Monday, February 27, 2017

O LENDÁRIO POETINHA DE IPANEMA SAÚDA OS SÚDITOS DO REI MOMO E PEDE PASSAGEM


Soneto de Carnaval



Distante o meu amor, se me afigura

O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento.


Seu mais doce desejo se amargura

Todo o instante perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado é uma tortura
Um ciúme do próprio ciumento.


E vivemos partindo, ela de mim

E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
Para a grande partida que há no fim


De toda a vida e todo o amor humanos:

Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo
Que se um fica o outro parte a redimi-lo.



Vinicius de Moraes, in 'Antologia Poética'



Marcus Vinicius de Moraes
(18/10/1913 - 09/07/1980)
poeta, jornalista, compositor,
músico e diplomata
na linha direta de Xangô,
dispensa apresentações.
No poema acima
ele reflete sobre aquele que,
para muitos, é um dia triste.









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