Friday, April 8, 2016

CAFÉ E BOM DIA #19 (por Carlos Eduardo Brizolinha)


Aproveitei o miolinho de semana como diz Imara, passando Balzac no pão.

O creme foi “A obra-prima ignorada”, conto que narra a história de Nicolas Poussin, um jovem artista em inicio de carreira e seu mestre Porbus, dirigem-se à um atelier de pintura e procuram orientação de um sábio e experiente pintor, dicas de conhecimento e técnicas acerca das artes.

Os dois ouvem atenciosamente os ensinamentos e críticas do grande e experiente artista Frenhofer, acreditam estar diante de um dos mais talentosos pintores de sua época, e o velho, mesmo já tendo vivenciado décadas de vida com trabalhos artísticos reconhecidos e venerados, diz estar em busca da obra perfeita, da melhor pintura que ele poderia retratar em vida, o retrato de uma (sua) mulher imaginária batizada Catherine Lescault, mesmo que tal busca beire a insanidade e autodestruição.

Nicolas Poussin (1594-1665) foi de fato um grande pintor francês classicista, porém o episódio relatado neste conto é puramente ficcional.

Busquei propositalmente postar algumas pinturas de Poussin pelas razões da postagem de ontem, pintura e literatura é uma praia dos Deuses.

Neste texto Balzac mostra todo se conhecimento de arte, e é admirável quanto o autor conhece do assunto, não somente um conto, “A obra-prima ignorada” é ótima aula de Arte.

O amplo conhecimento de Balzac instiga, tanto que estou voando nas citações de Marie Egyptienne, busquei uma síntese biográfica.

Deitei meu olhar em dois pintores fantásticos como Mabuse que não conhecia, Giorgio Barelli.

Mastiguei todo o miolinho.



Como afirma Arlindo Daibert (1995), artista plástico e ensaísta, “palavra e imagem sempre estiveram em contato ao longo da história da pintura ocidental, quer através das legendas e das inscrições da pintura medieval ou do primeiro renascimento; quer de maneira mais sutil e dissimulada, nos títulos que acompanham as pinturas, explicitando, ampliando ou restringindo o poder narrativo das imagens”.

O célebre quadro Ceci n’est pas une pipe [Isto não é um cachimbo], do pintor belga Réne Magritte; a relação entre a poesia do surrealista Murilo Mendes e a obra do artista plástico Ismael Nery; os romances de Graciliano Ramos e os quadros de Candido Portinari; ou, em uma mesma obra, como em The Scallop Shell: “Notre avenir est dans l’air” [A concha de vieira: nosso futuro está no ar], de Pablo Picasso.

Voto por lembrar Baudelaire e Constantin Guys, K. Huysman, Zola, Balzac e mais, buscando na história a origem da relação entre imagem e palavra, chega-se ao pensador e poeta latino Horácio (65-68 a.C.), que teria sido o primeiro a estabelecer a comparação entre essas duas modalidades artísticas, ao afirmar: “como a pintura é poesia”.

Já no século XVII, o pintor francês Charles Alphonse Du Fresnoy aprofundou essa relação: “Um poema assemelha-se a um quadro; deste modo um quadro deveria também assemelhar-se a um poema… Um quadro é muitas vezes considerado como poesia muda; e a poesia um quadro falante”.

No Renascimento, o italiano Giotto usava textos bíblicos como inspiração para seus quadros.

A internet é uma ferramenta maravilhosa para transformar informação em conhecimento sem cobrar débitos intelectuais.

Agradeço demais as dicas de Betty e Salomão, os livros presenteados e os caminhos para acessar informações que me encurtam caminho, como também p belo ensaio da Larissa sobre Arte e Literatura.

Agradeço a Thais pelo livro " A Casa de Papel" editado pela Realejo Livros, que muito em breve estarei lendo.

Café e Bom Dia Para Todos.


Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
é poeta e proprietário
da banca de livros usados
mais charmosa da cidade de Santos,
situada na Rua Bahia sem número,
quase esquina com Mal. Deodoro,
ao lado do EMPÓRIO SAÚDE HOMEOFÓRMULA,
onde bebe vários cafés orgânicos por dia,
e da loja de equipamentos de áudio ORLANDO,
do amigo Orlando Valência.


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