Se Diane Keaton não existisse, teríamos sido privados do sorriso mais envolvente e desconcertante já esboçado por uma atriz em Hollywood.
Convenhamos: não ia ser nada fácil viver sem isso.
Diane Keaton nasceu com o nome Diane Hall -- qualquer semelhança com Annie Hall obviamente não é coincidência -- em Santa Ana, California, há exatos 71 anos.
Estudou artes dramáticas no Santa Ana College antes de seguir para fazer teatro em Nova York.
Fez parte do elenco original de Hair (1968) na Broadway -- mas como era atriz substituta, não foi obrigada a ficar nua em cena como todos os outros integrantes.
Seu segundo papel na Broadway foi em 1970, na montagem original de Play It Again, Sam, de Woody Allen, que foi um grande sucesso.
Foi quando começou seu duradouro relacionamento amoroso e profissional dela com Allen.
Mas enquanto ela mostrava seu talento cômico nas comédias divertidíssimas que Woody Allen realizava na época, Diane brilhava como atriz dramática.
Primeiro como Kay, a mulher de Michael Corneone nos 3 filmes da série O Poderoso Chefão.
E depois no ousado Looking For Mr. Goodbar, de Richard Brooks, onde ela faz uma professora de Educação Infantil que, à noite, circula por boites em busca de sexo sem compromisso com estranhos.
Foi em Annie Hall (1977), de Woody Allen, que ela conseguiu combinar seus talentos dramáticos com sua expertise cômica. Ganhou um Oscar e um Bafta de Melhor Atriz, e saiu na capa da Rolling Stone Magazine com a manchete "Seria Diane Keaton a próxima Kate Hepburn?".
Paralelo a isso, deflagou uma moda mundial de usar roupas masculinas adaptadas a um padrão feminino, em combinações muito peculiares, e se tornou a imagem da garota ideal para muitos homens.
Quando Diane se separou de Allen, ela logo se envolveu com Warren Beatty, e os dois apareceram juntos em Reds (1981), ambiciosas produção dirigida brilhantemente por Beatty.
Diane interpreta a jornalista Louise Bryant, que se envolve com o também jornalista John Reed (Beatty), e juntos seguem para o Oriente Europeu para cobrir a Revolução Russa em 1917.
Depois desse filme, Diane decidiu virar diretora também.
Mas antes de dirigir filmes de ficção, ela preferiu se escolar realizando um documentário chamado Heaven, que recebeu prêmios aos montes pelo mundo afora.
Sua carreira dos anos 80 para cá é surpreendente.
Emplacou grandes sucessos como protagonista em comédias como Baby Boom e O Pai da Noiva, e em dramas contundentes como Crimes do Coração e Shoot The Moon.
Conforme a idade foi chegando, e os papeis como protagonista escasseando, Diane passou a escolher bem seus papeis e se contentar em roubar a cena nos filmes em que era escalada para fazer papeis de coadjuvante.
Seguiu sua carreira como diretora, sempre de olho na cena independente desencadeada pelo Sundance Festival de Robert Redford.
E voltou a brilhar como protagonista recentemente em três filmes deliciosos:
Alguém Tem Que Ceder, onde contracena com Jack Nicholson.
Morning Glory, ao lado de Harrison Ford.
E principalmente Ruth & Alex, onde brilha ao lado de Morgan Freeman como um casal interracial já idoso que repassa uma vida inteira em comum enquanto tentam vender seu velho e lindo apartamento no Brooklyn por não conseguirem mais subir as escadarias sem se cansarem demais.
Sempre que perguntada sobre Woody Allen em relação aos escândalo desencadeado por Dylan Farrow, filho adotivo de Mia Farrow, que o acusava de molestá-lo sexualmente, Diane foi categórica:
"Fui casada com Woody, hoje somos grandes amigos, e o que eu posso dizer a respeito disso tudo é que eu acredito e confio nele e no que ele disse".
Sempre que perguntado sobre Diane, seu ex-marido Warren Beatty faz questão de afirmar:
“Eu adoro Diane. Ela é uma combinação de integridade e humor e inteligência e doçura e... eu mencionei beleza? Sem contar que ela é uma excelente atriz dramática e é dona de um senso de comédia absolutamente único".
Celebramos os 71 anos de Diane Keaton escolhendo seis grandes filmes de sua carreira -- sendo que três foram dirigidos por ela.
Todos eles estão disponíveis nas estantes da Vídeo Paradiso.
EM BUSCA DE MR GOODBAR
(Looking for Mr Goodbar, 1978, 136 min, direção Richard Brooks)
Theresa (Diane Keaton) é uma bem sucedida professora de crianças surdas, mas depois de um curto e infeliz caso de amor ela começa a passar suas noites entre os bares da cidade. Primeiro ela busca por sexo, mas, mais tarde, acaba se envolvendo com drogas, colocando-se em situações cada vez mais perigosas e degradantes, completamente em desacordo com seus compromissos durante o dia com seus alunos. Filme ousado, truculento e contundente, que poderia ter destruído a carreira de Diane Keaton em Hollywood no momento em que foi lançado, mas que serviu para mostrar a todos o quão corajosa ela era como atriz. Brilhante. Indispensável.
A CHAMA QUE NÃO SE APAGA
(Shoot the Moon, 1982, 124 min, direção Alan Parker)
Um casamento de quinze anos se dissolve, deixando o marido, a esposa e seus quatro filhos devastados. O marido (Albert Finney) é um escritor envolvido com sua carreira e sua amante mais jovem (Karen Allen), que de repente descobre que não consegue conviver pacificamente com a nova vida de sua ex-mulher, que está se relacionando com um cara mais jovem também. Enquanto eles tentam seguir caminhos separados, a inveja e amargura os unem, e o resultado é explosivo. Roteiro original sensacional de Bo Goldman (Melvin & Howard) num filme brilhante, mas menos conhecido, da filmografia de Alan Parker. Desnecessário dizer que tanto Finney quanto Keaton estão estupendos em seus papeis.
ASSASSINATO MISTERIOSO EM MANHATTAN
(Manhattan Murder Mystery, 1993, 108 min, direção Woody Allen)
Carol (Diane Keaton), uma dona de casa entediada, cisma que o velhinho que mora ao seu lado matou sua esposa. Obcecada pelo caso, insiste que seu marido Larry (Woody Allen) a ajude a resolver o mistério, mas ele acha que ela está exagerando. O recém divorciado Ted (Alan Alda) resolve ajudá-la na investigação, deixando Larry morto de ciúmes. Woody e Diane brincam de Nick & Nora Charles e de Spencer Tracy e Kate Hepburn num dos filmes mais leves e deliciosos que ele já escreveu e dirigiu.
HEAVEN
(Heaven, 1987, 80 min, direção Diane Keaton)
Nesse curioso documentário com sacadas cinematográficas bem experimentais, Diane Keaton entrevista diversas pessoas a respeito de vida após a morte: se acreditam ou não, e se estão preparados para a existência ou a não-existência dela. Agradável, inusitado, extremamente inventivo e capaz de agradar tanto ateus quanto devotos das mais diversas fés.
HERÓIS DESAJUSTADOS
(Unstrung Heroes, 1995, 100 min, direção Diane Keaton)
Os heróis do título são dois tios muito birutas de um garoto de 12 anos, Steven Lidz (Nathan Watt), que enfrenta a lenta agonia da peça central de sua vida, a mãe (Andie MacDowell), vítima de câncer. O garoto se dá mal com o pai, um cientista excêntrico (John Turturro), quase tão maluco quanto os irmãos. Tio Arthur (Maury Chakyn) é um colecionador obsessivo de bolas de borracha, jornais velhos, peças de bolo de casamento. Ele vive com tio Danny (Michael Richards), um paranóico. Confrontado com a notícia da morte iminente da mãe, Steven foge para a casa dos tios, que mais parece um manicômio, e ali é provido de carinho, brincadeiras e fé religiosa. As imagens são bonitas, sensíveis, e o enredo flui bem. Os diálogos são inteligentes e comoventes, e o saldo final da estreia de Diane como diretora num filme de ficção é altamente positivo. Woody Allen e Warren Beatty certamente gostaram do que viram.
LINHAS CRUZADAS
(Hanging Up, 2000, 94 min, direção Diane Keaton)
Três irmãs (Lisa Kudrow, Meg Ryan e Diane Keaton) têm uma relação de amor, ódio e vida com o telefone. Muito ocupadas, elas raramente se veem. Quando o pai delas (Walter Matthau) adoece, só uma das moças vai visitá-lo no hospital, colocando suas irmãs a par da situação através de incontáveis telefonemas. Diante dessa situação, chega o momento que elas terão que deixar de lado o telefone e as desavenças para se encontrarem. Um drama familiar delicioso, com grandes atuações de todos os envolvidos. Mas é Matthau quem rouba a cena em grande estilo de suas três meninas, em seu trabalho derradeiro no cinema. Elas deixam, claro!
HEAVEN
(Heaven, 1987, 80 min, direção Diane Keaton)
Nesse curioso documentário com sacadas cinematográficas bem experimentais, Diane Keaton entrevista diversas pessoas a respeito de vida após a morte: se acreditam ou não, e se estão preparados para a existência ou a não-existência dela. Agradável, inusitado, extremamente inventivo e capaz de agradar tanto ateus quanto devotos das mais diversas fés.
HERÓIS DESAJUSTADOS
(Unstrung Heroes, 1995, 100 min, direção Diane Keaton)
Os heróis do título são dois tios muito birutas de um garoto de 12 anos, Steven Lidz (Nathan Watt), que enfrenta a lenta agonia da peça central de sua vida, a mãe (Andie MacDowell), vítima de câncer. O garoto se dá mal com o pai, um cientista excêntrico (John Turturro), quase tão maluco quanto os irmãos. Tio Arthur (Maury Chakyn) é um colecionador obsessivo de bolas de borracha, jornais velhos, peças de bolo de casamento. Ele vive com tio Danny (Michael Richards), um paranóico. Confrontado com a notícia da morte iminente da mãe, Steven foge para a casa dos tios, que mais parece um manicômio, e ali é provido de carinho, brincadeiras e fé religiosa. As imagens são bonitas, sensíveis, e o enredo flui bem. Os diálogos são inteligentes e comoventes, e o saldo final da estreia de Diane como diretora num filme de ficção é altamente positivo. Woody Allen e Warren Beatty certamente gostaram do que viram.
LINHAS CRUZADAS
(Hanging Up, 2000, 94 min, direção Diane Keaton)
Três irmãs (Lisa Kudrow, Meg Ryan e Diane Keaton) têm uma relação de amor, ódio e vida com o telefone. Muito ocupadas, elas raramente se veem. Quando o pai delas (Walter Matthau) adoece, só uma das moças vai visitá-lo no hospital, colocando suas irmãs a par da situação através de incontáveis telefonemas. Diante dessa situação, chega o momento que elas terão que deixar de lado o telefone e as desavenças para se encontrarem. Um drama familiar delicioso, com grandes atuações de todos os envolvidos. Mas é Matthau quem rouba a cena em grande estilo de suas três meninas, em seu trabalho derradeiro no cinema. Elas deixam, claro!
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