Saturday, December 5, 2015

A "BROOKLYN GIRL" DOS SONHOS DE TODO MARMANJO COMPLETA 51 ANINHOS DE IDADE

por Chico Marques

Filha de um advogado e uma professora de Inglês, ambos de famílias italianas, Marisa Tomei nasceu e foi criada no Brooklyn, em Nova York. Quando era menina, sua mãe brigou muito para que ela se livrasse do sotaque italianado bem forte adquirido na escola, com medo que isso a estigmatizasse na vida adulta. Ela foi estudar na Boston University, mas não terminou o curso, pois recebeu um convite para um papel de destaque num novelão da tarde da CBS-TV. Logo a seguir, começou a receber propostas para seguir para Hollywood, onde estreou em 1984 em "Flamingo Kid". Mas foi só em 1992, ao lado de Joe Pesci em "Meu Primo Vinny", que lhe rendeu um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, que Marisa, carregando no sotaque italianado do Brooklyn que sua mãe tanto insistiu que ela largasse, ficou conhecida mundialmente.



Desde então, ela vem encantando marmanjos do mundo inteiro com seu sorriso adorável e papéis surpreendentes. Nunca atingiu o status de estrela. Até por isso, nunca ficou prisioneira das inúmeras comédias românticas que protagonizou. Sempre se sentiu à vontade para ousar, não negando fogo a papéis mais dramáticos em "De Bem Com A Vida" (de Nick Cassavettes), "Bem-Vindo A Sarajevo" (de Michael Winterbottom) e "Entre Quatro Paredes" (de Todd Field), até chegar à da stripper veterana em 'O Lutador" (de Darren Aronofsky), que quase lhe rendeu um segundo Oscar. Marisa, para surpresa geral, aceitou fazer cenas de nudez somente depois de completar quarenta anos de idade, em filmes como "Guerra S.A" (de Joshua Seftel) e "Antes que o Diabo Saiba Que Você Está Morto" (filme derradeiro de Sidney Lumet). Desnecessário dizer que nós, que já éramos apaixonados por ela, ficamos mais encantados ainda.



Aos 51 anos completados no último dia 4 de Dezembro, Marisa segue em ótima forma. Fez papéis de destaque recentemente em filmes como "O Amor É Estranho" (de Ira Sachs) e "Virando A Página" (de Marc Lawrence), e está em cartaz na comédia familiar "O Natal dos Coopers". Acaba de ser cooptada pela Marvel para fazer a Tia Martha na próxima aventura do Homem-Aranha e também na próxima aventura com Capitão América, estabelecendo um link até então insuspeito entre os dois personagens.


Escolhemos 5 filmes não muito conhecidos da filmografia de Marisa Tomei para cantar parabéns e celebrar esta data querida. Em comum entre eles, apenas o fato de estarem todos disponíveis para locação nas estantes da Vídeo Paradiso.








DE BEM COM A VIDA
(Unhook The Stars, 1996, min, direção Nick Cassavetes)  
Mildred (Gena Rowlands) é uma mulher mais velha que passou a vida cuidando de outras pessoas. Quando sua filha (Moira Kelly) finalmente sai de casa, ela acha que não terá com quem mais se preocupar. No entanto, logo ela acaba envolvida na vida de Monica (Marisa Tomei), uma vizinha meio maluquinha que foi abandonada pelo marido, e que pede a ela que tome conta do filho J.J., um menino de 6 anos. A amizade com o garoto, e o breve romance com um charmoso caminhoneiro (Gérard Depardieu) reacendem a chama do prazer de viver para Mildred. Um filme delicioso, onde Rowlands (mãe do diretor Nick Cassavetes) e Depardieu brilham intensamente, e Marisa Tomei rebola para poder contracenar com os dois sem ser engolida por eles. E consegue, com todas as honras. Foi a partir deste filme que Marisa passou a ser levada a sério como atriz, pois até então ela era tida em Hollywood como "aquela garota linda que ganhara um Oscar acidentalmente" (por "Meu Primo Vinny").
EQUINOX
(Equinox, 1993, 110 min, direção Alan Rudolph)
Henry Petosa e Freddy Ace (ambos interpretados por Matthew Modine) são gêmeos idênticos que vivem numa cidade fictícia chamada Empire. Foram separados no nascimento e entregues para adoção, sendo que um não sabe da existência do outro. Henry é um mecanico de automóveis bastante tímido, apaixonado por Beverly Franks (Lara Flynn Boyle), e é babysitter para sua amiga e vizinha Rosie (Marisa Tomei, absolutamente adorável). Já Freddy é o calado e introspectivo motorista de um gangster, Mr. Paris (Fred Ward), e é casado com Sharon (Lori Singer), uma mulher linda e fútil. Um dia, uma funcionária do Morgue local descobre que os dois são na verdade nobres europeus, e que herdaram uma fortuna, e decide rastrear o paradeiro dos dois. A cena em que um descobre o outro em um restaurante a cena final no Grand Canyon são momentos únicos na história do cinema. Alan Rudolph é um diretor simplesmente espetacular, e faz uma falta enorme. Seu último trabalho, "A Vida Secreta dos Dentistas" já tem 12 anos de idade. Está mais do que na hora dele voltar a atrabalhar.
  FACTÓTUM
(Factotum, 2005, 94 minutos, direção Bent Hamer)
Baseado no segundo romance de Charles Bukowski, escrito em 1975. Temos aqui a história de um homem vivendo no limite, de um escritor que está disposto a arriscar tudo para se certificar que sua vida é sua poesia. Henry Chinaski (Matt Dillon) trabalha em fábricas e armazéns para dar suporte ao que realmente gosta de fazer: beber, apostar nos cavalos e, acima de tudo, escrever histórias que ninguém quer publicar. Nessa espécie de odisséia às avessas, ele se envolve com mulheres em situação semelhante à dele -- no caso, Lili Palmer e Marisa Tomei, em papéis contundentes. Um filme muito interessante. Tão bom quanto "Barfly", de Barbet Schroeder, e inferior ao notável "Crônica de um Amor Louco", de Marco Ferreri. Mas todos são dignos representantes cinematográficos do universo "Los Angeles lowdown" bukowskiano.
DANIKA
(Danika, 2007, 90 minutos, direção Ariel Vromen)  
Trabalho demais faz mal à saúde. Pelo menos era isso que pensava a personagem-título, Danika (Marisa Tomei), uma mulher casada, mãe de três filhos e que passou a ter recorrentes alucinações depois de sentir-se estressada no trabalho. A solução, ela imagina, é largar o emprego para dedicar-se exclusivamente ao lar. Mas as alucinações se acentuam, fazendo-a recorrer a uma psiquiatra que fará com que ela reavalie um obscuro passado em busca das causas de seus tormentos. Papel dramático sob medida para o talento de Marisa, que carrega o filme nas costas sem a menor dificuldade.

CYRUS
(Cyrus, 2010, 92 minutos, direção Mark & Jay Duplass)
"Sad Sack" John (John C. Reilly), é um homem que passou dos 40 e ainda não achou sua cara metade. Quando conhece Molly (Marisa Tomei), descobre que ela é a mulher perfeita para passar o resto de sua vida. Mas eis que entra em cena Cyrus (Jonah Hill), o filho engraçadíssimo dela, decidido a sabotar a relação dos dois e a disputar sua mãe com John. Escrito e realizado por Jay e Mark Duplass, responsáveis pelo insólito "Baghead", "Cyrus" tem um olhar perspicaz e engraçado sobre o amor e a família em Los Angeles. Marisa está mais linda do que nunca, como a mamãe adorável do pimpolho ciumento, já numa fase bem mais madura de sua carreira.





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