Wednesday, January 11, 2017

MANGIA CHE TE FA BENE APRESENTA A MELHOR ESFIHA FOLHADA DE SANTOS

por Chico Marques


Antes de entrar no assunto de hoje -- as deliciosas esfihas folhadas servidas no Restaurante AL KABIR --, queria relatar um incidente bastante desagradável que aconteceu comigo um dia desses. Mas primeiro preciso fazer uma breve digressão:

Conheço o Restaurante O BEDUÍNO há mais de 40 anos, desde o tempo em que era apenas uma lanchonete árabe na Avenida Ana Costa. Como tenho parentes de origem árabe, meu paladar foi apresentado aos sabores e aromas da culinária do Oriente Médio desde a mais tenra idade. Com base nesse aprendizado, sempre achei o quibe servido em O BEDUÍNO insosso. E nunca entendi porque os beirutes de lá levam carne de panela em fatias grossas ao invés do rosbife fatiado bem fino da receita original. As esfihas abertas de O BEDUÍNO, no entanto, sempre me pareceram corretas, ainda que anos luz distantes das esfihas que eram servidas numa minúscula casa árabe que existia na Rua Jacob Emerick, em São Vicente -- e mais distantes ainda das esfihas delicadíssimas que minha saudosa tia Maria Samia Simões preparava no fogão de sua casa sempre que a família se reunia.

Pois bem: com o passar dos anos, O BEDUÍNO foi deixando de ser uma lanchonete árabe, e se sofisticou. Acrescentou ao seu cardápio kebabs saborosos, a preços justos (cerca de 20 reais cada), e passou a funcionar também como Buffet Por Quilo, oferecendo opções árabes que trouxeram um novo perfil para a casa. Pena que o valor cobrado (10 reais cada 100 gramas, descabido para um restaurante de cozinha árabe, que utiliza apenas matérias primas triviais) tenha feito dele um opção muito pouco atraente em tempos de crise econômica. Prova disso é que as mesas de O BEDUÍNO andaram meio vazias nos horários de almoço e jantar por vários meses ao longo de 2016. Visando corrigir isso, os proprietários decidiram de alguns meses para cá oferecer o mesmo Buffet também a preços fixos (bastante justos: 40 reais de segunda a quinta, 45 reais de sexta a domingo), e com isso as unidades da Ana Costa, do Miramar Shopping e do Parque Balneário pouco a pouco voltaram a ter clientes ocupando todas as mesas. Eu mesmo virei frequentador assíduo dos três endereços.


E por ser cliente habitual da casa, fiquei indignado com a postura altamente duvidosa do senhor acima -- cujo nome desconheço, sei que é um dos proprietários de O BEDUÍNO -- quando fui almoçar no Miramar Shopping na última quarta (11 de Janeiro de 2017) com minha mulher. Nós dois entramos, montamos nossos pratos e os levamos para a mesa, como habitualmente fazemos. Íamos começar a almoçar quando, para nossa surpresa, o senhor da foto acima enviou uma funcionária até nossa mesa para comunicar que desde a virada do ano aquela unidade não operava mais com buffet a preço fixo -- só as outras duas, do Parque Balneário e da Av Ana Costa, permaneciam funcionando neste formato. Em seguida, a moça nos "convidou" a encaminhar nossos pratos para serem pesados. Não nos explicou o porquê da mudança, nem justificou a ausência de avisos indicativos expostos pela loja com as novas regras vigentes, criando para nós dois um constrangimento considerável -- como se estivéssemos usurpando a casa, ou coisa que o valha. É nessas horas que dá raiva ter recebido uma boa educação de nossos pais. Diante de uma situação cretina como esta, presumo que a coisa certa a fazer seria entregar os pratos no balcão no momento seguinte ao embaraço criado pelo proprietário da casa, virar as costas para ele, e ir embora sem dar satisfações, para almoçar em qualquer outro lugar menos inóspito. Mas não. Mantive a linha e aceitei as regras muito a contragosto, fazendo questão de estampar na minha cara todo o meu desagravo ao tratamento hostil que estávamos recebendo. Sentamos e almoçamos rapidamente para podermos ir embora daquele lugar o quanto antes. E então, pouco antes de encerrarmos, eis que o dissimulado senhor da foto acima nos envia através de uma outra funcionária da casa um patético pratinho de arroz com lentilhas e azeitonas pretas como "cortesia da casa". Recusei a "cortesia" indesejada. Levantamos, paguei a conta (salgadíssima) e fomos embora, para nunca mais voltar àquele lugar.

E é por tudo isso que faço questão de utilizar esse espaço em MANGIA CHE TE FA BENE -- que sempre recomenda bons restaurantes para os leitores de LEVA UM CASAQUINHO -- para não recomendar a vocês sob hipótese alguma O BEDUÍNO como opção para almoço ou jantar.

Não que a comida servida lá seja ruim. Pelo contrário, ela até que é bem razoável. O problema é que casas assim -- que são gerenciadas por empresários que acham correto impor qualquer idiossincrasia que lhes passe pela cabeça à logística de funcionamento de seus estabelecimentos -- são sempre focos de aborrecimentos em potencial para os clientes, que estão alí para comer em paz, não para ser maltratados.

Além do mais, se é para ser submetido a constrangimentos e maus-tratos, conheço maneiras muito mais baratas que esta.


Deixando esse aborrecimento todo de lado, MANGIA CHE TE FA BENE vai agora ao que realmente importa.

E indica as deliciosas esfihas folhadas (de carne e de queijo) e as iguarias sofisticadas do AL KABIR, certamente o melhor restaurante libanês de Santos, que funciona na Rua Jorge Tibiriçá 28, Gonzaga.

Não há absolutamente nada no cardápio do AL KABIR que o desabone. Os proprietários da casa definitivamente não se preocuparam em suavizar nos temperos para que os pratos fiquem menos "etnicos" e mais adequados ao "paladar brasileiro". É uma casa genuinamente libanesa.

Aliás, não há melhor indicativo da qualidade de uma casa de comida típica do que a presença constante nas mesas de membros da comunidade -- e acreditem: é relativamente comum famílias árabes e libanesas fecharem o restaurante para festas familiares.

Todos os sabores e aromas são muito intensos em tudo que sai da cozinha do AL KABIR. O tabule da casa, por exemplo, é inebriante. O quibe cru é, disparado, o melhor da cidade. O homus leva alho e pimenta na medida certa. E a coalhada seca perfumadíssima que eles preparam é de comer de joelhos. Para finalizar, a limonada síria com toques de hortelã e gengibre que acompanha todas essas delícias dá um belo arremate final nesta explosão de sabores.   

O ar condicionado do AL KABIR é bem distribuído pelos ambientes da casa, a decoração é simpática e a iluminação bem sensata.

Os preços são medianos: nem baratos demais, nem caros demais.

Os funcionários da casa são bem treinados e extremamente prestativos -- coisa rara em Santos.

E você não corre o menor risco de ser tratado de forma indigna e de se aborrecer com a mesquinhez e a cutruquice alheias.

Não deixe de conhecer


Reservas: (13) 3289-1093

(confira o cardápio do AL KABIR aqui)


Chico Marques é meio gourmet,
meio gourmand,
e não tolera maus tratos





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