Thursday, November 10, 2016

COLUNA SOCIAL COM BARBA E SEM BARBA (uma crônica de Ademir Demarchi)



Em Mossul, segunda maior cidade do Iraque está proibido fazer a barba. A lei foi instituída pelo grupo radical Estado Islâmico e os barbeiros que raspam ou até mesmo aparam as barbas dos homens que desrespeitam a lei também se convertem em cúmplices de um pecado. Já, em Israel, para fazer diferente, está proibido, entre os soldados, deixar a barba crescer, o que era tolerado por motivo religioso. Como os soldados têm sido flagrados fumando, a religião se esfumou com o motivo...

Noutro país de cultura árabe, um grande ímã, professoral e irado avisa os radicais que é proibido cortar cabeças com barba ou sem barba, como andam fazendo, pois “O Corão ordena que quem perpetrou esse ato covarde, que vai contra a palavra de Deus, merece ser morto ou crucificado, ou que lhes sejam amputados os braços e as pernas”... Mas deixa as cabeças em paz...

Já, por aqui, entreouvido numa festa: “Ela inda tem muito ciúme dele...” “Noossaa. Mas ela até já mudou de penteaado...” “Isso... Alisou. Mas teem...” Outra, sabida e psicóloga, diz que encontrou um endocrinologista muito especial que lhe resolveu todos os problemas cortando os ovários, como se fosse barba, mesmo jovem e sem filhos e avisa as “migas”: “a síndrome disfórica pré-menstrual pode acabar com a vida social, afetiva e profissional da mulher”...

Num encontro de escritores falando da vida, um diz: “Ainda bem que inventaram parênteses, colchetes, chaves... Sempre dá pra fechar um e abrir outro...” Num manual de alta ajuda oferecido na banca de livros: “Felicidade vem com prazo de validade e, atualmente, código de barras”. No Facebook, visto no telefone, a modelo singular de gafes plurais filosofa: “As incertezas do presente destrói as oportunidades do futuro”.

Outra dizia que “O amor que falta nos seres humanos sobra em abundância nos animais”, enquanto na Geórgia morriam três funcionários do zoológico e uma mulher, esta após perder o braço para um tigre, quando estavam tentando salvar leões e tigres fugidos após forte chuva.

Saído do cardiologista, o homem à beira de um ataque, com o coração entupido de colesterol, recebeu de uma pessoa toda amorosa a mensagem “Um beijo no coração”.

Um ex-ministro economista olhou para a vitrine de móveis de luxo em liquidação e viu um divã encalhado que o inspirou a relembrar suas últimas palavras sobre a atual crise econômica: “A burguesia está infeliz”. Nem deve estar fazendo a barba de tristeza... É de cortar o coração...

Noticiando que a Toda Santa Igreja Católica de Roma irá fazer o primeiro julgamento de padre pedófilo, alguém relembrou que o líder dela na Polônia, Jozef Michalik, defendeu há pouco tempo que as crianças são parcialmente responsáveis pelos abusos sexuais exercidos sobre elas por padres...

Poucos meses atrás, vários jornalistas se empenharam em demonstrar como o Brasil está atrasado e como são atrasados os deputados que defendem a diminuição da maioridade penal para dezesseis anos, pois noticiaram seguidamente que a Inglaterra, na vanguarda, determinou há 20 anos que a maioridade penal começa aos dez anos de idade...

Deve ser porque a barba está crescendo mais cedo...


Ademir Demarchi é santista de Maringá, no Paraná,
onde nasceu em 7 de Abril de 1960.
Além de poeta, cronista e tradutor,
é editor da prestigiada revista BABEL.
Possui diversos livros publicados.
Seus poemas estão reunidos em "Pirão de Sereia"
e suas crônicas em "Siri Na Lata",
ambos publicados pela Realejo Edições.
Suas crônicas, que saem semanalmente
no Diário do Norte do Paraná, de Maringá,
passam a ser publicadas todas as quintas
aqui em Leva Um Casaquinho







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