por Chico Marques
Quem vê Steve Martin hoje, escrevendo romances e fazendo papéis cômicos mais comportados em filmes bem familiares, não imagina o "wild and crazy guy" que ele era no início dos Anos 70.
Martin surgiu na cena da Sunset Strip em Los Angeles, fazendo performances cômicas musicais completamente amalucadas em bares como o Troubadour e o Whiskey A Go-Go!, onde se apresentava com seu banjo, instrumento no qual é craque.
Rapidamente virou habituée do "The Tonight Show with Johnny Carson", que estava sempre em busca de novos comediantes para abrilhantar os finais de noite da NBC-TV.
Mas o caso é que Steve Martin não se enquadrava direito no formato stand-up, pois era performático demais.
Daí, quando Lorne Michaels lançou o "Saturday Night Live" com um time de comediantes amalucado em 1975, Martin virou frequentador assíduo do programa, e só não entrou para o elenco fixo porque seu empresário e produtor William E McEuen tinha outros planos para ele.
Martin estreou no cinema em 1979 com "O Panaca" (The Jerk), uma comédia rasgada escrita por ele e dirigida por Carl Reiner -- e com o mesmo time, rodou outros três sucessos de crítica e público: "Cliente Morto Não Paga", "O Homem Com Dois Cérebros" e "Um Espírito Baixou Em Mim", que permanecem engraçadíssimos até hoje.
Mas então, em meados dos Anos 80, Steve Martin começou a priorizar produções que o aceitassem não somente como ator, mas também como produtor e roteirista, e com isso, conseguiu suavizar aos poucos sua persona cômica ao encarnar o anti-galã romântico em "Roxanne" ou o meteorologista da TV que conversa com sinais de trânsito na estranhíssima comédia romântica agridoce "L. A. Story".
Curiosamente, Martin nunca quis dirigir filmes.
Preferiu virar teatrólogo e romancista, e apostar em sua banda de bluegrass, que vem gravando discos com muita frequência de uns tempos para cá.
Conforme foi envelhecendo, perdeu o status de protagonista e virou coadjuvante em comédias românticas.
Mas mesmo assim, sempre acaba roubando a cena em qualquer filme que é escalado.
Da última vez que foi escalado para escrever e apresentar a Festa dos Oscars ao lado do amigo Alec Baldwin, fizeram um trabalho tão bom e tão selvagem que nunca mais foram chamados pela Academia para repetir a dose.
No aniversário de 70 anos de Steve Martin, decidimos comemorar resgatando seis de seus filmes menos conhecidos que merecem ser (re)descobertos.
Em comum entre eles, apenas o fato desses filmes estarem disponíveis em DVD e Blu-Ray nas estantes da Vídeo Paradiso.
OS SAFADOS
(Dirty Rotten Scoundrels, 1988, Frank Oz)
Steve Martin é Freddy Benson, um trapaceiro oportunista que viaja pela Riviera Francesa em busca de qualquer chance de obter proveito pessoal. Michael Caine é Lawrence Jamieson, um artista impecavelmente vestido e culto que acredita que Freddy está sujando seu nome na região, e concorda em auxiliá-lo a refinar seus talentos e seu guarda roupa. Mas quando fica evidente que a Riviera não é suficientemente grande para os dois, eles fazem uma aposta para ver quem abocanha a fortuna de uma herdeira americana (Glenne Headly). O vencedor fica com a Riviera, e o perdedor é obrigado a ir embora. Refilmagem melhorada de uma comédia com Marlon Brando, David Niven e Shirley Jones que não era lá grande coisa. Martin está engraçadíssimo, e Caine também.
(disponível em DVD, 110 minutos)
MEU PEQUENO PARAÍSO
(My Blue Heaven, 1991, Herbert Ross)
Vinnie Antonelli (Steve Martin) é um gangster que resolve testemunhar contra a Máfia, Barney Coopersmith (Rick Moranis) é um agente do FBI que tem a missão de lhe dar proteção, mantendo-o incógnito atrás de um novo nome, um novo lar, uma nova vida. Vinnie é excêntrico, amalucado, surpreendentes. Barney é sério, ingênuo, formal. A união deles só poderia render uma comédia hilariante, repleta de confusões e desencontros. Brilhantemente escrito pela craque Nora Ephron e dirigido pelo veterano Herbert Ross, "Meu Pequeno Paraíso" permite a Steve Martin compor um dos personagens mais ensandecidos de sua galeria de tipos absurdos. Um filme engraçadíssimo, pouco conhecido do grande público.
(disponível em DVD, 95 minutos)
L. A. STORY
(L. A. Story, 2012, Mick Jackson)
A vida do homem do tempo da TV Wacky Harris Telemacher está passando por momentos muito estranhos. Ele perdeu seu emprego, seu agente e sua namorada, e agora ele está sendo guiado por um amigável painel luminoso de trânsito numa freeway de Los Angeles. Esta combinação maluca de circunstâncias pode finalmente permitir que Harris encontre a felicidade com a excêntrica jornalista inglesa Sara MacDowel (Victoria Tennant). Mas antes que iniciem um romance, os pretensos amantes decidem organizar a enrolada teia de amantes que deixaram para trás. Um roteiro original de Steve Martin que é uma declaração de amor a Los Angeles, e que, na época, rendeu a ele o apelido de o "Woody Allen de Hollywood Hills". Martin recorre ao mágico e ao surreal para contar uma história de amor corriqueira, numa das comédias românticas mais originais que o cinema americano já produziu. (disponível em DVD, 92 minutos)
DROGA DA SEDUÇÃO
(Novocaine, 2001, David Atkins)
Steve Martin é Dr. Frank Sagster, um dentista renomado que tem a carreira brilhante, a noiva perfeita (Laura Dern), e o mais importante: dentes perfeitos. Até que um dia aparece em seu consultório uma bela morena (Helena Bonham Carter) que oferece um momento ardente em sua cadeira de dentista, fantasia que sua noiva sempre negou. A partir desse episódio, uma mentira leva a outra... e também a um assassinato. Frank acaba enfrentando uma enrascada da qual preovavelmente não conseguirá escapar, mas que certamente servirá para mudar sua opinião sobre o que é mais importante na vida. Martin está sensacional num papel tenso e em tom menor, curiosamente curcunspecto e sem as doideiras habituais. Um filme pouco conhecido que merece ser redescoberto.
(disponível em DVD, 95 minutos)
UMA VIRADA DO DESTINO
(A Simple Twist Of Fate, 1994, Gilles Mackinnon)
Michael McCann (Steve Martin) é um homem misterioso que leva uma vida simples e rotineira. Até que o destino, literalmente, deixa em sua porta uma surpresa: Mathilda, uma garotinha de dois anos de idade. Michael deixa que Mathilda ente em sua casa e também em seu coração. Assim, os dois iniciam uma nova vida como pai e filha, mesmo que ele utilize métodos poucos convencionais para educá-la! Mas, outra virada do destino pretende levar Mathilda, quando seu verdadeiro pai, um poderoso político local, resolve brigar por ela. Irresistível, "Uma Virada do Destino" é um filme engraçado, cheio de surpresas e momentos ternos. Martin está surpreendentemente contido à frente de um papel mais dramático do que cômico. Detalhe: o roteiro do filme é assinado por Steve Martin.
(disponível em DVD, 116 minutos)
A GAROTA DA VITRINE
(Shopgirl, 2005, Anand Tucker)
Baseado no romance best seller de Steve Martin, o filme mostra três pessoas em trajetórias diferentes em busca de um objetivo em comum. Mirabelle (Claire Danes) é uma jovem artista que trabalha numa loja de luvas quase sem movimento na Saks Fifth Avenue em Beverly Hills para sobreviver. Faz milagres para pagar o mínimo do cartão de crédito e o empréstimo estudantil, e vai se mantendo assim até que que um dia se vê atraída por Ray Porter, um cinquentão rico e bonitão (Steve Martin). Mas, ao mesmo tempo, Mirabelle é cortejada Jeremy (Jason Schwartzman), um tipo pouco refinado e sem grana, mas que desperta algo nela. Adaptado para o cinema pelo próprio Steve Martin, ele abre alas para que Claire Danes brilhe intensamente, enquanto Jason e ele fazem escada para ela. Um romance delicioso, que acabou tornando-se um filme igualmente adorável. Se alguém tinha alguma dúvida quanto à grandeza do talento de Steve Martin, a partir de "Shopgirl" não tem mais.
(disponível em DVD, 106 minutos)
sou muito fã do ator STEVE MARTIN
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