Tuesday, November 27, 2018

BALANÇA, MEU BEM... BALANÇA! (por Marcelo Rayel Correggiari)

(...) O ponto principal é que nem todos os conjuntos de instituições, consideradas como um todo, são iguais. Há combinações boas e ruins. Em alguns conjuntos de instituições, as pessoas podem florescer livremente como indivíduos, como famílias, como comunidades. Isso porque as instituições nos incentivam efetivamente a fazer coisas boas – como inventar maneiras novas e mais eficientes de trabalhar ou de cooperar com nossos vizinhos em vez de tentar assassiná-los. Em contrapartida, há estruturas institucionais que têm o efeito oposto: incentivam o mau comportamento, como matar pessoas que nos incomodam, roubar propriedades que cobiçamos ou desperdiçar nosso tempo. Onde há instituições ruins, as pessoas ficam presas a círculos viciosos de ignorância, má saúde, pobreza e, muitas vezes, violência. Infelizmente, a história indica que há mais dessas estruturas medíocres do que boas. Um conjunto de instituições realmente boas é difícil de se alcançar, ao passo que é muito fácil ficar emperrado em uma instituição ruim. E é por isso que a maioria dos países foi pobre durante a maior parte da história, além de iletrada, doente e violenta. (...) Certamente, é desejável que as sociedades com instituições ruins tenham instituições melhores. Podemos ver esse processo acontecendo em todo o mundo: em grande parte da Ásia, em partes da América do Sul e até mesmo na África. Mas há um processo mais insidioso que vem ocorrendo ao mesmo tempo, em que sociedades com instituições boas pouco a pouco começam a ter instituições piores. Por que isso ocorre? Quem exatamente são os inimigos do Estado de direito, as pessoas responsáveis pela notória deterioração que detecto em nossas instituições de ambos os lados do Atlântico? (...)”[FERGUSON, Niall. “A Grande Degeneração”. Tradução: Janaína Marcoantonio. São Paulo: Planeta, 2013, p. 15-16]
Os(As) ‘urubulinos(as)’ da carniça pútrida já andam com seus maus-agouros: daqui a 40 dias, um 2019 novinho em folha, mas prometendo um buraco bem maior do que esse onde já nos encontramos.
Pode ser pior?!
Aaaahh... pode, sim! Acreditem!
Funcionalismo público do Rio Grande do Norte ainda não recebeu o 13º de 2017. O desse ano, é bom já ir tirando da cabeça tal tola esperança...
Errado?! Claro! Quem trabalha quer receber! O justo salário, a justa paga de sua atividade profissional. Onde já se viu um troço desses?! Trabalha, e não recebe?! Isso não existe. É injusto!
Só que tem um ‘pobrema’, não há dinheiro. Nem para folha de pagamento, remédios em hospitais e postos de saúde, gasolina para viaturas policiais.
É um tal de ‘comunidade solidária’ com brasão das forças policiais dos estados em faixas espalhadas pelas cidades que é uma coisa...!
‘Nós somos a polícia, mas, com a falta de combustível, você vigia, caro(a) cidadão(ã)’.
‘Entonces’... “tá”! Fazer o quê?!
A ‘pregunta’: mas como é que chegamos nesse ponto? Onde foi que tudo deu errado?
‘Cabeça de colonizado’ é uma desgraça! ‘Cabeça de colonizado’ é capaz das piores barbaridades jamais imaginadas em toda história da humanidade. Um troço!
‘Cabeça de colonizado’ pensa bem que dinheiro nunca acaba. ‘Cabeça de colonizado’ vai ‘pra’ praia na certeza de que pau-brasil e palmital nunca acabarão. ‘Cabeça de colonizado’ não vigia Estado Democrático de Direito, imaginando, sei lá, que basta estabelecer uma Constituição e o próprio EDD que tudo se resolve sem grandes esforços.
“Orai, e vigiai!”, já ouviram falar?!
‘Cabeça de colonizado’ é preguiçosa: “... a gente arruma uma boca, tipo ‘Capitanias Hereditárias’, e tudo mais se ajeita”. Abre concurso, apadrinha ‘uma penca’, mantém aposentadorias para B&B, Caixa, militares e magistratura, e foda-se o resto!
“O dinheiro dá”, entende?!
“Não, caríssimo(a)! Dá, não!”. Cobertor minúsculo essa peça de ficção chamada orçamento.
E quando o lugar é pobre (‘Brasil-sil-sil-sil!’), a coisa piora sensivelmente.
O que anda matando em termos de custo da máquina é um trem obsceno que envolve as aposentadorias das “cabeças coroadas”. Citados acima, os cargos de elevado ‘escalão’ são piores que qualquer marajá e/ou monarquia ainda existente no que tange a torrar o dinheiro duramente coletado das atividades ligadas a tal “iniciativa privada”.
É de se avisar: a “iniciativa privada” quebrou, já não anda com as próprias pernas há muito! Mexer numa reforma da previdência (nas três esferas) sem colocar cerca na dinheirama dos “cabeças coroadas” é foder de vez! Os trabalhadores da “iniciativa privada” estão desempregados, fodidos, já não conseguem sequer contar mais com os serviços públicos, uma bosta completa.
Empurrar mais uma continha para as atividades chamadas “da iniciativa privada” é já saber que a porra toda quebra em questão de meses. Não chega em outubro de 2019.
Uma das questões que movimentam os ‘programas de debate’, nos canais abertos, fechados e “Você Tubo” é como o presidente recém-eleito vai lidar com o corporativismo. Brasil é ‘jogo-de-empurra’, “... farinha pouca, meu pirão primeiro...”. E foda-se o próximo!
Católico-cristão, ‘pacas’!
“No cu, jaú!” que o corporativismo “100% made in Brazil” vai entregar a rapadura sem botar ‘pra’ foder. Classe política, populista e babaca, não entrará em ‘bola-dividida’ para perder eleições em breve. Ações necessárias, mas tremendamente impopulares, estão fora de cogitação. Judiciário, que é um outro ente corporativista, nem pensa em partir para o sacrifício “... em ‘prol’ do bem-estar de todos e da nação”. Nem fodendo!
Tudo bem! “Vai quebrar, beleza?!”.
E de um jeito que não vai ter dinheiro para mais ninguém.
Se uns receberem e os demais, não, preparem-se para uma ‘quebra-de-ordem’ que partiu... da... própria governança! ‘Úia!’.
O salário do presidente ‘tá’ garantido, mas o do resto da população, não?! Humm... como gostam de brincar com fogo.
‘Cabeça de colonizado’ é uma bosta, mesmo!
Há o peso, nesses últimos tempos, do empobrecimento mesmo de países ‘considerados’ mais ricos. O mais assustador dos índices, entre os pertencentes à OCDE, é o dos Estados Unidos. Algo aterrador! O que gerou a pergunta presente na abertura da Mercearia dessa semana, feita pelo historiador escocês Niall Ferguson: como podem países ricos entrar, ultimamente, na ‘espiral descendente’?!
As investigações de Ferguson são extensas: recheadas de muitos pormenores numa equação de sétimo grau macabra e forrada de intermináveis variáveis. Em suma, o que daria para afirmar é: onde o dinheiro é escasso, desaparece a ética.
Ética é algo que, por incrível que pareça, todos possuem. Só que uma pessoa enfia a cara em CDs & DVDs piratas, PDFs de livros e demais cópias do que seja, por completa falta de dinheiro. Seria quase como afirmar que “... o dinheiro que uma pessoa tem a faz mais ética do que as demais”.
E há alguma linha de raciocínio pertinente nisso.
Ainda que longe de uma boa explicação para tal, a relação entre ética & finanças rechonchudas acaba por explicar porque nossa cidade, aqui, por essas bandas de cá, tornou-se ‘dinheirista’. Super simples: dinheiro permite ética.
Porque, quando não há bastante para todos, vira ‘terra-de-ninguém’. Questões éticas são postas de lado na busca do acesso ilimitado ao dinheiro. Pessoas passam a ter ‘preço’ e uma vida só vale quando enquadrada na “possibilidade Azevedo Sodré de ser”. Os valores humanos passam por um crise forte diante do desaparecimento de abordagens mais consistente e não tem existência que aguente o tamanho das trombadas que sempre pintam no caminho.
A solução é “flexibilizar” as instituições para: a. ocupá-las; e b. fazê-las instrumento (ou caminho) para o acesso ilimitado ao dinheiro. Como isso gera uma conta, o costume é empurrar o boleto para aqueles que já não possuem muito. O calote sempre se aproximaria a passos largos.
O que o professor-doutor em filosofia Paulo Arantes chama de “rebaixamento”. Nesses casos, pega todo mundo: inclusive os países tidos como ‘ricos’.
Ferguson vai para o caminho da degeneração das instituições ocidentais: seus desmantelamentos garantem que mesmo ‘os ricos’ apresentem problemas sérios para garantir o bem-estar de suas populações. Empobrecimento galopante. Tudo fica muito ruim, mesmo para lugares onde imaginamos rios de dinheiro cortando suas principais cidades.
Em algum ponto, o historiador escocês vai ter de se deparar com uma certa escrotice & escrotidão comum no DNA humano: “... farinha pouca, meu pirão primeiro”. Produzir riqueza em escala global é destruir o planeta e ter como entendimento que toda cabeça “bate no teto”.

Riqueza ilimitada não existe. Enquanto isso fizer parte do imaginário humano, é a dor-de-cabeça que nunca vai embora. Uma assombração perene. Na hora de se resolver problemas, vira um troço: balança tudo! Entra ano, sai ano, e a precariedade só aumenta.



Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 47 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
mas vive mesmo é de escrever e traduzir.
É autor de Areias Lunares
(à venda na Disqueria,
Av. Conselheiro Nébias
quase esquina com o Oceano Atlântico)
e escreve semanalmente em
LEVA UM CASAQUINHO

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