TEXTOS DE CHICO MARQUES
DARYL HANNAH
December 3, 1960
Chicago, Illinois
Daryl
Christine Hannah foi um furacão que passou por Hollywood na década de 80,
deixando sequelas em legiões de moviegoers do sexo masculino que foram arrebatados
por seu charme, sua beleza e seu talento. Seu pedigree: “Splash”, “Reckless”,
Summer Lovers”, “Roxanne”, “Blade Runner”, “Wall Street”, “Legal Eagles”. Curiosamente,
Daryl não fez muitos filmes. O auge de sua carreira durou se muito 5 anos. Mas
foram 5 anos muito intensos, que a tornaram uma figura conhecida no mundo
inteiro, e que até geraram um clone dela na indústria pornô: Darryl Hanah. Dos
anos 80 em diante, depois de adquirir uma péssima reputação por atrasar
cronogramas de produção e criar confusões com diretores e técnicos, Daryl foi
diagnosticada como autista e bipolar. De lá para cá, praticamente se aposentou
como atriz. Só Quentin Tarantino a chama de tempos em tempos para participar de
seus filmes. É ativista de várias causas, vive sendo presa por arrumar
confusões com policiais em manifestações e vive atualmente com o roqueiro
canadense Neil Young -- que também é meio autista, além de epilético. Não é
mais a surfer girl loira exuberante de 30 anos atrás, mas, francamente, quem aí
entre vocês ainda é?
MARISA TOMEI
December 4, 1964
Brooklyn, New York
“Gostosa
demais... Sexy demais... Jovem demais...”. A “Brooklyn Girl dos sonhos de nove
em cada dez marmanjos” Marisa Tomei andou ouvindo essas palavras com bastante
frequência do ano passado para cá, depois de ter sido escolhida para interpretar
a Tia May Parker no último filme de série “Homem-Aranha”. Essa mudança faz
parte de um contexto bem mais amplo: Peter Parker agora tem apenas 15 anos de
idade, e obviamente não faz sentido sua tia ser uma velhinha, até porque estamos
vivendo a era das MILFs, em que os 50 são os novos 30 anos – sem contar que ninguém
merece ter que aturar Sally Field mais uma vez fazendo a personagem Tia May. Voltando
a Marisa Tomei, ela começou sua carreira na mesma novela vespertina que lançou
Julianne Moore: “As The World Turns” nos Anos 80. Fez alguns espetáculos na Broadway,
alguns pequenos papéis em filmes e deu o azar de ganhar um Oscar de Melhor
Atriz Coadjuvante muito jovem pela comédia “Meu Primo Vinny” (1993), premiação
que muitos consideraram injusta na ocasião, por Marisa ter desbancado várias
veteranas que estavam no páreo. Quando Marisa conseguiu deixar de ser
coadjuvante e passou a protagonista, muitos que antes a acusaram de ser um
embuste como atriz tiveram que engolir a língua, pois ela engatou uma sequência
deliciosa de comédias românticas que estabeleceram um cult-following
considerável em torno dela, e então, quando já estava bem estabelecida, começou
a aceitar papéis em dramas barra-pesada como “O Lutador”, de Darren Aronofsky e
“Antes Que O Diabo Saiba Que Você Está Morto”, filme derradeiro de Sidney Lumet,
onde -– para a alegria
de seus fãs, entre eles este aqui que vos fala -– finalmente aceitou fazer
cenas de nudez. De lá para cá, Marisa Tomei vem enfrentando um problema comum a
toda atriz que cruza a perigosa barreira dos 50 anos: a ausência de papéis como
protagonista em produções para o cinema e a volta desconfortável aos papéis de
coadjuvante. Para driblar essa regra cruel do mercado, a saída é mudar para a
TV, que sempre recebe como estrelas – e de braços abertos -- atores e atrizes famosos
nessa faixa de idade. Com isso, Marisa pode se dar ao luxo de recusar uma série
de papéis menos atraentes no cinema. Claro que ela jamais seria louca de
recusar um papel como Tia May. Primeiro pelo alcance fantástico que os filmes
da Marvel possuem. E segundo porque ninguém é besta de não aceitar participar
de uma franquia absurdamente rentável como O Homem-Aranha. Marisa Tomei é uma
calabresa maravilhosa, e está tão linda hoje aos 53 quanto era aos 25 anos. Como
ela consegue? Vai saber...
KIM BASINGER
December 8, 1953
Athens, Georgia
Nós,
do staff de LEVA UM CASAQUINHO, mereceríamos algumas dezenas de chibatadas se
por ventura deixássemos passar batido o aniversário da sex-symbol número um dos
Anos 80: a louraça belzebu Kim Basinger. Nascida na cidade universitária de
Athens, Georgia, Kimila Ann Basinger ganhou um concurso de beleza aos 16 anos e
logo a seguir foi para Nova York trabalhar como modelo. Aos 20 anos, já era uma
das top-models mais bem pagas do mundo. Mas Kim queria mais. Sonhava em ser
atriz e cantora. E então, em 1976, depois de vários cursos de canto e de artes
dramáticas, largou a vida de modelo e seguiu para Los Angeles para tentar a
sorte em Hollywood. Com dinheiro em caixa para viver alguns anos, lá foi ela
com a cara e a coragem em busca de seu sonho. Depois de 7 anos amargando
pequenos papeis, Kim foi escalada para ser bond-girl em “Nunca Diga Nunca Mais”
(1983), o filme de James Bond que trouxe Sean Connery de volta ao papel, e
finalmente entrou no mapa de Hollywood. Logo a seguir, ela aceitou o convite de
Zalman King para protagonizar o drama erótico “9 ½ Semanas”, que fez dela uma
estrela internacional da noite para o dia. Não era exatamente o que Kim queria.
Mas serviu bem a seus propósitos naquele momento. Muito tempo passou até Kim
finalmente conseguir deixar de ser dependente da imagem de sex-symbol que a
celebrizou. Brigou muito para ser reconhecida como uma atriz de respeito, e
passou a escolher seus filmes com muito critério. Aos poucos, foi-se
transformando numa ótima atriz, tanto de comédia quanto de drama, e revelou-se
uma cantora muito eficaz no ótimo filme (escrito por Neil Simon) “Um Anjo Em
Minha Vida”. Mas, infelizmente, perdeu toda a sua fortuna vítima de bad
management, de um casamento confuso e turbulento com Alec Baldwin e também de
sua impetuosidade e megalomania, numa das "bad luck stories" mais
cruéis da história recente de Hollywood. Aos 64 anos, Kim Basinger permanece ativa
e cada vez melhor como atriz. Tem uma filha gostosíssima chamada Ireland
Baldwin, que ficou famosa por conseguir postar fotos de seus seios no Instagram,
driblando a censura prévia da Rede Social. Kim continua uma mulher estonteante
depois de todos esses anos. Benze a Deus...
TERI HATCHER
December 8, 1964
Palo Alto, California
Quem
diria que Teri Lynn Hatcher começou sua carreira como líder de torcida no time
de football San Francisco 49ers in 1984? E que seu primeiro papel na TV foi
como uma sereia na série “O Barco do Amor”? Com um passado desses, chega a ser
surpreendente que ela tenha conseguido ir tão longe. Pois ela foi. Teri é a prova viva de que
um raio pode cair mais de uma vez num mesmo lugar -– no caso dela, 3 vezes num mesmo lugar.
Primeiro, com um papel fixo na série “McGyver” original, com Richard Dean
Anderson. Depois com o papel de protagonista na premiadíssima “Lois &
Clark – As Novas Aventuras do Super-Homem”, onde ela fazia justamente Lois Lane
e contracenava com Dean Cain, que interpretava Clark “Superman” Kent. Foram 4
temporadas que fizeram dos dois os queridinhos da América, já que o tom da
série oscilava entre aventura e comédia, numa linha levemente semelhante à de “Moonlighting”,
com Cybill Shepard & Bruce Willis. E então, em 2004, veio a terceira bola
dentro com “Desperate Housewives”, que permaneceu em produção por nada menos
de 8 temporadas, fazendo de Teri Hatcher uma das atrizes mais bem pagas da TV
americana. Ultimamente, ela tem sido vista em mais um papel recorrente, só agora
como vilã, na segunda temporada da série “Supergirl”. O fato de sua carreira no
cinema nunca ter decolado nunca a incomodou, já que poucas atrizes conseguiram
ter uma carreira tão brilhante quanto a que ela desenvolveu na TV. Sem contar
que permanece um morena grandalhona arrebatadora, dona de um tipo físico e de um
sorriso cativante que, vez ou outra, lembram nossa saudosa show-woman Sandra Bréa.
Um mulherão.
SUSAN DEY
December 10, 1952
Pekin, Illinois
No início dos Anos 70, as baby-boomers eram apaixonadas por David Cassidy e os baby-boomers por Susan Dey, ambos do elenco do seriado "A Família Dó-Ré-Mi", da ABC-TV. Susan Hallock Dey começou sua carreira como atriz justamente alí, há exatos 49 anos, quando foi escolhida para ser Laurie Partridge. Tinha apenas 17 anos quando isso aconteceu. Achou que iria ser fácil. Não foi. Teve uma carreira cheia de altos e baixos, e sofreu um bocado nos 4 anos em que a série esteve em produção: com bulimia, crises de depressão e problemas com excesso de álcool. Susan tinha talento como atriz, mas sua personagem Laurie não tinha condições de crescer fora do contexto familiar bem boboca e extremamente careta da série, e o papel, que em princípio seria uma bênção para ela, acabou virando um pesadelo, uma espécie de camisa de força. Começou um romance com David Cassidy, que não era divulgado para não chocar os fãs da série, que poderiam ver algo de incestuoso no namoro entre os dois atores. E então, assim que a série terminou, Susan tratou de demolir a imagem de “boa moça” de Laurie, buscando papeis diametralmente opostos a ela, tanto que nunca se importou em ficar nua em cena sempre que seu papel pedisse por isso. Infelizmente, depois de alguns filmes promissores -- entre eles, o delicadíssimo “First Love”, onde contracenou com William Katt --, sua carreira no cinema simplesmente não decolava. Daí, ela achou melhor voltar para a TV, onde conseguia trabalho com relativa facilidade. E então, depois de algumas séries que não vingaram e de muitos TV movies de que ninguém lembra mais, Susan recebeu de presente o papel da promotora (e depois juíza) Grace Van Owen na premiadíssima série “L.A. Law”, que permaneceu em produção por nada menos que 8 temporadas, fazendo dela uma das atrizes mais queridas e bem pagas da TV americana na época, e enterrando de uma vez por todas os traumas deixados por Laurie Partridge. Quando “L.A. Law” terminou, Susan tirou o pé do acelerador, começou a trabalhar muito menos e a flertar com a ideia de deixar o cinema, a TV, Los Angeles e a Indústria do Entretenimento. Isso coincidiu com a aposentadoria de seu marido Bernard, e então lá foram os dois viver uma vidinha tranquila no Norte do Estado de Nova York, longe do dog-eat-dog de Los Angeles. Hoje, Susan é uma linda senhora de 65 anos, que optou por envelhecer naturalmente, sem recorrer a corretivos. Por conta disso, parece envelhecida demais para sua idade. Mas sempre que ela sorri ao participar de algum talk-show de TV, e ela sorri, surge imediatamente toda a doçura de Laurie Partridge, que Susan Dey jamais perdeu.
JANE BIRKIN
December 14, 1946
Marylebone, London UK
Tem
gente que acha que foi Serge Gainsbourg quem inventou Jane Birkin. É um grande
engano. Essa inglesa linda e franzina de nome Jane Mallory Birkin, nascida no
elegante bairro londrino de Marylebone, já tinha um currículo considerável como
modelo e como atriz antes de seu destino se cruzar com o de Gainsbourg -- com
quem trabalhou, viveu e teve uma filha: a também atriz e também cantora
Charlotte Gainsbourg. Antes de “virar francesa”, Jane havia sido casada com o maestro
John Barry, autor das trilhas de James Bond, e seu rosto já era conhecido de filmes
icônicos como “Blow-Up”, de Michelangelo Antonioni, e “A Piscina”, de
Jacques Deray. Sua participação no diálogo amoroso do clássico single “Je T’Aime...
Moi Non Plus” –- escrito para, e gravado originalmente por Brigitte Bardot, mas nunca lançado
comercialmente -– é um dos momentos mais marcantes da música popular mundial
dos Anos 70. A voz de Jane Birkin -- um "miado" para uns, um
"sussurro sensual" para outros – mudou o jeito de cantar na França, e
pessoas que antes jamais teriam coragem de se aventurar como cantores
passaram a encarar a aventura sem sustos. Jane Birkin se alterna, desde então, entre o
cinema e a música. Já participou de mais de 80 filmes e gravou mais de 20 LPs. Sem
contar que, desde 1985, ela vem se dedicando também ao teatro, atuando em peças
de Marivaux, Eurípedes e Shakespeare, e até esteve aqui no SESC-Pinheiros ano
retrasado com um de seus projetos teatrais. Desde a morte de Serge Gainsbourg, Jane e sua filha Charlotte assumiram a responsabilidade de não deixar
apagar a memória deste grande artista e viraram guardiãs de sua obra. Já
recebeu um prêmio como cantora nos Victoires de La Musique, e como atriz
coleciona vários Prêmios Molière e vários Prêmios César. Dois detalhes
curiosos: Jane é descendente do Rei Carlos II da Inglaterra, e é prima do grande filósofo inglês Bertrand
Russell. Curiosamente, nada disso a impediu de se desgarrar e adotar a nacionalidade francesa. Não é mais,
obviamente, a belíssima mulher que foi nos Anos 60, 70 e 80. Mas se você olhar
com cuidado no rosto de Jane Birkin, aquela menina linda ainda está lá, escondida por
trás de suas muitas rugas, de seus olhos azuis e de sua pele alva. Uma mulher
magnífica.
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