Saturday, December 12, 2015

NO CENTENÁRIO DE FRANK SINATRA, CONHEÇA CINCO ÓTIMAS ATUAÇÕES DRAMÁTICAS DELE

por Chico Marques


Um olhar preliminar na carreira de Frank Sinatra mostra claramente que a partir do momento em que ele amadureceu como ator, revelando seus dotes dramáticos em papéis bastante densos em vários filmes rodados na década de 50, sua carreira como cantor automaticamente ganhou uma nova dimensão em uma série impecável de grandes discos para a Capitol Records. E o melhor indicativo do enorme talento de Sinatra como ator é que que seus melhores filmes talvez tenham sido justamente aqueles em que ele não cantou.

Após o sucesso de "A Um Passo da Eternidade", de Fred Zinnerman, que lhe rendeu um Oscar de Melhor Coadjuvante, Sinatra começou a ser levado a sério como ator dramático.  Por conta disso, começou a alternar participações em filmes musicais com produções dramáticas, e sempre foi muito criterioso em suas escolhas. Suas performances em filmes como "Meu Ofício É Matar" (1954) de Lewis Allen, "Não Serás Um Estranho" (1955) de Stanley Kramer, "O Homem do Braço de Ouro" (1956) de Otto Preminger e "Só Ficou A Saudade" (1958) de Delmer Daves foram elogiadíssimas e extremamente acertadas. Graças a isso, começou a receber convites para musicais com densidade dramática, como os hoje clássicos 'The Joker Is Wild" de Charles Vidor e "Pal Joey" de George Sidney, ambos de 1957, ambos perfeitos da primeira à última cena.
Sinatra prosseguiu com sua carreira cinematográfica durante os anos 60, apostando prioritariamente em deliciosas comédias musicais ao lado dos amigos Dean Martin e Sammy Davis. Mas por volta de 1967, ele começou a apostar em dramas policiais, e, juntamente com o amigo diretor Gordon Douglas, engatou uma série de três dramas policiais sombrios muito bons. Mas na virada dos Anos 60 para os Anos 70, Sinatra sentiu que seus anos aúreos já tinham ficado para trás. Vendeu sua gravadora Reprise para o Grupo Warner Bros, e, de quebra, aproveitou a deixa para se aposentar das telas. Só voltou a filmar em 1980 porque se encantou com o roteiro de "O Primeiro Pecado Mortal", de Brian J Hutton. Mas foi um único filme. Logo a seguir voltou para a aposentadoria. Sinatra dizia na época que queria se despedir direito do cinema, num belo filme, ainda que em tom menor. Fez bem. 

Para celebrar o centenário de Francis Albert Sinatra, escolhemos cinco de seus melhores filmes dramáticos. Em comum entre eles, apenas o fato de estarem disponíveis para locação nas estantes da Vídeo Paradiso.




DEUS SABE QUANTO AMEI
(Some Came Running, 1958, 137 min, direção Vincent Minelli)
No pós-guerra, o ex-escritor alcóolatra Dave Hirsch (Frank Sinatra) retorna para sua cidade natal em Parkman, Indiana, junto com Ginnie (Shirley MacLaine), uma mulher vulgar com quem ele dormiu e se apaixonou por ele. Em um jantar, Dave reencontra seu irmão, dono de uma joalheiria e um bom cidadão de Parkman, e é apresentado a Gwen French (Martha Hyer), por quem ele fica atraído. Mas, o amor não é correspondido e Dave retorna ao bar local onde conheceu Ginnie. Tanto Sinatra quanto Martin estão magníficos nesse drama poderoso de Vincent Minelli. Claro que Shirley MacLaine rouba a cena dos dois numa performance sensacional. Mas Shirley é Shirley. Não há adjetivos que consigam descrever seu talento.
TONY ROME
(Tony Rome, 1967, 110 min, direção Gordon Douglas)
Tony Rome (Frank Sinatra) é um ex-policial que se tornou detetive particular em Miami, Florida. Ao resgatar uma jovem para a casa do pai dela, um broche de broche de diamante desaparece. Para desvendar o caso, o pai da garota contrata Tony que irá atrás do que aconteceu com a pedra verdadeira, além de ir atrás de um cara misterioso que namorava Ann Archer (Jill St. John), uma ruiva lindíssima que ele conheceu na casa do pai da garota. Ótimo filme de ação, com Sinatra fazendo o tipo desgarrado e desencantado com o mundo ao seu redor que ele tanto apreciava fazer.
CRIME SEM PERDÃO
(The Detective, 1967, 114 min, direção Gordon Douglas)
Quando o filho de um figurão de grande influência política é brutalmente assassinado, um detetive de personalidade forte chamado Joe Leland (Frank Sinatra) recebe o caso. Seu trabalho se torna um desafio maior quando ele precisa convencer todo o departamento de polícia de que não devem levar em consideração a orientação sexual da vítima. Após o colega de quanto do falecido ser condenado, e Leland começar a cuidar de seu próximo caso, parece que os dois casos estão interligados, e que o homem errado pode ter sido punido. Com Lee Remick, Tomy Musante e Jack Klugman no elenco. Um filme elogiadíssimo na época, e que resiste bem ao teste do tempo até hoje.
A MULHER DE PEDRA
(Lady In Cement, 1968, 93 min, direção Gordon Douglas)

Sinatra está de volta no papel do detetive Tony Rome em mais uma aventura em Miami. Desta vez ele é contratado por um bandido (Dan Blocker) para encontrar sua namorada desaparecida. Na tentativa de descobrir o paradeiro da garota, Rome se depara com uma estranha gama de personagens, incluindo um chefão da Máfia e uma linda alcoólatra, Kit Forrest (Raquel Welch), que se torna imediatamente a principal suspeita. O filme dá uma guinada quando o próprio Rome é acusado pelo assassinato. Quem gostou do primeiro filme de Tony Rome, vai gostar deste aqui também. E quem treme até hoje sempre que Raquel Welch começa a tirar a roupa, recomendo um isordil debaixo da língua antes do filme começar.
O PRIMEIRO PECADO MORTAL
(The First Deadly Sin, 1980, 112 min, direção Brian G Hutton)
Sinatra brilha de forma contundente no papel de um policial cansado à beira da aposentadoria que tenta a todo custo desvendar uma série de assassinatos enquanto ainda está na ativa, enquanto sofre com o calvário de sua mulher (Faye Dunaway), que está morrendo lentamente de cancer num hospital de Nova York. Filme belíssimo, em tom menor, com performances inspiradíssimas tanto de Frank Sinatra quanto de Faye Dunaway. Um filme pouco visto, que não chegou a chamar muita atenção quando foi lançado. Mas que merece ser visto e revisto.




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