Um dos grandes
desafios de se tocar uma Mercearia é entender os valores de tudo o que nos
cerca.
‘Precificação’ é
um exercício quase infernal de se entender, em valores comerciais, o tamanho do
trabalho que deu certo item ter chegado ali, bem diante dos nossos olhos.
O ponto nem
sempre está no valor de aquisição, mas na manutenção do que foi adquirido...
conquistado.
Isso sem contar
que o corpo muda, a cabeça também, o que não tinha a menor relevância antes se
torna crucial agora... dependendo dos tombos e traumas, os medos se tornam
radicais.
O conhecimento
de formas diferentes das nossas é de deixar com o cu na mão: está para nascer
aquele(a) que, no mínimo, não sente algum ‘friozinho na barriga’ ao longo de
uma interação em que ‘o(a) outro(a)’ impreterivelmente soa como ‘certo alguém’
que vem para nos desestabilizar.
Ah, a
alteridade...! Não houve qualquer filosofia que deu conta de assunto tão
fascinante e, ao mesmo tempo, espinhoso.
Porém, fique
tranquilo(a), querido(a) freguês(a): ‘o(a) outro(a)’ (que, para Lacan, não
existia) pode até ser um desafio difícil de decifrar, mas você certamente é
também uma quimera invencível na vida de alguém.
O convívio:
sofisticada arte sedimentada num ‘pós-desastre’ perto do indelével.
O que acaba fazendo
das interações futuras uma espécie de vontade ‘aos trancos e barrancos’ para a
materialização de valores que antes não existiam. Os dois lados, assim, operam
com elementos completamente novos, inusitados, que à primeira vista sempre
parecem indissociáveis.
Entra milênio,
sai milênio, e a questão em torno do valor parece não avançar sobre algum
campo, no mínimo, mais consistente.
Como dito há
pouco, a filosofia não deu conta de estabelecer alicerces mais rochosos quando
o assunto foi o valor. Quem já passou um ano inteiro debruçado sobre uma
estética, por exemplo, como a de Baumgarten, sabe bem o quanto áspero é estabelecer
observações quaisquer com algum valor em mente.
As observações
(ou considerações!) sobre Estética (como uma disciplina da Filosofia) acabam
sempre esbarrando em critérios razoavelmente claudicantes, especialmente quando
a matéria cai no embate eterno entre Ética X Estética. A confusão que acontece
é complexa e eterna mesmo diante de soluções para lá de simples.
Tudo por conta
das considerações necessárias para se entender o porquê certo valor está no
mundo. Temperatura, clima, geografia, escolhas, crenças, língua, etnias,
organizações sociais, um monte de coisas entram na pauta quando se procura
estabelecer algum entendimento sobre o motivo de certo valor ter vindo ao
mundo.
O mais delicado
sobre as questões em torno do valor: entendê-lo em si, como resultado de
experiências prévias, díspares, que cada um possui. Aprender a conviver com
essa diferença, permiti-la. A busca de um senso-comum para que os famigerados
‘julgamentos’ não interrompam a fluência de algo que poderia ser muito bom,
excelente, para tantas e tantas pessoas.
A isso damos o
nome de “boa-vontade”. Sem a boa-vontade, muito pouco vindo da felicidade pode
ser experimentado.
Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 48 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
mas vive mesmo é de escrever e traduzir.
É avesso a hermetismos
e herméticos em geral,
e escreve semanalmente em
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