procura de alívio para a tuberculose, mas morreu em poucos meses. Em 1905, seu grande amigo e admirador, Nestor Vítor, publicou em Paris a obra maior do poeta, "Últimos Sonetos". A crítica francesa o considerou um dos mais importantes simbolistas da poesia ocidental. Sua obra completa, "Cruz e Souza, Obra Completa" foi publicada num volume de mais de oitocentas páginas, em comemorações do centenário de seu nascimento.



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