Comecei
o ano com a descoberta dum grande filme de temática gay mas muito além dos
clichês e reducionismos desse universo, “Me chame pelo seu nome”, uma delícia
delicada com lindo cenário italiano e não sei o que não é lindo vindo da Itália
me entorpeceu de beleza ostensiva. Sem concessão moralista solto para o deleite
o desejo desabrido e a condução existencial de quem sabe o que quer nesse amor
que agora diz todos seus nomes... Armie Hammer descoberto em sua formosura
diáfana em par com Timotheé Chalamet
lindinho com futuro garantido no cinema internacional me levaram ler a obra de
André Aciman porque um filme casado a um livro provam que se complementam e
reflito que a literatura não é só feita de vanguarda, estilística, mas uma boa
estória algo assim como Somerset Maugham: entretenimento ousado com bom gosto! Encerro
2018 assistindo uma fita familiar a “Me Chame”, uma produção germano-israelense
parecendo saída dum conto tamanho o “timing” literário da obra: “O confeiteiro”
do jovem israelense Ophir Raul Graizer que recomendo veementemente aos
entendidos ou não... esse ano celebramos o centenário de Bergman com a
contextualização de “O Ovo da Serpente” em tempos de Bolsonaro; revi westerns
na hora do recreio da minha vida literária insana: westerns são melhor diversão
para arejar o intelecto já notaram? E eles longe de serem entretenimento burro:
quanta densidade em suas tramas tonitroantes. Mas afinal qual lista básica dum
escritor entre os lidos nesse ano?
Termino o ano deliciado com as memórias de Ney Matogrosso e em 2019 pretendo
ler segundo tomo das reminiscências de Jô Soares, mas saídos de minhas oficinas
literárias e curiosidade pessoal eis 10 que me vêem a mente dentre tantos
contos, novelas, romances lidos, relidos ou resgatados:
1- “City Boy”, de Edmund
White - um painel gay de New York nos anos 60 aos 90
2- “Paris Ocupada”, de
Dan Franck, volume três de uma bela e barata coleção da LPM
3- “Eu e Não Outra”, de
Laura Folgueira e Luisa Destri, uma biografia ligeira de Hilda Hilst
4- “No Café Existencialista”
de Sara Bakewell, um retrato denso de Paris existencialista
5- “Devassos no Paraíso”,
de João Silvério Trevisan, obra prima da historiografia gay brasileira
reeditada e ampliada
6- “Cloro”, romance do
diplomata e escritor Alexandre Vidal Porto
7- “O Imoralista”,
romance clássico de Andre Gide, relançado no Brasil
8- “Numa Terra Estranha”,
de James Baldwin, também reeditado com esmero no Brasil
9- “Poemas”, de T.S.
Eliot, relançado com tradução definitiva em português por Caetano Galindo
10-
“O Mesmo Mar”, de Amos Óz, que nos
deixou no crepúsculo do ano
Li
cerca de um conto por dia, portanto impossível uma lista detalhada: meus alunos
em oficinas não hão de esquecer principalmente de meus favoritos: Lygia
Fagundes Telles, O Henry, Guy de Maupassant, Edgar Allan Poe, Dalton Trevisan, Tchekóv,
Pirandello, Oscar Wilde, Nair Lacerda, Ribeiro Couto, Mário de Andrade, Machado
de Assis, Cortázar, Katherine Mansfield,
Carson MacCullers, Juan Rulfo ..... enfimmmmm
Dedico
esse texto ao colega de site Álvaro Carvalho
Feliz
Ano Novo o que esperamos
Poeta, contista e crítico literário,
Flávio Viegas Amoreira é das mais inventivas
vozes da Nova Literatura Brasileira
surgidas na virada do século: a ‘’Geração 00’’.
Utiliza forte experimentação formal
e inovação de conteúdos, alternando
gêneros diversos em sintaxe fragmentada.
Participante de movimentos culturais
e de fomento à leitura, é autor de livros como
Maralto (2002), A Biblioteca Submergida (2003),
Contogramas (2004) e Escorbuto, Cantos da Costa (2005).
Este é seu mais recente trabalho publicado:
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