“Eu nunca broxei”
(Ziraldo Alves Pinto)
Por isso, prefere estar sempre cercado de gente. Quanto mais, melhor. Principalmente se for do sexo feminino.
Bom de copo, de papo, exímio pianista, Maurício é também um ótimo contador de histórias. Histriônico, detalhista e com um timing perfeito para a comédia. A ponto de, inclusive, narrar os próprios fracassos. Coisa rara em se tratando de um publicitário.
Essa passagem é sobre uma de suas aventuras amorosas. Uma que, só para variar, é hilária. Confira.
Maurício se encantou com uma colega de trabalho. Uma beleza de garota. O problema é que, como toda mulher bonita, ela tinha outros admiradores. Às pencas. A concorrência era fortíssima.
Embora charmoso, inteligente e com outras mumunhas, Maurício não pode ser considerado um modelo de beleza. Com boa vontade, dá para o gasto.
Assim, na falta da estética, apelou para a dialética. Bravamente. Transformou a conquista num job. Foi à luta.
Em dois meses, a moça capitulou. Saíram. Depois de muita conversa e alguns drinques num barzinho discreto, foram para o apartamento dele, um quitinete ajeitado.
Versado nos mistérios do amor, Maurício tinha preparado o cenário. Ao abrir a porta, em vez de acender a luz, ligou a chave-geral. Para surpresa da mulher.
Na mesma hora, a voz inimitável de Alberta Hunter atacou os primeiros versos da canção “The love I have for you”. Em seguida, uma lâmpada mágica iluminou a passarela de pétalas de rosas que, sutilmente, indicava o caminho até a cama. Não deu outra. Em cinco segundos estavam nus.
Alguns beijos depois, Maurício percebeu que havia algo errado. Com Ele. Apesar do clima, do enlevo e da beleza do corpo da amante, o soneca se recusava a trabalhar. Por mais que perseverasse, nada. Traído por um velho amigo!
Maurício fez, então, uma coisa absolutamente inesperada. Deu um salto, saiu da cama e, esfregando as mãos , disse, com a maior naturalidade:
"Bom, eu vou fazer um tostex..."
Quando parou de rir, a garota aderiu à idéia.
Carlão Bittencourt
é redator publicitário
e cronista.
É autor de
"Pela Sete - Breves Histórias do Pano Verde"
(2003, Editora Codex),
um mergulho no universo
dos salões de bilhar de São Paulo
e escreve todas as quartas
em LEVA UM CASAQUINHO.
é redator publicitário
e cronista.
É autor de
"Pela Sete - Breves Histórias do Pano Verde"
(2003, Editora Codex),
um mergulho no universo
dos salões de bilhar de São Paulo
e escreve todas as quartas
em LEVA UM CASAQUINHO.
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