Moro em Santos, a 70 km da capital. “Subo a serra”, como dizemos, toda semana.
Os assuntos que me levam à capital são muitos: conversas com autores, prospecção de títulos novos para a editora, pré-produção do nosso festival de literatura, a Tarrafa Literária.
Esses encontros acontecem desde cedo até altas horas, às vezes num botequim (porque o livreiro não é de ferro e essas conversas dão uma sede danada!).
Nessas maratonas semanais tenho um aliado especial, Correa, o taxista.
Discreto, caladão com quem não conhece, sabe tudo de São Paulo.
O motorista me ajuda a vencer e chegar em média a umas cinco reuniões por semana em pontos diferentes da capital.
Trabalhamos juntos há quase 15 anos e posso dizer que depois da sua contratação as coisas avançaram mais rápido, sem duplo sentido.
Não guio em São Paulo, me atrapalho com esse labirinto.
Falo pelos cotovelos ao telefone, xereto e-mails e falo em voz alta os planos do dia para o motorista.
Além disso, não me preocupo com estacionamentos ou vagas nas ruas.
E nos dias de botequim volto falando mole em meio a umas “pescadas”, o descanso do guerreiro, hic.
Ficam em Santos a Ana e meus três filhos, a maior com quatro anos, devidamente motorizados.
Nesses dez anos aconteceram muitas histórias, sendo que em algumas delas Correa foi protagonista.
Muitas delas parecem ficção, mas garanto que é tudo verdade.
Apertem os cintos!
José Luiz Tahan, 41, é livreiro e editor.
Dono da Realejo Livros e Edições em Santos, SP,
gosta de ser chamado de "livreiro",
pois acha mais específico do que
"empresário" ou "comerciante",
ainda mais porque gosta de pensar o livro
ao mesmo tempo como obra de arte e produto.
Nas horas vagas, transforma-se
no blues-shouter Big Joe Tahan.
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