Tuesday, June 6, 2017

CENAS DE UMA TREPADA CONTÍNUA EM VERSOS DE ARMANDO FREITAS FILHO



MADEMOISELLE FURTA-COR



Eu conheço o seu começo:
                ponto e novelo,
meada de mel e langor
                 de lentos elos
que a minha língua lambe
          no calor despido,
no meio das suas pernas:
         anéis de cabelos,
anelos e nós se desmancham
      em nada ou nódoa
por todo o lençol do corpo
           nu e amarrotado:
nós aqui somos todos laços
             e nos rasgamos
devagar – poro por poro;
           rumor de sedas
ou de uma pele toda feita
  de suor e suspiro:
eu soluço a cada susto seu
    que nos dissolve.


Armando Freitas Filho nasceu na cidade
do Rio de Janeiro em 1940.
Jornalista de profissão, começou a escrever
poesia a sério em 1960.
Trabalhou com Estudos e Pesquisas Literárias
no MEC e na FUNARTE entre 1974 e 1994.
Modernista fortemente influenciado por
Bandeira, Drummond e João Cabral,
Armando faz versos repletos de imagens impactantes.
Segue ativo publicando uma nova coleção
de poemas a cada 3 anos.
Em 1986 recebeu o Prêmio Jabuti de Poesia
por seu livro "3x4",
mas sua obra-prima indiscutível é "Lar,"
publicado pela Companhia das Letras
e grande vencedor do Prêmio
Portugal Telecom de Literatura de 2011.
Seus poemas escritos entre 1960 e 2000
estão reunidos num volume indispensável
intitulado "Máquina de Escrever",
publicado em 2003 pela Nova Fronteira.






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