Os números são assustadores: 2 milhões de brasileiros
entraram na linha abaixo da miséria em apenas um ano, entre 2016 e 2017. Isso
significa que o país, mesmo com a fraquíssima recuperação iniciada em 2017, ainda
continua andando para trás, consequência das mazelas dilminianas e a omissão de
vários agentes públicos que se mantiveram em silêncio, enquanto Dilma de sua
quadrilha de incompetentes, além de furtar o País, ainda o jogavam na mais
triste recessão de sua história.
Só para se ter uma ideia das tristes estatísticas
divulgadas pelo IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, as
políticas econômicas de Guido Mantega, sempre liderado por Dilma, fizeram com
que 54,8 milhões sobrevivessem com apenas R$406/por pessoa ano, um absurdo. E
desses, 15 milhões conseguem apenas R$140,00, ou seja, são verdadeiros mágicos,
milagreiros ou, como dizia a música, pessoas que comem luz para sobreviver.
Isso num País que se dizia a passos largos para o socialismo. Na verdade,
vivemos, ao longo de dez anos, uma verdadeira falácia, uma mentira. Fomos
enganados descaradamente por marginais que se travestiam de políticos e
incompetentes imorais que viviam protegidos por poderosos indecorosos.
Essa terrível herança que o presidente eleito, Jair
Bolsonaro, receberá dia 1º de janeiro não será fácil de administrar. Não há
tempo para grandes estudos, para grandes projetos e até mesmo para mirabolantes
planos emergenciais. O problema está aí, na cara de todos e a fome não permite
atrasos ou aguardos. Ela exige ação imediata ou corremos o risco de uma reação
terrível. A fome é irracional e incontrolável. Como resolver a situação? Essa
talvez seja a pergunta do milhão de dólares que ninguém, nem a equipe de
Bolsonaro que está para entrar e nem a equipe de Temer que está para sair sabem
responder. Pelo menos, num primeiro momento, seremos obrigados a conviver com
essa mazela que a incompetência e a falta de vergonha na cara produziram.
Paralelamente a isso, precisamos lembrar que Estado
não sabe fazer dinheiro, apenas sabe como gastar. E o mercado não tem coragem
para se autorregular, podendo entrar num processo de autofagia devastador.
Pouco mais de 10 anos atrás, tivemos uma das maiores quebradeiras do mercado
quando o banco Lehman Brothers afundou e quase leva a economia mundial junto.
Foi o maior exemplo da irresponsabilidade de um mercado que não soube dosar as
medidas adequadamente e de um Estado que não se preocupou com o andar da
carruagem, omisso totalmente às ações predadoras de investidores e deu no que
deu. O Estado, no caso o americano, pasmem, não encontrou a regulação adequada.
As grandes vítimas? Como sempre, os mais pobres, os mais desfavorecidos e os
mais vulneráveis. A fome também não tem nacionalidade...
A consequência da quebradeira americana acabou
desaguando aqui em terras tropicais, levando-nos a enfrentar momentos bem
difíceis e ainda não suplantados. Porém, acredito que nosso problema é, antes
de mais nada, moral. Diante de Petrolões e Lava-Jatos, fica difícil para
qualquer um acreditar em políticos ou mesmo administradores. Um bom exemplo foi
o rol de candidatos ao palácio do Planalto. Quase todos tinham um pé na Polícia
Federal e acabou ganhando o único que, pelo menos até agora, não teve seu nome
citado em qualquer denúncia. Não houve qualquer preocupação política do eleitorado,
apenas o desespero de não escolher errado mais uma vez; o desespero da
insegurança das ruas; o medo do aumento, se é que possível, da corrupção.
Diante de quadro tão catastrófico, ainda somos
obrigados a conviver com a petulância, com a arrogância, com o autoritarismo de
quem deveria ser um dos responsáveis pela defesa da democracia e da
Constituição, no caso o Ministro Ricardo Lewandovski, um juiz levado ao poder
por um presidente que cumpre pena e que teve uma carreira medíocre como
advogado. É duro ver um Ministro do STF-Supremo Tribunal Federal, a mais alta
corte do País, mandar prender um advogado que apenas exerceu seu direito mais
rudimentar e simples que é o direito de se expressar. Não há justificativa
suficiente para o gesto do Ministro. Há apenas a confirmação de que os homens
de toga do Supremo vivem em outra esfera, uma casta de privilegiados que agora,
com essa atitude, também não permitem críticas. É, no mínimo, ridículo.
E são esses mesmo Ministros que pouco se importam com
estatísticas como essa do IBGE mostrando o Brasil que eles não conhecem. Tanto
que, na semana passada, deram-se (claro, depois de uma intimada clara e absurda
sobre o Congresso e a Presidência) um aumento de 16% sobre salários de R$ 35
mil. Ou seja, esses nobres senhores chegam quase à casa dos R$40 mil, num País
de 54,8 milhões de cidadãos que vivem com apenas R$406,00 cada um, por mês.
Trata-se de um dos maiores escárnios já feito contra esses milhões de
miseráveis que andam como fantasmas por nossas ruas, por nossas favelas, por
nossos becos imundos. Esses cidadãos (será que podem ser definidos assim?) não
tem direito a nada; nem escola, nem médicos, nem trabalho e nem seguranças. Tem
direito apenas à fome, à miséria e agora, pelo jeito, ao direito final de ficar
com a boca fechada. Adiós.
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