Monday, June 15, 2015

OMAR SY E CHARLOTTE GAINSBOURG BRILHAM NO GRANDE FILME FRANCÊS DA TEMPORADA

por Chico Marques

É inegável que o estrondoso sucesso internacional de "Os Intocáveis" trouxe um novo alento à vocação internacionalista do Cinema Francês, que andava meio combalida nos últimos anos. Desde então, várias produções voltadas para o mercado externo surgiram, ganharam distribuição internacional através de majors americanas e caíram no gosto de um segmento amplo de público -- nos Estados Unidos e no Brasil, em particular -- que há muito tempo não assistia filmes vindos do Velho Continente e não-falados em Inglês.

"Samba" é, certamente, o filme francês mais bem sucedido da safra deste ano. Estrelado pelo mesmo Omar Sy de "Os Intocáveis", conta as desventuras de um imigrante senegalense, que há dez anos trabalha como ajudante de cozinha em um restaurante de prestígio em Paris. Quando está quase sendo promovido a cozinheiro, é pego pela Imigração. Cai nas graças de duas mulheres: a jovem e desencanada Manu (Izia Higelin) e a estressada e inexperiente Alice (Charlotte Gainsbourg), que trabalham para uma organização não governamental que ajuda refugiados e imigrantes, junto ao Departamento de Imigração da França. 
Na cadeia, Samba continua sendo ajudado por Alice, que é muito instável emocionalmente, e tem colapsos nervosos com uma frequência impressionante. Mas Alice pouco a pouco começa a se apaixonar por Samba, que, por sua vez, custa a ver algum atrativo nela. Quando é liberado da prisão, permanece secretamente na França enquanto Alice e Manu tentam conseguir um visto permanente para ele no país. Enquanto isso, sobrevive fazendo trabalhos, como, por exemplo, fazer faxinas e limpar janelas com seu amigo Wilson (Tahir Rahim), um argelino que afirma ser brasileiro, mas não sabe responder qual é a capital do Brasil.

"Samba" é um filme leve e delicado, e oscila entre o drama e a comédia. É calcado num roteiro episódico e repleto de reviravoltas muito bem conduzidas pelos diretores, que se apoiam nas performances carismáticas de Omar Sy e Charlotte Gainsbourg. Todo o elenco de apoio é perfeito, e as cenas de confraternização numa festa entre os funcionários da ONG e os imigrantes ilegais estão entre os momentos mais sublimes e divertidos do cinema francês dos últimos anos. 
O único defeito de "Samba" -- se é que podemos considerar isso um defeito, a essa altura do campeonato -- é trabalhar um padrão de linguagem americano demais e francês de menos. Mas depois do sucesso de "Os Intocáveis", que possui esse mesmo "defeito", vai ser difícil esse padrão não tomar conta de boa parte das produções francesas que estão estreando e das que ainda estão por vir. É algo do qual o cinema francês não abre mão nesse momento.

Para encerrar, não deixa de ser curiosa a predominância de temas musicais brasileiros em filmes franceses dessa safra 2014-2015. "Sexo, Amor e Terapia", uma comédia romântica do ano passado, com Sophie Marceau e Patrick Bruel, usa nos créditos de abertura e de fechamento a canção "Nem Vem Que Não Tem", de Wilson Simonal. Já "Samba" resgata "Take It Easy My Brother Charlie", de Jorge Ben, como canção tema. 

Sinal mais do que claro de que os produtores franceses estão muito agradecidos pela boa acolhida que seus filmes tem tido nas nossas bilheterias aqui.
SAMBA
Samba
(2014 - 120 minutos)

Direção e Roteiro
Olivier Nakashe
Eric Toledano

Elenco
Omar Sy
Charlotte Gainsbourg
Tahar Rahim
Izia Higelin
em duas sessões:
Domingo (15 de Junho) 13:30 horas
Quarta (16 de Junho) 15:30 horas
em breve no circuito comercial 
Festival Varilux de Cinema Francês
Sala 2 do Cinespaço Shopping Miramar









  

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