Friday, December 11, 2015

CAFÉ E BOM DIA #7 (por Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta)

Fiodor Dostoievski por Steve D Hammond


Durante toda a sua permanência na Rússia, Míchkin vai-se deparando com pessoas de todos os tipos, especialmente com gente que crê ser ele portador de uma doença chamada de idiotia (origem do título). 

Todavia, Míchkin não se importa com o que pensam as pessoas as seu respeito. 

Ele trata a todos com muita deferência e consideração, mesmo àquelas que querem tirar proveito dele, especialmente quando sabem que ele receberá a herança prometida pelo amigo. 

Míchkin é um tipo de gente em extinção. 

Ao ler a sua trajetória, ficamos com raiva dele, por ser ele exatamente o oposto do que somos. 

Quando em nossa sociedade o ideal é ter todos os tipos de vantagens mesmo às custas do prejúizo alheio, Míchkin nos ensina sobre o valor do altruísmo e de pensar no outro com nobreza de alma. 

Mesmo sabendo que está sendo abusado, ele trata ao abusador com respeito. 

O ser humano é retratado tal como ele é, cheio de si mesmo e vazio de alma e espírito.

Fiodor Mikaílovich Dostoiévski, perfumando a manhã desta sexta


Virginia Woolf por Roger Fry

O esquema básico do enredo deste livro é muito simples: "Orlando" é um jovem aristocrata inglês do século XVI, na época de Isabel I, com quem acaba por privar. 

Sacha, uma jovem russa, era a sua paixão. 

Mas grandes obstáculos se deparam. 

Orlando, no entanto, tem uma particularidade: por vezes adormece a avança no tempo. 

No século XVIII é nomeado embaixador da Inglaterra em Constantinopla, junto da corte do Sultão. 

Orlando é um jovem de sucesso, tanto financeiro como pessoal; adorado pelas mulheres e respeitado pelos homens. 

Um dia, há uma revolta na cidade. 

Orlando adormece e acorda mulher. 

É recolhida por ciganos e regressa a Inglaterra. 

A viagem no tempo prossegue até Orlando chegar ao século XX com 36 anos.

Desta estória parece-me ser possível extrair uma ideia muito simples, que não exige teses de doutoramento ou análises eruditas: a vida de Orlando é a procura do amor, e o amor não tem tempo nem sexo (género). 

Ser homem, ser mulher, ser jovem ou velho, viver no século XVI ou XX, tudo isso são variáveis que não afetam a busca incessante da felicidade pelo amor. 

Orlando é imortal como o seu amor por Sasha. 

Orlando, mesmo desprovido da sua masculinidade, continua a amar Sacha. 

FEITIÇO DO TEMPO É VOLTAR AO PONTO DE PARTIDA DIANTE DE UMA XÍCARA DE CAFÉ.

BOM DIA.





Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta

é poeta e proprietário da banca de livros usados

mais charmosa da cidade de Santos,
situada na Rua Bahia sem número,
quase esquina com Mal. Deodoro,
ao lado do EMPÓRIO SAÚDE HOMEOFÓRMULA,
onde bebe vários cafés orgânicos por dia,
e da loja de equipamentos de áudio ORLANDO,
do amigo Orlando Valência.





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