Friday, December 21, 2018

DOIS POEMINHAS (por Germano Quaresma)



POEMA CARTILHA TRISTE

A ira que explode, esse dedo em riste
No escuro d'alma não fazem lume
Embora eu bem tente, nada existe
Que vá desbastar todo o negrume.

Não sou odioso, e nem o ciúme,
O orgulho, ou o fato de eu dar-me aos chistes,
Nada alivia, não há o que aprume,
Devo aceitar tal sina: sou triste.

Mesmo se aparecer alguém que ame,
Que à minha vida proponha ajuste
Virá a tristeza que me consome
Decretar pra todo bem que: "Baste!"

Mesmo que encontre o verso que rime
Tentando um Norte, só irei pra Oeste -
Não há Oriente pra mim. I'm lost.

Tristeza mora em meu peito. E geme.


SONETO DO APOCALIPSE

Jesus subiu num pé de goiaba
Judas subiu foi num pé de figo
Pra se enforcar. Quando vim a naba
No cu do Bozo e dos seuzamigo

Quero nem ver, que esse mundo acaba
Vou rir do azar dos meuzinimigo
Anjo Miguel pega eles e enraba
Com areia no cu - mais num digo.

O bicho vai pegar presses puto
E o mais legal é que é tudo crente
Mais pra mim eles é do cu quente

Tem uns comportamento dissoluto
Eles quer bíblia e odeia alcorão

Trai o país e fode os irmão.



Germano Quaresma, ou Manoel Herzog,
nasceu em Santos, São Paulo, em 1964.
Criado na cidade de Cubatão,
trabalhou na indústria química
e formou-se em Direito.
Estreou na literatura em 1987
com os poemas de Brincadeira Surrealista.
É autor dos romances
A Jaca do Cemitério É Mais Doce (2017),
Dec(ad)ência (2016), O Evangelista (2015)
Companhia Brasileira de Alquimia (2013),
além dos livros de poemas
6 Sonetos D’amor em Branco e Preto (2016)
A Comédia de Alissia Bloom (2014).
Este é seu mais recente trabalho publicado: 



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