– E agora?
– E agora o quê?
– O que você vai fazer?
– Por que a gente tem sempre que fazer alguma coisa?
– Por que é a ordem natural das coisas. Acaba uma coisa, começa outra.
– Se é assim, a gente não precisa fazer
nada, já qua as coisas simplesmente começam assim que as outras coisas acabam.
– Não enrola. Você sabe do que eu estou falando.
– Não, não sei do que você está falando e gostaria que você me deixasse em paz,
aqui no meu canto. Eu não preciso fazer porra nenhma pra continuar existindo.
Basta continuar respirando, é o suficiente. Será que você é tão idiota que não
percebe isso?
– Você vai acabar se intoxicando, tendo uma overdose.
– De quê?
– De tanto ar entrando pelo seu nariz.
– Não seja estúpido.
– Tudo bem, então diz aí!
– Diz aí o que, porra?
– O que você vai fazer agora?
– Nada, absolutamente nada. Vou ficar sentado aqui, quieto, bem quieto,
respirando…
-Boa sorte, então.
– Obrigado. Abra a janela antes de sair.
JR Fidalgo: um jornalista que tem preguiça de perguntar, um escritor que não tem saco pra escrever e um compositor que não sabe tocar. (mas que, mesmo assim, já escreveu três romances e uma quantidade considerável de canções ao longo dos últimos 45 anos)
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